Crise no Egito desafia política externa dos EUA

Nos últimos dias, a Casa Branca mudou o tom de seus pronunciamentos em relação à crise do Egito e anunciou que os acordos de cooperação econômica e militar com o país poderão ser revisados. Desde 1975, os EUA já transferiram ao Egito US$ 28 bilhões em assistência econômica, ao passo que a ajuda militar atinge US$ 1,3 bilhões anuais. Em troca, o governo egípcio mantém uma “paz fria” com Israel, uma posição de mediador árabe no conflito entre judeus e palestinos, e um fluxo contínuo de petróleo para a Europa pelo Canal de Suez. Por conta dessa importância estratégica, os EUA ignoram sinais de corrupção, fraude eleitoral e violação de direitos humanos. Com a intensificação das manifestações populares nas últimas semanas, Barack Obama enfrenta uma escolha difícil: romper com o aliado em nome da democracia ou sacrificar a ideologia em prol da parceria. No início da crise, Washington optara por defender reformas sem pedir a saída do presidente Hosni Mubarak. Com o agravamento da situação, a secretária de Estado, Hillary Clinton, passou a falar em uma transição ordenada, ou seja, a permanência de Mubarak até a realização de novas eleições. A ideia é compartilhada pela União Europeia, mas tem sido rechaçada pelos grupos de oposição egípcios. Com esses grupos divididos sobre a futura liderança no país, os EUA temem que um eventual vácuo de poder seja preenchido por radicais islâmicos. O partido republicano apoiou a Casa Branca por meio de seus líderes no Congresso, mas representantes de peso, como John McCain (R-AZ), defendem maior engajamento para evitar que o extremismo se instale.

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