China e Rússia

Não duvide da motivação da Rússia para desenvolver um míssil hipersônico “invencível”

por Valerie Insinna
Artigo traduzido do Defense News*

O chefe do Comando Estratégico não quis afirmar se os Estados Unidos viram evidências do míssil hipersônico “invencível” da Rússia, mas as Forças Armadas americanas observaram a Rússia e a China operando mísseis hipersônicos de capacidades variadas, confirmou ele nesta terça-feira.

“Eu não darei detalhes sobre os meios que usamos para a observação. Não darei nenhuma informação técnica sobre a capacidade desses mísseis”, disse o general John Hyten aos repórteres no Space Symposium. “Mas posso dizer que vimos tanto a Rússia como a China testando capacidades hipersônicas.”

Os comentários de Hyten aconteceram depois que o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou, em março, que a Rússia testou com sucesso um novo míssil hipersônico “invencível”, que poderia viajar a velocidades superiores a Mach 10 – duas vezes a velocidade Mach 5, que qualifica um veículo aéreo como hipersônico – e com um alcance de mais de 2 mil quilômetros.

O míssil cruise hipersônico Kinzhal, que consegue ser equipado com ogiva nuclear e convencional, pode “superar todos os sistemas de defesa antiaérea e antimísseis existentes e, penso eu, futuros”, disse Putin.

Hyten não falou se esse míssil está em fase de desenvolvimento ou de testes operacionais. Mas ficou óbvio que ele levou as alegações de Putin muito a sério.

“Você deve acreditar em Vladimir Putin quando ele diz no que está trabalhando”, afirmou Hyten. “Agora, a situação operacional de muitos desses recursos … esse é um problema diferente. Mas eu sei que a Rússia está trabalhando em tudo o que ele falou, e nós os observamos bem de perto. Também escutamos muito de perto o que eles dizem, e nada do que ele fez ou falou me surpreendeu ”.

Hyten quer que os Estados Unidos ajam mais agressivamente nos hipersônicos, particularmente em armas convencionais que poderiam ter uso especial no teatro da Ásia-Pacífico.

“Há certas áreas dos hipersônicos nas quais creio termos vantagens sobre Rússia e China”, disse Hyten. “Mas o que eles fizeram de significativo são os testes integrados completos desses recursos”.

Embora os Estados Unidos tenham conduzido seus próprios testes de armas hipersônicas nos últimos anos, “eles não foram totalmente bem-sucedidos”, então, os militares pararam para repensar o desenvolvimento.

“Do meu ponto de vista, eu teria gostado de ter aprendido com o erro e ter seguido em frente”, comentou Hyten, mas ele está esperançoso de que o Departamento de Defesa se movimente a todo vapor daqui para frente. Depois de anos de investimentos lentos, a Defense Advanced Research Projects Agency está aumentando o fluxo de financiamento, saltando de US$ 85,5 milhões no ano fiscal de 2017 para US$ 108,6 milhões em 2018, voltados para o desenvolvimento hipersônico. O orçamento fiscal de 2019 inclui um pedido de US$ 256,7 milhões – um aumento de 136%.

De acordo com Hyten, parte do motivo de sua confiança é a nomeação de Mike Griffin, ex-administrador da NASA, para o posto de subsecretário de Defesa para pesquisa e engenharia. “Se o programa não é agressivo no momento, ele será em um ano, porque Mike Griffin fez o secretário (de Defesa), Jim Mattis, olhar na cara dele e dizer que nós precisamos realmente de hipersônicos, e isso é tudo o que Mike Griffin realmente precisa.

Mas o desenvolvimento de armas hipersônicas só ajudará os Estados Unidos a resolver uma parte do problema. A outra é garantir que os sistemas de defesa antimísseis dos Estados Unidos consigam combater o ataque de um míssil hipersônico – uma coisa que ainda está em discussão.

A próxima revisão da defesa antimísseis do governo, que se encontra nos estágios finais de aprovação no Departamento de Defesa e está programada para ser lançada em maio, poderia abordar esses desafios futuros.

“A defesa antimísseis agora está focada na Coreia do Norte. A defesa contra mísseis não está e não esteve focada na Rússia e na China ”, disse Hyten.

“As capacidades de defesa antimísseis que temos no Alasca, na Califórnia, podem lidar com a ameaça norte-coreana”, acrescentou. “O que me preocupa não é hoje, no entanto. Estou preocupado com daqui a cinco anos e daqui a 10 anos. Podemos ir na direção que precisamos para lidar com qualquer ameaça do futuro?”.

 

Tradução por Solange Reis
* Artigo originalmente publicado em 17/04/2018, em https://www.defensenews.com/digital-show-dailies/space-symposium/2018/04/18/stratcom-head-dont-doubt-russias-drive-to-develop-invincible-hypersonic-missile/

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