EUA e o Resumo do mês (de 1º a 31 de maio de 2022)
Memorial em homenagem às vítimas do tiroteio na escola de ensino básico Robb, em Uvalde, no Texas, em 29 de maio de 2022 (Crédito: Greenpeace USA/Flickr)
Por Equipe Opeu*
– Cada seção está em ordem cronológica
América Latina, por Vitória de Oliveira Callé
** EUA-Chile: Na segunda-feira (2), o secretário de Estado americano, Antony Blinken, parabenizou a mais nova ministra das Relações Exteriores do Chile, Antonia Urrejola, pela posse. Por telefone, conversaram sobre perspectivas para a Cúpula das Américas deste ano, e Blinken aproveitou para reforçar a importância da parceria “crítica” EUA-Chile na promoção dos direitos humanos, da democracia e de resoluções para a questão migratória na região.
Nos dias 3-5, a subsecretária de Estado para Segurança Civil, Democracia e Direitos Humanos, Uzra Zeya, reuniu-se com a ministra Urrejola, em Santiago (Chile), para abordar a colaboração bilateral produtiva. Nas reuniões, a subsecretária destacou o compromisso dos EUA de aprofundar a cooperação com o país em soluções para a crise de migração irregular do hemisfério – com ênfase na crise na Venezuela –, bem como em prioridades de segurança compartilhadas, como o combate ao tráfico de pessoas e ao contrabando de migrantes. Também em conversas com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado chilenos, discutiu-se o avanço da equidade de gênero, caracterizado como “uma prioridade compartilhada para ambos os países”.
Na quarta-feira (4), a subsecretária Zeya anunciou o repasse de US$ 6 milhões em assistência humanitária adicional para refugiados e migrantes venezuelanos e suas comunidades anfitriãs no Chile, somando US$ 26 milhões em auxílio financeiro americano desde o início da crise. Segundo o Departamento de Estado americano, esta assistência se destina a “atender às necessidades dos venezuelanos vulneráveis no Chile e fornecer assistência jurídica, assistência médica, abrigo seguro, kits de higiene e itens básicos de primeiros-socorros, como cobertores e roupas de inverno”.
** EUA-México: Na terça-feira (3), Blinken e o secretário do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Alejandro Mayorkas, reuniram-se com o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard. Antes do encontro, Blinken e Ebrard anteciparam suas expectativas sobre a reunião. “Estamos trabalhando juntos para lidar com o que é um desafio de migração sem precedentes em todo nosso hemisfério e, nesse sentido, em todo mundo, e a colaboração com o México é absolutamente vital”, declarou Blinken. Já Ebrard afirmou que “temos visões sobre o futuro que compartilhamos. É sobre democracia, prosperidade nas Américas. Vemos a próxima cúpula [das Américas] como um local muito positivo para compartilhar essas visões sobre o futuro”.
Segundo a nota emitida pelo Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês), Mayorkas revelou a pretensão de pôr fim à autoridade da política migratória Título 42 (Title 42, no original) até 23 de maio, política essa iniciada pelo governo Donald Trump durante a pandemia da covid-19. Nesse sentido, Mayorkas e Ebrard discutiram estratégias para lidar com o consequente aumento do fluxo migratório esperado pela queda das restrições da Título 42. Ebrard manifestou sua preocupação com a proposta e possível futuro: “Não vamos deixar (…) o México se tornar um país por onde qualquer um pode passar”. As conversas enfatizaram ainda o potencial de desenvolvimento econômico, criação de empregos e investimento estrangeiro na Guatemala, em Honduras, em El Salvador e em outros países da região para impulsionar uma solução duradoura para o desafio de décadas da migração em todo hemisfério.
(Arquivo) Mayorkas e Ebrard se encontram no México, em 14 mar. 2022 (Crédito: Assessoria do Ministério mexicano das Relações Exteriores)
Em entrevista coletiva na quarta-feira (4), porém, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, criticou os Estados Unidos, afirmando que não têm feito o suficiente para ajudar a conter a migração na América Central, e pediu aos EUA que aumentem o investimento na região.
** EUA-Cuba: Na segunda-feira (6), o Departamento de Estado anunciou que certas restrições impostas a Cuba durante a Era Trump serão flexibilizadas. Entre as medidas em trâmite estão a restauração de voos para outras cidades cubanas além de Havana, a redução de entraves para o envio de remessas monetárias para cubanos e a ampliação do número de vistos para cidadãos cubanos que desejam migrar.
A limitação anteriormente fixada na quantia de US$ 1.000 por trimestre para as remessas de dinheiro entre familiares dos países será suspensa, e se permitirá que cidadãos cubanos que residem nos EUA possam enviar doações para a ilha sem que sejam para familiares, como “apoio para empreendedores cubanos independentes”. Também será implementado o Programa de Liberdade Condicional para Reunificação Familiar Cubana (CFRP, sigla em inglês), que expandirá os serviços consulares na ilha, assim como as viagens autorizadas entre ambos os países. Além disso, serão retomadas algumas categorias de viagens educacionais em grupo, bem como certas viagens relacionadas a reuniões profissionais e pesquisas.
A nota do governo americano afirma, contudo, que viagens de “pessoa a pessoa” não serão restabelecidas. E reforça que continuará “a pedir ao governo cubano que liberte imediatamente os presos políticos, respeite as liberdades fundamentais do povo cubano e permita que o povo cubano determine seu próprio futuro”.
Apesar de a resolução da administração Biden se voltar para as medidas instauradas pela Presidência de Barack Obama, de uma gradual e histórica reaproximação dos Estados Unidos com Cuba, a realidade atual se revela aquém, na comparação com à anterior gestão democrata. Na terça-feira (17), o vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba, Carlos Fernández de Cossio, afirmou em rede televisiva que “a política dos Estados Unidos em relação a Cuba continua sendo uma política de hostilidade e de bloqueio econômico (…)”. Também criticou a exclusão de Cuba da Cúpula das Américas que acontece em junho, em Los Angeles. Em suas redes, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, complementou: “O conteúdo do anúncio confirma que nem os objetivos nem os principais instrumentos da política fracassada dos Estados Unidos contra Cuba mudaram”. O presidente López Obrador também defendeu Cuba, declarando que o embargo econômico dos EUA sobre Cuba é uma “política genocida”.
** EUA-Venezuela: Na terça-feira (17), agências de notícias como a Reuters e a Agence France-Presse (AFP) informaram que os EUA analisam flexibilizar sanções contra o petróleo venezuelano. Segundo as fontes, a medida autorizaria a retomada dos negócios da empresa petrolífera estadunidense Chevron Corporation com o governo da Venezuela. Essa providência se daria apenas sob concomitantes diálogos com a oposição do governo Nicolás Maduro, com os quais autoridades estadunidenses pretendem fazer consultas.
