Maior seca em 50 anos opõe setor agrícola e de energia
A seca que atinge os EUA, a maior desde 1956, vem criando tensão entre os setores agrícola e de energia. Em julho, o Departamento de Agricultura considerou calamitosa a situação de mais de mil cidades em 26 estados. Em alguns estados áridos, como Colorado, Texas, Utah e Oklahoma, a produção de grãos convive com a exploração de reservas não convencionais de petróleo e gás. O uso da técnica conhecida como fratura hidraúlica permitiu que a extração desses recursos elevasse a produção doméstica recentemente. O fato é comemorado pelo setor petrolífero e pelo governo, que consideram a atividade vital para a segurança energética do país. O problema é que o método requer o uso de 2 a 13 milhões de galões de água por poço explorado. No caso de gás convencional, o consumo cai para 20 mil galões. Segundo os agricultores, o alto poder financeiro das petrolíferas permite que as empresas vençam os leilões municipais para compra de água. O agravante é que a água usada no processo não pode ser reaproveitada por conter aditivos químicos tóxicos. Como resultado, a baixa oferta de água para os produtores de grãos compromete a safra e inflaciona os preços dos alimentos. Nos últimos dois meses, o preço do milho subiu mais de 50%. Indústrias de processamento de alimentos acreditam que outro vilão seja o estímulo ao etanol de milho. Com aproximadamente 37% da produção nacional da commodity voltada para a indústria de etanol, as empresas pedem a flexibilização das regulamentações de proteção ao biocombustível. Uma demanda é que o governo suspenda mandatos de etanol em períodos de desastres naturais.