Internacional

As péssimas razões de Trump para renegociar o acordo nuclear

por Daniel Larison
Traduzido do The American Conservative*

O presidente francês, Macron, confirmou, hoje mais cedo, o que já sabíamos sobre Trump e o acordo nuclear:

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse acreditar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vai se retirar do acordo nuclear com o Irã, o que representa um golpe duro no acerto entre seis nações, firmado em 2015 e endossado por potências mundiais.

“Acredito que ele vai se livrar desse acordo por razões domésticas”, Macron disse a jornalistas na quarta-feira, em Washington, acrescentando que, durante sua visita à cidade, encorajou o presidente americano a permanecer no compromisso.

A oposição de Trump ao acordo nuclear, como a sua hostilidade generalizada ao Irã, é uma das poucas constantes em sua visão de política externa. O presidente pode ser notoriamente inconstante e pouco confiável em muitas outras questões, mas, nesse aspecto, ele tem sido tristemente consistente. A explicação de Macron para o porquê de Trump se opor tão veementemente ao acordo se alinha com o que vimos nos últimos dois anos. Simultaneamente, Trump favoreceu os falcões anti-Irã no Partido Republicano e expressou seu desprezo por Obama fazendo oposição ao acordo, e essas parecem ser as principais razões pelas quais ele o renegará no mês que vem.

Não é preciso dizer que esses motivos são horríveis para se desfazer um acordo de não-proliferação bem-sucedido, sendo uma medida do quão ruim é o julgamento de Trump sobre levar isso adiante. O fato de que ele não encontrará nenhuma resistência significativa de republicanos eleitos e de analistas políticos republicanos mostra como seu partido está intelectualmente falido. Nem um único republicano no Congresso apoiou o acordo há três anos, e é provável que apenas um pequeno número se oponha quando Trump retirar os Estados Unidos do acerto.

A retirada dos Estados Unidos do acordo será um dos movimentos mais previsíveis que Trump poderia fazer como presidente. Ele vem anunciando sua determinação para acabar com o acordo desde muito antes de assumir o cargo, e só demorou tanto porque várias pessoas no seu próprio governo continuaram tentando impedir que isso acontecesse. Sair do JCPOA (sigla do acordo) também será uma das decisões mais desnecessariamente destrutivas que ele poderia tomar neste ano.

Mesmo que a retirada dos Estados Unidos não faça com que o Irã, sob protestos furiosos, deixe o Tratado de Não-Proliferação (TNP), é muito provável que o país responda à nossa retirada do acordo com a sua própria saída. As restrições e as inspeções invasivas que os falcões anti-Irã afirmam ser inadequadas serão perdidas imediatamente e, muito em breve, estaremos onde estávamos há cinco anos. As tensões entre os Estados Unidos e o Irã continuarão aumentando, resultando em risco maior de confrontos na Síria, no Iraque e em outros lugares. Acabar com um acordo que os principais governos europeus negociaram junto com o nosso, em boa-fé, será um insulto gratuito para eles e irá tensionar as relações com alguns dos nossos mais importantes aliados para tratados. Os Estados Unidos vão transmitir ao mundo que não honram seus compromissos e que procuram desculpas para desistir de acordos mesmo quando esses funcionam perfeitamente. Os esforços diplomáticos dos Estados Unidos serão prejudicados nos próximos anos por causa dessa tremenda violação de compromisso, e outros governos teriam de estar fora de si para assumir sérios riscos políticos ao barganhar conosco enquanto Trump ainda estiver no poder.

Tradução por Solange Reis
* Artigo originalmente publicado em 25/04/2018, em http://www.theamericanconservative.com/larison/trumps-terrible-reasons-for-reneging-on-the-nuclear-deal/

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