(Arquivo) Plataforma offshore do poço Perla 1X, do Projeto Cardón IV, na Venezuela, em 12 dez. 2008 (Crédito: Repsol/Flickr)
Desde as conversas iniciadas entre os países em março, a revisão do embargo à Venezuela revela as pretensões de reaproximação dos EUA com o país sul-americano ante a crise do preço do petróleo internacional gerada pela guerra na Ucrânia e pelas sanções impostas sobre a energia russa. A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, expressou em suas redes suas expectativas sobre o futuro das relações bilaterais: “A Venezuela espera que essas decisões dos Estados Unidos da América abram o caminho para o levantamento total das sanções ilegais que afetam todo nosso povo”.
** Drogas: Na quarta-feira (11), o subsecretário de Estado para Assuntos Internacionais contra Narcóticos e Aplicação da Lei, Todd D. Robinson, acompanhou a subsecretária do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Serena Hoy, para uma reunião com autoridades mexicanas na Cidade do México. O encontro ocorreu sob o entendimento de necessidade urgente de ações bilaterais para prevenir a produção e o tráfico de fentanil e outros narcóticos perigosos na região. Nesse sentido, debateu-se possíveis estratégias de desmantelamento das redes de tráfico de drogas por meio de “tecnologias inovadoras”. Discutiu-se, ainda, os esforços conjuntos para demonstrar o impacto da cooperação EUA-México em segurança e possíveis melhorias na segurança das fronteiras, como modernização e infraestrutura.
** Brasil-Cúpula das Américas: Na terça-feira (24), o presidente Jair Bolsonaro recebeu o enviado especial do governo dos EUA para a Cúpula das Américas, Christopher Dodd. Na semana anterior (18), o chanceler Carlos França ainda não havia confirmado a presença de Bolsonaro na nona edição do evento, afirmando que a situação estava em análise. “Ainda não há uma definição”, disse o ministro.
A demora da resposta brasileira sobre a viagem à Cúpula evidencia o distanciamento da administração de Bolsonaro do atual governo democrata nos EUA. Postura esta ilustrada, entre outros pontos, pelo apoio de Bolsonaro ao ex-presidente americano Donald Trump e pelo fato de ter sido o último presidente do G20 a reconhecer a posse de Biden.
Ante as incertezas sobre a ida de diversos líderes do continente ao evento, o comparecimento do Brasil ganha ainda mais importância para a não frustração da Cúpula sediada nos Estados Unidos. Reconhecendo a liderança do Brasil na América Latina e sua voz no hemisfério, o governo americano tornou a confirmação da participação do país na reunião uma das prioridades da agenda do evento, enviando, assim, Dodd para dialogar com Bolsonaro. “Com um foco singular na Cúpula”, após se reunir com Bolsonaro no dia 24, Dodd reforçou o interesse pela presença brasileira no evento. “Como um dos parceiros mais importantes dos EUA na região, o que fazemos em conjunto com o Brasil faz a diferença (…) O Brasil tem muito a contribuir com esses temas para os líderes de toda região que estarão presentes na Cúpula, e valorizamos muito a voz do Brasil (…)”. O assessor especial da Casa Branca também convidou Bolsonaro para um encontro com Joe Biden, o primeiro desde a posse do presidente estadunidense.
Na quarta-feira (25), o jornal O Globo noticiou que o Ministério das Relações Exteriores confirmou que Bolsonaro comparecerá à Cúpula das Américas, em Los Angeles. Também foi acordada uma reunião bilateral Brasil-EUA entre os dois presidentes durante a Cúpula das Américas, que ocorrerá de 6 a 10 de junho.
** EUA-Bahamas: Na segunda-feira (30), o primeiro-ministro das Bahamas, Philip Davis, criticou o governo dos Estados Unidos pela falta de políticas efetivas para combater o tráfico de armas na região do Caribe. Segundo fontes da agência Reuters, mais de 90% das armas apreendidas em casos de assassinatos nas Bahamas são de fabricantes americanos. O premiê Davis afirmou que os EUA podem fazer mais para prevenir este fluxo ilegal de armas de fogo: “considerando que não queremos nos envolver em sua questão doméstica do direito de portar armas, estamos preocupados que os compradores de armas não estejam comprando apenas para portar, mas sim para exportar e traficar”.
China e Rússia, por Carla Morena e João Bernardo Quintanilha
** EUA-ASEAN: O governo Biden anunciou, na quinta-feira (12), um novo pacote de desenvolvimento de US$ 150 milhões para os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). O anúncio foi no primeiro dia da Cúpula Estados Unidos-ASEAN que, pela primeira vez, aconteceu em Washington. Em seu discurso, Biden disse que foram discutidos temas como a luta contra a covid-19, mudança climática, energia limpa e cooperação marítima. Em outubro de 2021, Biden já havia anunciado US$ 100 milhões para fortalecer a cooperação entre os Estados Unidos e os países da ASEAN. Este novo pacote reforça ainda mais a centralidade que a região Indo-Pacífica tem para o atual governo americano.
Em pronunciamento, o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Zhao Lijian, enfatizou que “a China e a ASEAN não buscam jogos de soma zero, ou pressionam a confrontação entre blocos. A China agradece a todas as iniciativas de cooperação desde que elas promovam desenvolvimento sustentável e prosperidade na região”. Sobre a iniciativa dos EUA, acrescentou: “Você pode se perguntar se essa iniciativa dos Estados Unidos é para conter a China. De minha parte, quero dizer que ambos, Estados Unidos e China, são países da Ásia-Pacífico. Não tem motivo para não compartilharmos aliados regionais”.
** Rússia-Finlândia-Otan: Em meio à expectativa de oficialização do pedido finlandês de entrada na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), os presidentes finlandês, Sauli Niinisto, e russo, Vladimir Putin, conversaram no dia 14 sobre a mudança do posicionamento político do país escandinavo. Para o Kremlin, “tal mudança na orientação política do país pode ter impactos negativos nas relações russo-finlandesas desenvolvidas ao longo dos anos sob um espírito de boa vizinhança e de cooperação entre parceiros”. Mesmo após a conversa, o posicionamento finlandês não se alterou.
(Arquivo) Presidente Sauli Niinistö recebe Putin na Finlândia, na entrada do Hotel Punkaharju, em 27 jul. 2017 (Crédito: Juhani Kandell/Gabinete do presidente da República da Finlândia)
No domingo (15), a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, e Niinisto anunciaram a oficialização do pedido. A resposta do governo russo foi a suspensão da concessão de energia para o território finlandês. Moscou também declarou que vê a candidatura finlandesa como uma ameaça e que “será forçada a tomar medidas recíprocas, técnico-militares e outras, para responder às ameaças resultantes”.
Com a oficialização do pedido de Suécia e Finlândia à entrada na Otan, o governo russo reiterou seu posicionamento de que a iniciativa escandinava não ajudará no equilíbrio da região, além de, segundo o Kremlin, ser um “grave erro”. No dia 16, segunda-feira, o vice-ministro do Ministério russo das Relações Exteriores, Serguei Ryabkov, declarou que “o nível geral das tensões militares aumentará”. Disse ainda que “é uma pena que o senso comum esteja sendo sacrificado por ideias fantasiosas sobre o que deveria ser feito na atual situação”.
Pouco tempo depois, no dia 18, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, reuniu-se com seu homólogo sueco, Peter Hultqvist, sobre o possível aumento da presença da Marinha americana na região do Mar Báltico. Percebe-se que a declaração russa não estava longe da realidade.
