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Relatório sobre Estratégia de Defesa Nacional 2024 adverte sobre grandes ameaças aos EUA

Crédito: Independent Institute

Por Williams Gonçalves* [Informe OPEU] [Documentos]

Commission on the National Defense Strategy | RANDO Relatório Final da Comissão sobre a Estratégia de Defesa Nacional dos Estados Unidos (Commission on the National Defense Strategy-NDS) é um documento preparado por oito especialistas não governamentais em assuntos de defesa nacional indicados pela liderança do Congresso. A matéria-prima usada por esses especialistas para a produção do relatório é o documento Estratégia de Segurança Nacional (National Security Strategy-NSS), elaborado pela assessoria do presidente da República, em 2022, que o assina. O Relatório Final tem por finalidade avaliar o documento presidencial.

No prefácio do Relatório que o presidente e o vice-presidente assinam, há um chamado aos cidadãos dos Estados Unidos para que se preparem para os sacrifícios que lhes podem ser exigido para lutar pela defesa do país. Ambos afirmam que os cidadãos não estão sendo convenientemente informados por seus líderes a respeito da ameaça que sobre eles pesa. Em suas palavras, a população não sabe que os Estados Unidos estão perdendo o poder e a liderança que exerciam sobre o restante do mundo. E que se faz necessário agir, antes que seja tarde demais, para restaurar esse poder e essa liderança. Essa ação provavelmente se dará na forma de guerra – “as conclusões e recomendações do Relatório são unânimes e refletem o bipartidário chamamento para uma ação urgente”.

De acordo com o Relatório, a situação da defesa dos Estados Unidos se agravou desde que o governo Biden apresentou a Estratégia de Segurança Nacional, em 2022. A contar da Segunda Guerra Mundial, nunca os Estados Unidos foram tão seriamente ameaçados como estão sendo hoje. A cada dia que passa, a situação se torna mais e mais adversa. A sombra da guerra paira sobre o país.

Conforme o documento, China e Rússia são as forças que atuam em conjunto para deitar abaixo a influência que os Estados Unidos exercem sobre o mundo. Os dois Estados, cada qual a seu modo, formaram uma aliança e a estão ampliando com a adesão de outros Estados autoritários, como Irã e Coreia do Norte. A China é o mais perigoso desses Estados que atuam para solapar o poder dos Estados Unidos, pois é aquele que mais investe em tecnologia e em armamentos. Caso a China não seja detida a tempo, alcançará posição proeminente. O controle sobre Taiwan é o fator que pode criar essa situação a qualquer momento, dado que de tal controle resultará uma irreversível vantagem tecnológica na área dos semicondutores.

(Arquivo) China e Rússia, as “ameaças” aos EUA. Na imagem, o presidente chinês, Xi Jinping (à esq.), e seu homólogo russo, Vladimir Putin, reunidos na Rússia em 2023 (Crédito: Gabinete presidencial da Rússia/Wikimedia Commons)

A Rússia não tem a mesma força econômica e o mesmo poder tecnológico da China, mas destina elevado percentual de seu orçamento à defesa nacional e possui cabedal estratégico, espaço e capacidade cibernética. Representa grande ameaça porque encontrou em Vladimir Putin um líder disposto a colocar a Rússia como uma potência de escala global.

Em face desse sombrio diagnóstico, o Relatório faz importantes recomendações:

  • Mobilizar todo o poder nacional para fortalecer o sistema de defesa;
  • A base industrial de defesa deve mudar seu ritmo para trabalhar em estado de guerra;
  • O orçamento para o sistema defesa deve ser aumentado;
  • Forças Armadas e diplomacia devem atuar em conjunto para fortalecer as alianças nas áreas estratégicas, de modo a conter a expansão dos que agem contra os interesses nacionais dos Estados Unidos;
  • Estreitar ainda mais os laços com a OTAN e com países da Bacia do Pacífico para enfrentar o plano russo e chinês de se expandirem nessas áreas;
  • Deter a crescente influência que China e Rússia têm exercido no Sul Global.

Segundo os autores do Relatório, nenhuma dessas medidas pode ser negligenciada para garantir a segurança dos Estados Unidos. A nação não pode mais ser surpreendida com um novo Pearl Harbor.

 

*  Williams Gonçalves é Professor Titular de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos da Escola de Guerra Naval (PPGEM-EGN). Doutor em Sociologia, também é pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre Estados Unidos (INCT-INEU). Entre outros livros, é autor de A China e a nova ordem internacional (Editora Ayran, 2023).

** Revisão e edição final: Tatiana Teixeira. Primeira versão recebida em 25 set. 2024. Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

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