Eleições

O efeito Taylor Swift: a influência das celebridades na eleição presidencial dos EUA

Fonte: FastCompany, com imagens da Casa Branca e Getty Images

Por Carolina Weber* [Informe OPEU] [Eleições 2024]

Nos últimos anos, a interseção entre política e cultura pop se tornou cada vez mais pronunciada, especialmente nos Estados Unidos. Celebridades e artistas, com sua vasta base de fãs e o alcance proporcionado pelas redes sociais, passaram a desempenhar um papel central no discurso político, influenciando o comportamento de milhões de eleitores. A influência das celebridades vai além de simples declarações de apoio a candidatos. Elas estão ativamente envolvidas em questões sociais e políticas que mobilizam e dividem a sociedade. Isso transformou essas figuras públicas em agentes poderosos na moldagem da opinião pública e no incentivo ao engajamento cívico, contribuindo para o aumento da participação política, principalmente entre os jovens.

Sem focar no apoio explícito a partidos ou a candidatos específicos, um estudo da Universidade Harvard, destacou o impacto significativo das celebridades em questões políticas mais amplas. De acordo com o estudo, organizações sem fins lucrativos relataram aumentos expressivos nas taxas de registros eleitorais on-line e nas inscrições para mesários quando celebridades promoviam essas iniciativas. Essas figuras públicas, além de seu carisma e popularidade, têm uma conexão única com a cultura estadunidense, sendo capazes de alcançar e influenciar um público grande e diverso. Com esse poder, elas se tornaram aliadas importantes na defesa de causas cívicas e sociais, operando como plataformas de mobilização política altamente eficazes.

Um dos exemplos mais notáveis dessa dinâmica é a cantora Taylor Swift, cuja trajetória ilustra essa transformação. Durante a maior parte de sua carreira, Swift evitou expressar publicamente suas opiniões políticas. Ao longo da última década, porém, ela se posicionou como uma das vozes mais influentes em questões sociais e políticas, defendendo temas como direitos civis, igualdade de gênero e a importância do registro de eleitores. Sua transformação de uma figura apolítica para uma ativista engajada simboliza a mudança no papel das celebridades na política estadunidense, na qual figuras de destaque assumem o protagonismo em debates críticos.

Essa mudança no comportamento de Swift tem implicações profundas para as eleições. Sua capacidade de mobilizar milhões de jovens eleitores, particularmente por meio de suas redes sociais, pode ter um impacto significativo nos resultados eleitorais. Em uma era em que o voto jovem é frequentemente subestimado e em menor quantidade, celebridades como Swift podem incentivar a participação de um grupo demográfico que, historicamente, apresenta baixas taxas de comparecimento às urnas, mas pode ser decisivo nas eleições de 2024. Com suas postagens amplamente compartilhadas, Swift criou um espaço de engajamento político digital, onde milhões de seguidores são expostos a mensagens cívicas e sociais, gerando debates e influenciando decisões eleitorais.

Taylor Swift incentiva 338 mil pessoas a se registrarem para votar nos EUA  ao declarar apoio a Kamala Harris | Música | G1

Print do Instagram da cantora

É importante reconhecer que nem todos os eleitores são influenciados por celebridades. Muitos afirmam que suas escolhas políticas são baseadas em lealdades partidárias ou em convicções ideológicas, e que o apoio de uma figura pública não alteraria seu voto. Ainda assim, em uma eleição tão polarizada como a de 2024, os eleitores indecisos podem ser a chave para determinar o resultado. Embora representem uma parcela menor, esses eleitores são, justamente, o grupo que as celebridades podem alcançar com maior impacto, oferecendo uma perspectiva que pode afetar sua decisão final.

Um exemplo claro dessa influência em 2024 foi o apoio explícito de Taylor Swift à vice-presidente Kamala Harris, compartilhado publicamente pela artista em suas redes sociais após um debate presidencial histórico. Swift utilizou sua plataforma digital para exortar seus seguidores, principalmente jovens, a se registrarem para votar e a se envolverem no processo eleitoral. Ao fazer isso, ela não apenas expressou seu endosso político, como também destacou questões centrais da campanha, incluindo igualdade de gênero e direitos civis — temas que ressoam profundamente em seu público. Embora muitos eleitores já estejam firmemente alinhados com Donald Trump ou Kamala Harris, a influência de Swift tem o potencial de mobilizar os indecisos e desengajados. O timing e a plataforma de sua declaração foram estratégicos, o que maximizou seu impacto em um momento crítico da campanha. Isso evidencia como celebridades podem moldar o debate eleitoral e direcionar a atenção pública para temas cruciais.

Em suma, a crescente participação de celebridades como Taylor Swift nas eleições presidenciais dos Estados Unidos reflete uma mudança significativa na forma como o engajamento político se dá na era digital. Com plataformas sociais poderosas que utilizam algoritmos para amplificar vozes e conteúdos, e uma conexão direta com milhões de pessoas, essas figuras públicas desempenham um papel crucial na mobilização de eleitores, especialmente os mais jovens e indecisos. Conforme a corrida presidencial de 2024 avança, a influência de celebridades pode ser um fator decisivo no resultado final, mostrando que, no cenário político atual, cultura pop e política estão mais interligadas do que nunca. Seja por meio de declarações públicas, campanhas de registro de eleitores ou debates sobre questões sociais, a presença de artistas no cenário eleitoral reforça a importância do voto como uma ferramenta de mudança e participação democrática.

 

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* Carolina Weber é bolsista de Iniciação Científica do INCT-INEU/OPEU (PIBIC-CNPq), graduanda em Defesa e Gestão Estratégica Internacional do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (IRID/UFRJ). No OPEU, cobre a área política externa e faz parte da equipe do Instagram. Contato: carolinaweberds@gmail.com.

** Primeira revisão: Simone Gondim. Contato: simone.gondim.jornalista@gmail.com. Segunda revisão e edição final: Tatiana Teixeira. Primeira versão recebida em 29 set. 2024. Este Informe não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

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