Na quinta-feira (19), o presidente Biden se comprometeu a acelerar a adesão de ambos à Otan. Em seu discurso, feito ao lado do presidente Sauli Niinisto e da primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, Biden ofereceu grande apoio para as duas candidaturas, enfatizando as parcerias militares já ocorridas e elogiando ambos os países por suas instituições democráticas e pela transparência econômica. Para o presidente americano, “[Suécia e Finlândia] atendem a todos os requerimentos da Otan, e mais. E ter dois novos membros da Otan no extremo-norte vai aumentar a segurança da nossa aliança e aprofundará nossa cooperação de segurança na região”.
Em discurso na cúpula da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), o presidente Putin reagiu afirmando que a expansão da Otan para esses países não representa uma ameaça direta à Rússia, mas que a expansão e a infraestrutura militar para esses países pode deflagrar uma resposta. O tipo de resposta, de acordo com Putin, “será decidida dependendo da ameaça criada contra nós”.
** Rússia-França-Alemanha: Em um telefonema com os líderes de França e Alemanha, Putin denunciou a venda de armas para a Ucrânia e culpou as sanções ocidentais pela continuidade das incertezas em torno das comercialização de grãos e de suprimentos agrícolas provenientes dos dois países protagonistas do conflito. Da parte ocidental, o francês Emmanuel Macron e o alemão Olaf Scholz tentaram conseguir a abertura do porto de Odessa, cidade portuária no Mar Negro, para possibilitar a comercialização de grãos. Preocupados com a segurança alimentar do Ocidente, os países europeus acusaram o líder russo de utilizar a fome como arma de guerra na invasão da Ucrânia.
** Quad-China: Na recente reunião do Quad, um grupo não institucionalizado das principais potências do Indo-Pacífico (EUA, Índia, Japão e Austrália), lançou-se um projeto de vigilância marítima para os mares da região do Pacífico, visando a diminuir atividades navais irregulares na região. A Parceria Indo-Pacífica para a Vigilância do Domínio Marítimo entra, apesar de não explicitamente, no projeto americano de contenção da projeção marítima chinesa na região, já que há uma grande quantidade de barcos e navios não autorizados realizando iniciativas econômicas em Zonas Econômicas Exclusivas (ZEEs) de outros países. Em resposta, o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Webin, declarou que a construção de grupos e o “empilhamento de blocos é a principal ameaça a uma ordem marítima pacífica, estável e cooperativa”.
** EUA-Ucrânia-Rússia: No dia 31, o presidente Biden concordou em fornecer à Ucrânia sistemas de artilharia de foguetes de longo alcance, depois de Kiev dar “garantias” de que não usará os sistemas de mísseis para atacar cidades russas. Esses sistemas fazem parte de um novo pacote de armas de US$ 700 milhões para a Ucrânia, que também incluirá munição, radares contrafogo e de vigilância aérea, além de mais mísseis Javelin antitanque.
** Rússia-Inflação: Nesse mesmo dia, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que a economia russa conseguiu controlar a inflação. Dados recentes demonstram que, no último mês, a inflação foi quase inexistente, já com tendências deflacionárias. Algo que poderia ser visto com bons olhos em contextos habituais, alguns analistas já tomam esses dados como um sinal de piora previsível dos resultados econômicos russos. Muitos afirmam que, se o cenário de deflação se concretizar, a economia russa entrará em uma recessão grave.
Defesa e Segurança, por Maria Manuela de Sá Bittencourt
** EUA-Japão: Na quarta-feira (4), o secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, e o ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi, reuniram-se no Pentágono com o objetivo de estreitar ainda mais a aliança entre os dois países. Segundo Austin, esses interesses e valores estão “sob ataque”, e é de extrema importância que ambos trabalhem em cooperação contra as ameaças emanadas de Rússia, China e Coreia do Norte. Também expressaram a vontade de aprofundar o Quad.
** EUA-Coreias: Nesse mesmo dia (4), a Coreia do Norte lançou um míssil balístico sobre as águas a leste, gerando preocupação na Coreia do Sul, no Japão e nos Estados Unidos. Em entrevista coletiva no dia seguinte (5), o secretário de Imprensa do Pentágono, John Kirby, disse que o secretário Lloyd Austin conversou por telefone com o ministro da Defesa Nacional da República da Coreia, Suh Wook. A ligação teve o objetivo de discutir o lançamento de mísseis e outras questões de defesa, além de reafirmar o compromisso dos EUA com a defesa dos sul-coreanos.
Economia e Finanças, por Ingrid Marra e Marcus Tavares
** EUA-Inflação: Para além da pandemia, o grande desafio do Banco Central estadunidense será conter a inflação crescente. Na terça-feira (3), o ex-presidente do Fed (Federal Reserve) de Nova York Bill Dudley disse à emissora CNN que há baixa possibilidade de controlar as taxas inflacionárias sem gerar um comportamento recessivo na economia. Uma das estratégias ortodoxas de controle de inflação passa, também, pelo aumento da taxa de desemprego, o que diminui o consumo de entidades econômicas e pressiona os preços para baixo. O mercado de trabalho dos EUA experimenta, entretanto, um momento de superaquecimento, com expectativas de recuperação de todos os empregos perdidos durante a pandemia da covid-19. O atual presidente do Fed, Jerome Powell, acredita, por sua vez, que é possível atingir a estabilidade de preços novamente, além de manter o mercado de trabalho em crescimento mediante algumas medidas monetárias, como o aumento das taxas de juros e a diminuição dos gastos do balanço de pagamento público.
** EUA-Emprego: Ao mesmo tempo, 4,5 milhões de estadunidenses pediram demissão em março. De acordo com os dados do Escritório de Estatísticas Trabalhistas, as áreas mais afetadas são os setores de serviços profissionais e empresariais, além da construção civil, chegando a 3%. Os números parecem estar relacionados com a volta da rotina de trabalho presencial, e a demissão, ligada à contratação por trabalho remoto. Ainda que o mês de março tenha números impressionantes de abertura de vagas de emprego, chegando a 11,5 milhões, o número de pedidos de demissão parece acompanhar a crescente.
Outros números também são impressionantes. No mês de março, por exemplo, duas posições foram abertas a cada trabalhador desempregado, o que faz os especialistas denominarem o mercado de trabalho como “apertado”. Além disso, ainda que muitas novas posições sejam abertas, a distribuição de abertura de postos é desigual: muitas novas aberturas em setores como transporte e estoque, enquanto setores como hotelaria, lazer e educação permanecem desproporcionalmente apertados.
Fonte: Escritório de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos.
** EUA-Sindicatos-Amazon: Na quinta-feira (5), o presidente Joe Biden se reuniu com o organizador do novo sindicato da Amazon, Christian Smalls. A secretário de Imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, participou da reunião para demonstrar suporte na causa trabalhista. Disse, entretanto, que a Casa Branca não se envolverá em disputas trabalhistas individuais. Recentemente, trabalhadores da filial da Amazon em Nova York votaram para participar do Sindicato Trabalhista da Amazon, que hoje é liderado por Smalls. A votação terminou desfavorável à criação da sindicalização.
