Crédito: John Burdumy/Getty Images

Por Tatiana Teixeira*

No momento em que os Estados Unidos buscam recuperar seu protagonismo internacional, recalibrar diretrizes para sua projeção e atuação no exterior, assim como curar as feridas de um país que viu seus antagonismos políticos e sociais se aprofundarem de forma dramática e inequívoca nos últimos anos, o Observatório Político dos Estados Unidos (OPEU) anuncia a série Excepcionalismo Americano: discursos, símbolos e narrativas de uma nação.

Nela, vamos percorrer mitos fundacionais e construções sociais que guiam a ainda principal potência global em sua ação em política externa, moldando sua autopercepção como um lugar e um povo únicos no mundo. Nossos autores e autoras revisitarão alguns dos grandes discursos da tradição política norte-americana, de republicanos e de democratas, os quais compõem, reforçam e mantêm a essência de um país tão paradoxal e ao mesmo tempo tão instigante. Um país que se vê como o farol do mundo, the City upon a Hill, composto por um povo excepcional e divinamente eleito, certo de sua retidão e superioridade morais, com uma missão especial e defensor da democracia e da liberdade.

Queremos aproveitar esta janela de ajustes estratégicos do governo atual, sob a Presidência do democrata Joe Biden, para repertoriar estes valores, símbolos e tradições que se repetem e são continuamente reaproveitados, recuperados e adaptados a diferentes governos, conjunturas e vozes. Como narra o influente historiador Arthur Schlesinger no livro Os Ciclos da História Americana (no Brasil, pela Civilização Brasileira, 1992), para ser considerado americano é preciso abraçar este peculiar conjunto de crenças e valores, com seus paradoxos e contradições. A política externa dos EUA refletirá, portanto, acrescenta Schlesinger, estas mesmas idiossincrasias.

De autoria dos competentes e dedicados graduandos da disciplina de Política Externa dos Estados Unidos I, ministrada no Instituto de Relações Internacionais e Defesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os textos serão publicados sob a supervisão da editora do OPEU, Tatiana Teixeira.

O objetivo desta série é, finalmente, reforçar o perfil de difusão da atividade científica por parte do OPEU e, do mesmo modo, contribuir para um debate mais esclarecido, menos óbvio e menos superficial sobre aquilo que está na base do modus operandi e faciendi dos Estados Unidos em sua relação com o mundo. Trata-se, ainda, de estimular e trazer pesquisadores em formação para um espaço para além das salas de aula. Neste movimento de abertura e diálogo, ganhamos todos nós.

* Tatiana Teixeira é editora do OPEU, pesquisadora do INCT-INEU e do NEAI (Ippri/Unesp), professora colaboradora do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (IRID/UFRJ) e assistente editorial da revista Sul Global, do IRID. Contato: tatianat19@hotmail.com.

** Recebido em 2 de maio de 2021. Este anúncio não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.