Karzai discute permanência militar dos EUA além de 2014
O presidente afegão Hamid Karzai apresentou, no dia 16, os pontos principais de sua proposta para um acordo de permanência das tropas dos EUA no país depois de 2014. A fala ocorreu na tradicional assembleia Loya Jirga, convocada para discutir a relação com os EUA. A Loya Jirga reúne mais de dois mil representantes de todo o país e serve como um fórum consultivo. A assembleia não substitui o Parlamento, que foi restabelecido em 2005 após quase 30 décadas de suspensão, mas tem grande influência sobre os legisladores. O presidente defendeu a parceria com os EUA e com a OTAN, desde que a soberania afegã seja preservada. Reivindicações como o fim da detenção de afegãos e de buscas noturnas em residências, além do desmantelamento de prisões controladas por outros países, foram ressaltadas. Em seguida, Karzai tentou convencer os participantes dos benefícios da parceria de longo prazo, como a continuidade do treinamento da polícia e do exército nacionais. O líder também pediu aos representantes que sugerissem formas de retomar as negociações de paz com o Talibã. As conversas foram interrompidas em setembro, quando um suposto emissário do grupo matou o chefe do Alto Conselho de Paz, Burhanuddin Rabbani. A fala de Karzai não foi bem recebida por funcionários dos EUA em Cabul, que veem as exigências como obstáculos à parceria estratégica. As operações noturnas, muito impopulares entre os afegãos, são tidas pelos militares como essenciais para neutralizar líderes insurgentes. A proibição inviabilizaria parcialmente o objetivo de evitar que o Afeganistão volte a ser um santuário terrorista.