No dia 6, um representante da Diretoria Nacional de Relações Trabalhistas (DNRT, ou National Labor Relations Board, em inglês) disse acreditar que a Amazon violou leis federais, ao realizar reuniões obrigatórias na filial de Nova York para desencorajar a sindicalização. Nessa mesma linha, o Sindicato Trabalhista da Amazon (Amazon Labor Union, em inglês) de Staten Island anunciou que funcionários estão sendo ameaçados de desligamento, em caso de sindicalização. As alegações partiram de queixas de funcionários e de áudios da reunião gravados e compartilhados com a agência de notícias Reuters. Na semana anterior (26/4), o senador Bernie Sanders (I-VT) solicitou a paralisação de todos os contratos federais com a Amazon, enquanto a companhia não encerrar as atividades ilegais contra a sindicalização.
** EUA-Sindicatos-Starbucks: Na mesma semana da reunião com a Amazon, a rede de cafés Starbucks pediu um encontro com a administração Biden para enfatizar que a maioria de seus funcionários não quer fazer parte de um sindicato. Ao mesmo tempo, membros da DNRT entraram com uma queixa oficial com alegações de má conduta e de violação de direitos trabalhistas estadunidenses. Das 240 filiais da Starbucks que estão no processo de votação para sindicalização, mais de 50 decidiram se juntar à organização sindical Workers United, enquanto somente cinco votaram contra a medida.
** EUA-Remédios: Grandes conglomerados comerciais — como Target Corp, CVS Corp e Walgreens Boots Alliance — estão com problemas na cadeia de suprimentos de fórmulas infantis, chegando a uma diminuição de até 40% dos estoques. Após o recall de grande parte da produção do produto por conta de infecções infantis, um dos principais fornecedores está com dificuldades de suprir toda demanda do mercado de fórmula. A iniciativa começou com a Walgreens, que limitou o número de produtos por compra para três. Logo em seguida, a CVS tomou a mesma iniciativa. A empresa Kroger está com limitação de compra de quatro por comprador, enquanto a Target impôs limitações nas compras on-line.
** Musk-Assédio: A Tesla sofreu uma queda de 6,4%, atribuída à denúncia contra Elon Musk de uma ex-funcionária da SpaceX (empresa também de Musk) de assédio sexual em 2016, conforme noticiado pelo site Insider. Na época, os advogados da empresa ofereceram um pagamento de US$ 250.000 por seu silêncio. O presidente da área Legal da SpaceX se recusou a comentar o ocorrido.
** FMI: Na quinta-feira (19), a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou que líderes de finanças globais precisam estar preparados para lidar com pressões inflacionárias. Pelo aumento da dificuldade de bancos centrais de diminuir as taxas de inflação sem criar novas recessões (principalmente por pressões nos setores de alimentos e de energia), é necessário alterar a percepção da inflação — hoje considerada apenas transitória. Especialmente por novas demandas nas cadeias globais de suprimentos e pelos desdobramentos do conflito na Ucrânia, é necessário unir a economia global, afirma o Fundo, como maneira de enfrentar esses novos desafios econômicos.
(Arquivo) Georgieva, ainda no Banco Mundial, na cerimônia de abertura da conferência de mudança climática da Polônia, em 3 dez. 2018 (Crédito: ONU/Flickr)
** Criptomoeda: Após o colapso da criptomoeda TerraUSD e da queda generalizada de criptomercados, o setor está pressionando áreas do governo, por meio de lobby, chegando a US$ 9 milhões em 2021. No Congresso, o número de lobistas saltou de 115, em 2018, para 320, em 2021. Entre os principais lobistas, estão Coinbase, Ripple Labs e Blockchain Association, que investiram mais de US$ 2 milhões nos últimos três anos.
Os ativos criptografados ainda não são devidamente regulamentados, representando riscos sistêmicos à estabilidade financeira dos mercados e não são vistos como dispositivos confiáveis. Para além dessas questões de funcionamento, criptoativos não representam a democratização dos meios de pagamento, como prometido: 0,01% de todos os proprietários do Bitcoin, por exemplo, têm controle sobre 27% de toda a criptomoeda circulante.
** EUA-Indo-Pacífico: Em sua mais recente visita ao Japão, no dia 23, o presidente Biden anunciou que os Estados Unidos iniciaram negociações com 12 países, com o fim de desenvolver uma nova estrutura econômica para a região do Indo-Pacífico. Os países da região teriam como objetivo formar um bloco econômico, além de fornecer um sistema integrado de alerta antecipado para interrupções na cadeia de suprimentos. Também tem como intenção incentivar indústrias a se descarbonizarem e oferecer às empresas estadunidenses parceiros confiáveis na região. O alinhamento com parceiros asiáticos com o fim de diminuir a importância chinesa para a economia americana ocorre concomitantemente a contestações internas em relação à abordagem do governo Biden na China.
** EUA-China-Tarifas: Os debates sobre a abordagem econômica dos Estados Unidos em relação à China têm como pano de fundo a busca por uma saída do quadro de rápida inflação vivenciado pelos americanos. A secretária do Departamento do Tesouro, Janet Yellen, argumenta que o conjunto completo de tarifas serviu pouco para o propósito estratégico. Por esse motivo, poderia ser, pelo menos parcialmente, suspenso para aliviar o ônus financeiro sobre empresas e consumidores. Funcionários de alto escalão do governo, como alguns dos principais assessores da Casa Branca e a representante comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês), e grupos trabalhistas argumentam que a remoção das tarifas — implementadas para punir a China por suas práticas econômicas — constituiria um desarmamento unilateral. Executivos da comunidade empresarial reclamaram da falta de clareza, o que, segundo eles, dificultou a decisão de continuar investindo na China.
Os desafios para o enfrentamento de práticas comerciais chinesas se tornaram mais difíceis em meio à invasão da Ucrânia pela Rússia. Com Pequim se alinhando a Moscou, Biden espera o desenrolar dos eventos na Ucrânia. Além disso, com as eleições de meio de mandato se aproximando, alguns funcionários do governo se preocupam com que a remoção das tarifas tornaria os democratas vulneráveis a ataques políticos.
** EUA-Bancos: De acordo com o relatório emitido pela Corporação Federal Asseguradora de Depósitos (CFAD) no dia 24, os lucros dos bancos estadunidenses caíram por volta de 6,5% no primeiro quadrimestre de 2022, ou o equivalente a US$ 59,7 bilhões. Comparado ao mesmo período de 2021, a queda representou 22,2%. O presidente da CFAD, Martin Gruenberg, diz que as pressões inflacionárias, as altas taxas de juros e a alta volatilidade geopolítica podem ser alguns dos motivos para a queda brusca de lucratividade do setor.
Como resultado, registra-se a diminuição da provisão de liquidez para empréstimos para o primeiro quadrimestre de 2022, ainda que o setor tenha tido um aumento de solicitações de 1% no período. Em compensação, o último relatório da Associação de Finanças e Locação de Equipamentos demonstrou um aumento de 7% nos empréstimos para financiamento de equipamentos fabris em relação ao mesmo período de 2021. Companhias emprestaram o montante de US$ 10,5 bilhões, comparados a pouco mais de US$ 9 bilhões no ano passado.
