China e Rússia

Congresso: Partido Comunista Chinês se infiltra e influencia os norte-americanos

Crédito: Tanita/Adobe Stock/Free Trial

Por Williams Gonçalves* [Informe OPEU] [Documentos] [China]

site logoNeste último 24 de outubro, James Comer, representante (deputado) eleito pelo Partido Republicano (R-KY) e presidente do Comitê de Supervisão e Responsabilidade da Câmara (House Committee on Oversight and Accountabilitay Majority Staff), deu a público o relatório preparado por seu grupo de trabalho intitulado “Guerra política do PCC: agências federais precisam urgentemente de uma estratégia governamental ampla” (“CCP Political Warfare: Federal Agencies Urgently Need a Government Wide Strategy”, no original).

Em comunicado de imprensa, o presidente do Comitê esclarece que o relatório de quase 300 páginas reúne informações obtidas ao longo da investigação, a que foram submetidos 25 setores federais, e revela como a Administração Biden-Harris está alheia à campanha de influência e infiltração efetuada pelo Partido Comunista Chinês na estrutura do Estado, conforme trecho abaixo:

“O Comitê de Supervisão da Câmara expôs a guerra política do PCC e está trabalhando para garantir que o governo federal formule uma estratégia coesa para combater as ameaças do PCC e proteger todos os americanos. O PCC está se infiltrando e influenciando com sucesso comunidades e setores críticos em toda a nação e a Administração Biden-Harris está dormindo no volante. O relatório de hoje detalha como as agências federais falharam em entender, reconhecer ou desenvolver um plano para combater a guerra política do PCC, e os americanos são deixados para se defenderem sozinhos. Já passou da hora de as agências federais levarem essa ameaça a sério e cumprirem suas responsabilidades para com o povo americano. Nosso relatório oferece várias soluções que as agências federais podem implementar agora com os recursos existentes para lidar com a ameaça do PCC e proteger o povo americano”.

No Sumário Executivo, o relatório apresenta o Partido Comunista Chinês como a expressão máxima de um regime que escraviza seu próprio povo, vigia e assedia os descendentes de chineses ao redor do mundo; envenena dezenas de milhares de americanos todo ano com fentanil; e ativamente busca destruir os Estados Unidos. O objetivo que o PCC busca alcançar é destruir o “American way of life”, que constitui grande ameaça ao regime autoritário que oprime o povo chinês.

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A insidiosa ação do PCC nos Estados Unidos configura, segundo o relatório, uma nova guerra fria. Diferentemente da primeira, no entanto, nesta os americanos estão sendo derrotados. Agentes do PCC já se encontram instalados em instituições, empresas, universidades e centros culturais, em uma bem-sucedida sedução das elites de ciclos influentes da vida social americana. Ainda de acordo com o relatório, inclui-se nesse rol de personalidades o próprio candidato democrata à vice-presidência, Timothy Walz, que manteria conexões com indivíduos e instituições sob controle do PCC.

O governo Trump teria articulado uma política de prevenção contra a guerra movida pelo PCC. O governo Biden-Harris não teria dado consecução aos cuidados de antes e, desse modo, facilitou o trabalho de infiltração e influência desenvolvido pelos comunistas. Mediante aproximação e diálogo, os comunistas chineses vão ganhando a confiança dos americanos e, desse modo, erodindo as estruturas do Estado.
A partir dessa constatação, o relatório, embora não afirme claramente, deixa subentendido que um governo dirigido por Donald Trump seria muito mais eficiente em deter essa progressiva infiltração comunista chinesa nas instituições públicas dos Estados Unidos.

A recomendação-chave feita pelo relatório para enfrentar essa guerra política consiste em falar abertamente sobre a ameaça chinesa para o povo americano. O povo precisa saber que a nação corre perigo. Junto a esse comportamento governamental de não esconder informações do povo, deve-se realizar todos os esforços financeiros julgados necessários. E, enfim, esclarecer o povo quanto à desconfiança que se deve ter dos estrangeiros.

Embora o relatório apresente conclusões de aparência delirante, não há como deixar de observar a disposição revelada pelos dirigentes norte-americanos de levar às últimas consequências a política antichinesa. Qualquer que seja o resultado das eleições que se avizinham, essa percepção de que a China representa uma ameaça e que deve ser detida enquanto é tempo, não apenas será mantida, como deverá ser aprofundada. O que o relatório mostra é que, para uma parte expressiva da camada dirigente norte-americana, a guerra com a China já está em andamento.

 

Conheça os textos mais recentes do autor publicados no OPEU

Informe “O Partido da Guerra”, em 11 out. 2024

Informe “Relatório sobre Estratégia de Defesa Nacional 2024 adverte sobre grandes ameaças aos EUA”, em 25 set. 2024

Informe “A tensa relação de Estados Unidos e China no Mar da China Meridional”, em 13 jun. 2024

Informe “Rotas de colisão”, em 18 de maio de 2024

Informe “Encontro de Xi Jinping e Joe Biden na Apec”, em 15 nov. 2023

Informe “Repensar a Estratégia dos Estados Unidos”, em 2 ago. 2023

Informe “Desglobalização, guerra e a tentativa dos EUA de Biden de conter a China”, em 4 jun. 2023

Informe “O G7 de Hiroshima”, em 19 de maio de 2023

Informe “Grande Estratégia dos EUA: continuidade, ou mudança?”, em 2 mar. 2023

Informe “O que o Brasil faz no Mar Negro aliado à OTAN?”, em 27 jul. 2021

 

A China e a nova ordem internacional - Editora Ayran*  Williams Gonçalves é Professor Titular de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos da Escola de Guerra Naval (PPGEM-EGN). Doutor em Sociologia, também é pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre Estados Unidos (INCT-INEU). Entre outros livros, é autor de A China e a nova ordem internacional (Editora Ayran, 2023).

** Revisão e edição: Tatiana Teixeira. Primeira versão recebida em 28 out. 2024. Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

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