Esforços diplomáticos em Viena em meio à competição sino-americana
(Arquivo) Secretário de Estado americano, Antony Blinken, e conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, em entrevista coletiva após encontro com autoridades chinesas, em Anchorage, Alasca, em 19 de março de 2021 (Crédito: Departamento de Estado/Ron Przysucha/Domínio Público)
Por Rúbia Marcussi Pontes*
Em fevereiro de 2023, o incidente do balão espião tensionou as relações sino-americanas e levou ao adiamento da então planejada visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, à China. Afastados desde então, representantes de alto nível dos Estados Unidos e da China enfim se encontraram e retomaram os diálogos diplomáticos.
O encontro ocorreu entre 12 e 13 de maio e reuniu o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, e o diretor do Escritório de Política Externa e líder da diplomacia chinesa, Wang Yi, em Viena. As conversas entre as delegações duraram mais de dez horas, em uma tentativa de apaziguar o tensionamento diplomático dos últimos meses e de avançar um diálogo construtivo entre as partes, conforme comunicado divulgado pela Casa Branca.
O “encontro de Viena”, como vem sendo referenciado, não foi informado com antecedência à imprensa e não está claro por qual parte foi proposto. Mas há expectativas de continuidade da comunicação bilateral e, sobretudo, de uma possível conversa direta entre Joe Biden e Xi Jinping nos próximos meses, além de encontros entre representantes comerciais e o reagendamento da visita de Blinken à China ainda nesse ano.
Tais expectativas parecem, no entanto, muito elevadas. O encontro bilateral foi, sem dúvida, significativo, mas não desfaz a complexidade da competição sino-americana e antecedeu, em poucos dias, o explícito alinhamento dos membros do Grupo dos Sete (G7), sob liderança estadunidense, contra a China.
(Arquivo) Secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, à margem da cúpula do G20 em Roma, em 31 out. 2021 (Crédito: Departamento de Estado/Ron Przysucha/Domínio Público)
A cúpula realizada pelo G7, no Japão, reuniu representantes do Japão, Canadá, Itália, França, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, União Europeia e convidados como Brasil, Índia, Austrália, Indonésia, Vietnã – além da Ucrânia, que seria um dos tópicos centrais de discussão, além dos demais temas abordados nos documentos publicados.
Como afirmou William Gonçalves em recente Informe publicado no Opeu, o presidente Biden reforçou os laços dos Estados Unidos com seus aliados históricos, especialmente na Ásia, consagrando a estratégia estadunidense dos últimos anos e acentuando uma “política asiática anti-China”, com destaque para as preocupações regionais e estadunidenses de anexação de Taiwan pela China e da crescente presença da Marinha chinesa no entorno indo-asiático.
Também vale observar que a competição sino-americana na seara da informação e tecnologia continuou a se aprofundar logo em seguida ao encontro, com suspensão do aplicativo TikTok – da empresa chinesa ByteDance – no estado americano de Montana e, sobretudo, com a inédita retaliação chinesa, em casa, à produtora de microchips dos Estados Unidos Micron Technology.
Muitos “encontros de Viena” serão necessários para alinhar expectativas em meio à guerra dos chips, em que as duas partes se mostram cada vez mais envolvidas.
* Rúbia Marcussi Pontes é doutoranda e mestra em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora de Relações Internacionais das Faculdades de Campinas (FACAMP) e pesquisadora do INCT-INEU. Contato: rubiamarcussi@gmail.com.
** Revisão e edição final: Tatiana Teixeira. 1ª versão recebida em 29 de maio de 2023. Este Informe não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.
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