** EUA-Fed: Após a reunião decisória das políticas monetárias do Fed, no dia 25, seu presidente, Jerome Powell decidiu aumentar meio ponto percentual na taxa de inflação de curto prazo. Diversas autoridades americanas se alinham com Powell na decisão de fazer da diminuição da inflação a prioridade econômica máxima.
Powell participa da entrevista coletiva no FOMC, em 27 jul. 2022 (Crédito: Fed/Flickr)
Espaço, por Ingrid Marra
Na sexta-feira (13), foi assinado um acordo bilateral entre Estados Unidos e Grã-Bretanha referente a futuras colaborações em viagens espaciais comerciais, de modo a garantir oportunidades de crescimento para empresas de ambos os países. O acordo conta com a negociação de licenciamento para lançamentos espaciais comerciais, de modo a garantir benefícios na área de segurança, meteorologia, serviços de televisão e até mesmo na área de transportes.
Meio Ambiente e Energia, por Lucas Amorim
** Investimento-Lítio: O Departamento de Energia informa que US$ 3,1 bilhões serão disponibilizados para iniciativas que busquem ampliar a produção doméstica de baterias de íon de lítio e outros componentes majoritariamente utilizados para a produção de carros elétricos. Os recursos são oriundos da Lei de Infraestrutura Bipartidária assinada pelo presidente Joe Biden em novembro de 2021. A iniciativa tem o objetivo de tornar 50% da frota de veículos dos Estados Unidos elétrica até 2030.
** Sanções-Urânio: A secretária americana de energia, Jennifer Granholm, afirmou, no dia 5, que os Estados Unidos país devem garantir fontes alternativas de urânio, recurso energético do qual a Rússia é grande exportadora. A secretária não descarta uma proibição completa da importação de urânio russo como mais uma ferramenta de pressão econômica em represália pela invasão da Ucrânia. Nem todos os aliados dos EUA, como o Japão, por exemplo, estão, no entanto, plenamente preparados para aderir às sanções energéticas. O ministro japonês da Indústria, Koichi Hagiuda, declara que, devido aos limitados recursos energéticos do país insular, não será possível acompanhar as medidas americanas e europeias.
** EUA-Justiça Ambiental: Na mesma data, o procurador-geral americano (cargo equivalente ao de ministro da Justiça e chefe do Ministério Público combinados), Merrick Garland, anunciou uma série de medidas que colocam a justiça ambiental no centro da agenda governamental. Entre elas, está a criação de um Escritório de Justiça Ambiental, no âmbito do Departamento de Justiça (DoJ, na sigla em inglês). O novo órgão terá como missão investigar e punir empresas que, por poluição industrial, tenham prejudicado comunidades periféricas e predominantemente formadas por minorias étnico-raciais.
** EUA-Amazônia: No dia 9, grupos indígenas e ambientalistas brasileiros solicitaram ao governo americano que garanta financiamento direto para a conservação da Amazônia. Mais de 330 organizações e empresas assinaram uma carta em apoio à criação de um fundo de US$ 9 bilhões a ser administrado pelo Departamento de Estado para a conservação de florestas e absorção de carbono em países em desenvolvimento. A carta foi enviada para autoridades americanas, entre elas, o presidente Joe Biden; a presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi; o secretário de Estado, Antony Blinken; e membros do Comitê de Relações Exteriores da Câmara. A chance de passagem da lei pelo Congresso é exígua, visto que os democratas têm precárias maiorias em ambas as Casas.
** Kerry-Clima-Ucrânia: No dia 10, o enviado americano para o Clima, John Kerry, alertou que o prolongamento da guerra na Ucrânia pode dificultar o atingimento de metas climáticas. Segundo ele, o acordo climático alcançado no ano passado, na COP-26, teria “enfrentado dificuldades significativas para ser alcançado”, se as circunstâncias geopolíticas fossem as atuais, mas que ainda é possível cumprir seus termos. A dificuldade em cumprir os termos do acordo se deve ao fato de os países terem de reconsiderar a dependência em relação ao petróleo de grandes produtores como a Rússia. O próprio governo Biden ampliou a produção de petróleo e gás em terras administradas pelo Departamento do Interior.
** EUA-Incêndios: Os riscos representados pela mudança climática se tornam cada vez mais evidentes nos Estados Unidos. Se antes o risco de queimadas descontroladas era restrito à Costa Oeste — especialmente Califórnia, Novo México e Colorado —, regiões do Meio-Oeste e da Costa Leste se encontram cada vez mais expostas a esse tipo de catástrofe. Um levantamento divulgado no dia 16 pela organização sem fins lucrativos First Street Foundation alerta que, de 140 milhões de imóveis no país, 80 milhões passaram a ter algum risco de exposição a incêndios descontrolados. Segundo o diretor-executivo da ONG, Matthew Eby, o risco de incêndio florestal é muito mais prevalente do que os pesquisadores esperavam antes de criar o modelo. De acordo com o advogado especialista em direito ambiental Jacob H. Hupart, é provável que empresas considerem esse tipo de dado para fins de planejamento corporativo e de seguro, à medida que se torne essencial se adaptar aos riscos associados às mudanças climáticas.
** EUA-Poluição: Por meio do Departamento de Energia, o governo federal americano lançou, no dia 19, uma iniciativa bilionária para captura de poluição atmosférica por gás carbônico. O programa contará com US$ 3,5 bilhões de financiamento por meio da Lei Bipartidária de Infraestrutura, com o objetivo de estabelecer hubs regionais para a captura direta de CO2 atmosférico. De acordo com a secretária de Energia, Jennifer Granholm, “o último relatório climático da ONU deixou claro que remover a poluição atmosférica por carbono por meio da captura direta do ar e do armazenamento seguro é uma arma essencial em nossa luta contra a crise climática”. O Departamento de Energia afirma que a captura direta é um processo que separa o CO2 do ar ambiente. O carbono é, então, armazenado permanentemente no subsolo, ou convertido para uso em produtos de longa duração, como concreto, que impedem sua liberação de volta para a atmosfera.
** EUA-China-Clima: No dia 24, os representantes climáticos de Estados Unidos, John Kerry, e China, Xie Zhenhua, reuniram-se às margens do Fórum Econômico Internacional, em Davos, na Suíça. Em declaração à imprensa, os enviados anunciaram que haviam feito avanços em relação à construção de um grupo bilateral para a negociação de medidas com fins de mitigar a mudança climática. Os esforços imediatos se concentram no combate a vazamentos de metano, um dos gases mais prejudiciais ao esforço climático, e na transição para matrizes energéticas 100% livres de carvão. A reunião é a primeira desde que ambos se encontraram na COP26, no ano passado, em Glasgow, na Escócia. Lá, apresentaram uma declaração conjunta que foi interpretada por especialistas como um importante sinal na luta conjunta para manter o aumento médio de temperatura em até +1,5ºC neste século.
