Wikileaks agita cenário político no norte da África

Acusações de corrupção contra a família do então presidente tunisiano, Ben Ali, reveladas por documentos diplomáticos dos EUA, levaram às ruas milhares de pessoas em janeiro. A repressão violenta dos protestos pelas forças oficiais acirrou o descontentamento popular e arrancou críticas da comunidade internacional, o que resultou na fuga do presidente no dia 14 após 23 anos no poder. As manifestações podem ser vistas como os primeiros efeitos de grande impacto no cenário político internacional em decorrência do vazamento de informações. Líderes árabes temem que o movimento popular tenha um efeito dominó na região. No Egito, um dos maiores aliados árabes dos EUA, conflitos entre a polícia e manifestantes causaram a morte de três pessoas poucos dias depois do levante tunisiano. Os protestos se repetiram hoje e exigem a saída do presidente Hosni Mubarak, à frente do país há 29 anos. Os documentos revelados pelo site também mostram a contradição dos EUA em relação à Tunísia, uma visão possivelmente aplicável a nações vizinhas. Por um lado, o governo era considerado corrupto e autoritário; por outro, aliado no combate ao terrorismo e modelo de estabilidade. A agitação social pode prejudicar a influência regional dos EUA caso enfraqueça governos amigos em países estratégicos no norte da África e no Oriente Médio. Segundo o porta-voz da Casa Branca, Tommy Vietor, os EUA apoiam as reformas e esperam eleições justas e livres na Tunísia, ideia reiterada por Obama no discurso do Estado da Nação em 25 de janeiro.

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