(Arquivo) O então secretário de Estado dos EUA, John Kerry, cumprimenta o enviado especial chinês para Mudança Climática, Xie Zhenhua, antes do encontro bilateral às margens da COP21, em Paris, em 8 dez. 2015 (Crédito: Departamento de Estado dos EUA/Domínio Público/Flickr)
** EUA-Clima-G7: Outro importante compromisso internacional envolvendo John Kerry aconteceu no dia 27, às margens do G7, fórum que reúne as sete maiores economias avançadas (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido), além de representação coletiva da União Europeia. Os membros do grupo anunciaram a intenção de zerar a emissão de gases de efeito estufa na geração de energia elétrica até 2035. Esse compromisso indica que é altamente improvável que os países continuem utilizando energia termelétrica à base de carvão após 2030. Os países também se comprometeram a tornar o transporte sobre rodas “altamente descarbonizado” até 2030 e a ampliar a ajuda aos países em desenvolvimento para a transição energética.
** EUA-Marinha: A semana também foi marcada por importantes desenvolvimentos ambientais domésticos nos Estados Unidos. A Marinha americana anunciou, no dia 24, um plano para reduzir as emissões de gases de gases de efeito estufa de sua frota em até 65% até 2030, assim como de se tornar neutra em emissões de carbono até 2050. O plano se dará, principalmente, pela eletrificação de sua frota de veículos.
** EUA-Petróleo: O governo federal americano não descarta proibir, ou restringir, a exportação de petróleo bruto, tendo em vista o choque nos preços dessa commodity causado pela guerra russo-ucraniana. O anúncio, feito no dia 24 pela secretária Jennifer Granholm, desmente informação anterior de que essa opção estava fora de cogitação pelas autoridades do país. Especialistas duvidam, no entanto, de que essa política seja levada adiante. A posição das empresas americanas como exportadoras líquidas fazem dessa opção algo politicamente indesejável. Matéria na revista de divulgação científica Science alerta que a pretensa posição de autossuficiência energética dos EUA é, na verdade, um mito. Por mais que não dependa de importações de petróleo russo, o país fica vulnerável a choques externos, pois se encontra integrado aos mercados internacionais do produto.
** EUA-BBB: O pacote legislativo Build Back Better, proposto pelo presidente Joe Biden e aprovado pela Câmara dos Representantes no final do ano passado, havia sido considerado definitivamente um fracasso, após a indicação de que seu correligionário John Manchin (D-WV) não iria votar favoravelmente a ele no Senado. Apesar disso, as negociações continuam para que ele seja reformulado e aprovado, com uma redação menos ambiciosa, de acordo com o senador Sheldon Whitehouse (D-RI). O pacote contava com estímulos fiscais a fontes limpas de energia, um imposto sobre emissões de metano e estímulos à produção de carros elétricos. Algumas provisões do plano original já foram adotadas, embora também de forma menos ambiciosa, na chamada Lei Bipartidária de Infraestrutura, como recursos para infraestrutura de transporte urbano coletivo e ampliação da rede ferroviária.
Migrações, por Isabella Tancredo
Na terça-feira (17), cidadãos cubanos comemoraram a notícia de que o governo Biden estaria planejando restringir as políticas de imigração adotadas na pandemia. Segundo o presidente, o governo se responsabilizaria por aumentar serviços consulares das fronteiras americanas e, nos próximos dias, seriam publicados novos regulamentos sobre programas migratórios. Isso acabaria, por sua vez, com as expulsões de migrantes decorrentes da Title 42, imposta por Trump. Com essa medida, o governo Biden poderia, ainda, restaurar algumas iniciativas de Obama relacionadas com a área.
Após essa declaração de Biden, políticos e autoridades estaduais começaram a se pronunciar sobre a decisão. O juiz distrital Robert Summerhays, de Louisiana, manifestou-se contra a posição de Biden e ordenou que a Title 42 continue em vigor, enquanto um processo levantado por Louisiana, Arizona e mais 22 estados fosse debatido no tribunal. Robert e os representantes dos outros estados afirmam que o governo não instituiu um plano efetivo acerca da saúde pública relacionada com a questão imigratória, portanto, não estão preparados para lidar com essa problemática e seus efeitos. Em decorrência disso, a vigência da Title 42 continua em debate, e não há uma decisão clara sobre sua suspensão, ou permanência.
A chamada Title 42 foi adotada por Trump em março de 2020, durante a pandemia, e se trata de uma medida de saúde pública que permite a expulsão de imigrantes nas fronteiras americanas com o México. Com base nela, milhões de pessoas já foram detidas e expulsas em áreas fronteiriças.
Oriente médio, por Haylana Burite
** Ataque-Israel: Na quinta-feira (5), em nota à imprensa, o Departamento de Estado americano condenou veementemente o ataque terrorista ocorrido na cidade de Elad, em Israel, que deixou três mortos e quatro feridos.
** Irã: No sábado (7), o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã confirmou a visita do vice-secretário-geral do Serviço Europeu de Ação Externa, Enrique Mora, para reaver as negociações de restauração do acordo nuclear do Irã com potências mundiais. Elas foram paralisadas há meses, devido às disputas ideológicas acerca de questões cruciais para os países envolvidos, em especial Estados Unidos e Irã. A principal delas se refere à suspensão do termo “Organização Terrorista Estrangeira”, ao se tratar da elite do Corpo da Guarda Revolucionária do Irã.
** EUA-Síria: Ainda no sábado, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, adiou uma visita prevista para segunda-feira (9) à fronteira Síria-Turquia, mas irá a Bruxelas para uma conferência da União Europeia sobre o futuro da Síria. As presentes discussões sobre a crise humanitária na Síria ganham destaque em virtude dos debates sobre a possível intervenção russa na fronteira de Bab al-Hawa, única rota entre Síria e Turquia que permite a passagem de assistência humanitária.
** EUA-Catar: No dia 9, o Departamento de Estado comemorou a inauguração da nova Embaixada americana na capital do Catar, Doha, em sinal de aprofundamento das relações entre os dois países.
Inauguração de nova embaixada americana em Doha (Crédito: Departamento de Estado dos EUA)
** EUA-Ajuda-Síria: Na terça (10), os Estados Unidos anunciaram nova assistência humanitária no valor aproximado de US$ 808 milhões para a Síria. Tal financiamento eleva a ajuda total do governo americano, desde o início da crise de 11 anos, para quase US$ 15 bilhões.
** EUA-EI-Síria: Já na quinta-feira (12), o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA emitiu uma Licença Geral da Síria 22, autorizando atividades econômicas específicas em certas áreas não controladas pelo governo Bashar al-Assad no nordeste e no noroeste do país Síria. Segundo nota do Departamento de Estado, “essa nova autorização apoia a estratégia do governo Biden de derrotar o Estado Islâmico, promovendo a estabilização econômica em áreas liberadas do controle do grupo terrorista”.
** G7-Afegãs: Ainda no dia 12, o G7 condenou as restrições impostas às mulheres e às meninas afegãs e, como foi anunciado em nota de imprensa, o G7 faz “eco de nossa declaração conjunta, juntamente com a Noruega, de 24 de março, e pedimos ao Talibã que tome medidas urgentes para suspender as restrições a mulheres e meninas”.
** Israel-Palestina: No dia (13), sexta-feira, o Departamento de Estado publicou uma nota de imprensa sobre o assassinato de Shireen Abu Akleh, renomada jornalista palestina da rede Al-Jazeera. Ela foi baleada durante missão em Jenin, na Cisjordânia. Em um comunicado, o secretário Antony Blinken afirma que “Ficamos profundamente a abalados ao ver as imagens da polícia israelense invadindo seu cortejo fúnebre”.
** EUA-Iêmen: Sobre o cessar-fogo na guerra do Iêmen, os Estados Unidos parabenizam o voo ocorrido, na segunda-feira (16), entre Sana’a, no Iêmen, e Amã, na Jordânia, o primeiro voo comercial de Sana’a desde 2016, e “encorajam as partes a aproveitarem esta oportunidade para avançar em esforços de paz mais amplos em favor do povo iemenita”.
** EUA-Turquia: Na quarta (18), representantes de Estados Unidos e Turquia se reuniram em Nova York, no âmbito do Mecanismo Estratégico EUA-Turquia para reafirmar sua forte cooperação como parceiros e aliados da Otan. Em nota divulgada, o Departamento de Estado afirma que ambos os países “estão empenhados em trabalhar em conjunto para enfrentar os atuais desafios geopolíticos”.
** EUA-Líbano: O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos emitiu, no dia 19, novas sanções relacionadas ao Hezbollah, incluindo o empresário libanês e facilitador financeiro Ahmad Jalal Reda Abdallah e sua rede de associados e empresas, sob a Ordem Executiva (EO) 13224. Já na sexta-feira (20), os EUA se manifestaram sobre as eleições parlamentares no Líbano, congratulando-as por “terem sido realizadas no prazo e sem grandes incidentes de segurança”.
Política Doméstica, por Augusto Scapini
** EUA-Aborto: No dia (2), um rascunho de opinião da Suprema Corte, escrito pelo juiz Samuel Alito, foi publicado pelo site POLITICO. O documento, que foi circulado entre os membros da Corte no mês de fevereiro, aparenta antecipar a decisão da instituição de reverter o precedente definido pelo caso Roe v. Wade, de 1973, que garantiu o direito das mulheres ao aborto. Citando valores morais e religiosos, Alito afirma que esse direito não é previsto pela Constituição e não é refletido pela “história e tradição” americanas, reclamando, também, dos intensos debates e discussões que a decisão provocou em meio à sociedade.
No dia seguinte (3), o juiz presidente da Corte, John Roberts, confirmou a veracidade do documento e requisitou uma investigação para encontrar a fonte do vazamento, o qual chamou de “uma traição da confidencialidade” da instituição. Afirmou ainda que o documento não representa a decisão final da Corte. Já a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e o líder da maioria no Senado, o senador Chuck Schumer (D-NY), reagiram à notícia em um pronunciamento conjunto, no qual acusam os juízes conservadores de “mentirem para o Senado” e “rasgarem a Constituição”, ao votarem a favor da reversão do precedente.
** EUA-Primárias: No dia 3, foram publicados os resultados preliminares das eleições primárias, ou primaries, nos estados de Ohio e Indiana. Segundo análise do site FiveThirtyEight, todos os candidatos republicanos endossados por Donald Trump ganharam, ou lideram, a contagem dos votos, demonstrando o poder e a influência que o ex-presidente ainda exerce na política doméstica. Entre eles, destaca-se o candidato J.D. Vance, que disputará a vaga do Senado com o democrata Tim Ryan nas eleições gerais. No lado dos democratas, é destacada a vitória da representante Shontel Brown, que conquistou o apoio do presidente Joe Biden.
Para mais leituras: o jornal da CNN acompanha as notícias das eleições primárias nos estados e analisa quais serão os impactos dessas para as eleições gerais.
** EUA-Invasão: Em 12 de maio, o Comitê da Câmara de Representantes responsável pela investigação da invasão ao Capitólio, ocorrida em 6 de janeiro de 2021, intimou cinco republicanos membros da Câmara a darem depoimento, após se recusarem a cooperar voluntariamente. Entre eles, estão Kevin McCarthy (Califórnia), Jim Jordan (Ohio), Scott Perry (Pensilvânia), Andy Biggs (Arizona) e Mo Brooks (Alabama). Segundo Liz Cheney, republicana que faz parte do Comitê, a decisão de intimar os colegas de partido foi necessária para o progresso da investigação, apesar de os representantes em questão não terem anunciado se vão cooperar com a investigação, ou se vão entrar com recurso contra a intimação. Brooks ainda chegou a acusar o Comitê de praticar uma “caça às bruxas” contra seus inimigos políticos.
Para mais leituras: o site de notícias POLITICO analisa a importância da decisão do Comitê e suas táticas para quebrar a falta de cooperação dos aliados de Trump.
** EUA-Imprensa: No mesmo dia, o presidente Biden anunciou oficialmente que Jen Psaki, secretária de Imprensa da Casa Branca, será substituída por sua vice, Karine Jean-Pierre (também chamada de KJP), que se torna a primeira mulher negra e pertencente à comunidade LGBTQ+ a ocupar o cargo. Em sua última coletiva de imprensa, Psaki agradeceu ao presidente pela oportunidade de representar a voz de seu governo e enalteceu as qualificações da nova secretária, além de ressaltar a importância de sua representatividade para o povo americano. Logo após o anúncio, foram colocadas em discussão certas postagens de KJP no Twitter, nas quais acusa as eleições de 2016 de terem sido “roubadas”, e um comentário feito em um programa de TV, no qual chama a emissora Fox News de racista por sua cobertura tendenciosa da pandemia da covid-19. Em um pronunciamento para o site Mediaite, Psaki defendeu a colega, dizendo que os comentários passados não impedirão que a nova secretária faça seu trabalho de maneira imparcial.
Assista também: Jen Psaki expressa seus agradecimentos em sua última coletiva de imprensa na Casa Branca.
No dia 16, segunda-feira, Karine Jean-Pierre (KJP) conduziu sua primeira coletiva de imprensa como secretária de Imprensa da Casa Branca. Entre os tópicos discutidos, honrou os nomes das vítimas do massacre ocorrido em um supermercado na cidade de Buffalo, em Nova York, no dia 14, anunciando a visita do presidente ao local para ouvir as famílias das vítimas. Ao ser questionada sobre quais medidas o governo está tomando para impedir crimes de ódio baseados na supremacia branca, KJP respondeu que Biden está comprometido com “denunciá-los”. Também citou a mobilização da Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF, na sigla em inglês) como parte da investigação do tiroteio, reforçando a posição do presidente contra os processos de aquisição de armas de fogo. Foram discutidos, ainda, tópicos relacionados à inflação, aos planos econômicos do governo em relação à China e a outros países do continente asiático, à falta de fórmulas infantis no mercado e ao conflito ucraniano. Em resposta à pergunta de uma jornalista sobre sua representatividade, KJP afirmou que ocupar um cargo de importância, sendo uma mulher negra, homossexual e filha de imigrantes, inspira jovens que compartilham essas identidades a “sonharem mais alto”.
Assista à conferência na íntegra:
** EUA-Supremacia branca: Em um pronunciamento público durante sua visita à cidade de Buffalo, em Nova York, no dia 17, o presidente Joe Biden, acompanhado pela primeira-dama, Jill, ofereceu suas condolências às famílias das 13 vítimas, sendo dez dessas fatais, do massacre, que classificou como um ato de terrorismo doméstico. Denunciou, também, a ideologia da supremacia branca, a qual chamou de um “veneno que corre pelo corpo político” da nação e que inspirou o atirador, identificado como o jovem de 18 anos Payton S. Gendron, a cometer os assassinatos e a transmiti-los ao vivo na plataforma digital Twitch. Declarando-se “inocente” das acusações de assassinato em primeiro grau, o atirador permanece sob custódia e continuará sendo investigado por postagens e comentários publicados na Internet, nos quais invoca os ideais de superioridade e pureza raciais. Já Biden, ao ser questionado sobre suas ações em relação às reformas na questão do armamento popular, respondeu que não há muito o que o Poder Executivo possa fazer, a não ser convencer o Congresso a aprovar as leis de regulamentação do processo de compra e venda de armas no país.
No dia 18, em resposta ao massacre, a Câmara de Representantes aprovou, com 223 votos, uma lei voltada para o combate do terrorismo doméstico em nível federal. A chamada Domestic Terrorism Prevention Act of 2022, ou “Lei de Prevenção do Terrorismo Doméstico de 2022”, entre outras medidas, busca criar gabinetes específicos para o combate ao terrorismo doméstico nos Departamentos de Segurança Nacional e de Justiça, assim como no FBI (Polícia Federal americana), de maneira concomitante. Também estabelece um foco na análise de dados e de informações acerca de crimes de ódio, a fim de preveni-los de maneira mais eficiente. Introduzida pelo representante Brad Schneider (D-IL), a lei obteve apoio de republicanos membros da Câmara, mas poderá encontrar dificuldades em ser aprovada pelo Senado.
** EUA-Tiroteio: No dia 24, 19 crianças e dois adultos foram mortos em mais um tiroteio em massa, em uma escola na cidade de Uvalde, no Texas (foto de capa). O atirador Salvador Ramos, de 18 anos, também assassinou sua avó antes de cometer o massacre com um rifle semiautomático que havia comprado no ano anterior. Ele foi morto pela polícia, no local. A pedido do prefeito Don McLaughlin, o Departamento de Justiça anunciou que irá conduzir uma investigação para avaliar as ações dos agentes da Patrulha da Fronteira, devido a sua lenta resposta ao ataque. Eles teriam levado mais de uma hora para entrar na escola e confrontar o atirador. No mesmo dia, o presidente Biden comentou sobre o massacre em um pronunciamento público, questionando o porquê de outros países, cujos cidadãos também sofrem de problemas de saúde mental, não terem tantos tiroteios em massa quanto os Estados Unidos. Em sua visita à cidade de Uvalde, onde se encontrou com as famílias das vítimas em um memorial organizado pela comunidade local, Biden também prometeu mudanças, ao ser questionado pelos cidadãos sobre o que será feito para impedir a onda de tiroteios no país, intensificada nos últimos meses.
** EUA-NRA: No dia 27, a Associação Nacional de Rifles (NRA, na sigla em inglês) conduziu sua convenção anual em meio a protestos de cidadãos que demandam reformas nas leis de armamento popular. Em resposta aos massacres em Buffalo e em Uvalde, a NRA proibiu a entrada de armas na convenção, com a empresa Daniel Defense, cujas armas de fogo foram compradas e usadas pelo atirador em Uvalde, anunciando que não participaria da exposição de produtos na convenção. O governador do Texas, o republicano Greg Abbott , também cancelou sua aparição na convenção, onde pretendia discursar para defender os direitos de posse e porte de armas. Entre os palestrantes do evento, destacaram-se a fala do ex-presidente Donald Trump e do senador republicano Ted Cruz (R-TX), que defenderam a necessidade do armamento de professores nas escolas e culparam epidemia de problemas mentais do país pela onda de tiroteios recentes. Esta epidemia ter-se-ia intensificado, segundo eles, pela cultura de violência promovida por videogames e por pais ausentes.
Para mais leituras, The New York Times faz uma verificação de fatos das falas dos republicanos no evento.
Política Externa, por Tatiana Teixeira
Em palestra na George Washington University, no dia 26, o secretário Antony Blinken apresentou um panorama das principais linhas que guiam, no atual governo, a política externa dos Estados Unidos, sobretudo, em relação à China, descrita como “o mais importante desafio de longo prazo para a ordem internacional” e “uma potência global com alcance, influência e ambição extraordinários”. No discurso, o secretário se refere a uma “nova abordagem”, intitulada de “dissuasão integrada” (integrated deterrence, no original”), para enfrentar o que o governo Biden considera uma “década decisiva”. Partindo dos pilares de “investir, alinhar e competir”, a estratégia pretende “atrair os aliados e parceiros, trabalhar nos campos nuclear, espacial e informacional, aproveitar nossos pontos fortes na economia, em tecnologia e na diplomacia”.
Leia o discurso na íntegra, nas versões em inglês, ou em português, e assista ao vídeo.
Rússia, por Carla Morena
Em matéria para o jornal The New York Times, autoridades americanas disseram que a Inteligência dos Estados Unidos forneceu informações que ajudaram as forças ucranianas a afundar o navio russo “Moskva”, no mês passado. Além da localização de navios, afirmam alguns oficiais americanos, os Estados Unidos vêm repassando material de Inteligência para a Ucrânia sobre as unidades russas, o que permitiu que os ucranianos localizassem e matassem pelo menos 12 generais russos. Para Paul Pillar, ex-funcionário da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), é imprudente os oficiais estarem confirmando o papel dos Estados Unidos nos reveses vividos por Moscou, pois poderia levar Putin a escalar a guerra de uma maneira desnecessária.
De acordo com pronunciamentos oficiais da Casa Branca e do Pentágono, as informações foram parcialmente negadas. “Nós não fornecemos à Ucrânia informações específicas sobre o Moskva. Nós não estamos envolvidos nas decisões ucranianas de abater o navio, ou nas operações que eles realizaram”, disse a secretária de Imprensa da Casa Branca, Jennifer Psaki. Já o secretário de Imprensa do Pentágono, John Kirby, afirmou que “os Estados Unidos fornecem Inteligência do campo de batalha para ajudar os ucranianos a defenderem seu país”. Declarou, no entanto, que “nós não fornecemos Inteligência sobre a localização de generais no campo de batalha, ou participamos das decisões dos alvos militares ucranianos. Os ucranianos têm, francamente, mais informação do que a gente. É o país deles, território deles, e eles têm sua própria capacidade de coleta de Inteligência. A Ucrânia combina informações que nós e outros parceiros fornecemos com a Inteligência que eles mesmos adquirem no campo de batalha, e assim eles tomam suas próprias decisões e suas ações”.
Edição e revisão final: Tatiana Teixeira.
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