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Marinha dos EUA expressa preocupação com a China na nova Estratégia

Crédito: site da Marinha

Por Yasmim Abril M. Reis* [Documentos] [China] [Estratégia]

Navigation Plan for America's Warfighting Navy Em setembro de 2024, a Marinha dos Estados Unidos divulgou uma nova Estratégia intitulada “Plano de Navegação para a Marinha de combate da América” (em inglês, Navigation Plan for America’s Warfighting Navy). Esse documento tem como objetivo, na concepção estadunidense, advertir sobre o crescente desafio chinês até 2027. Em vista disso, a nova Estratégia tem como finalidade garantir que a força naval estadunidense acelere sua construção naval e realize o aprimoramento da sua frota por meio da implementação de tecnologia avançada.

Não é surpreendente, nem um fato inédito, que a Marinha dos Estados Unidos vem passando por uma crise na indústria naval nos últimos 25 anos. A principal razão do problema consiste na escassez de mão de obra qualificada nos estaleiros norte-americanos. Há dois problemas identificados que deram origem a essa falta de mão de obra especializada. O primeiro se relaciona com a aposentadoria dos veteranos, o que ocasionou um déficit na indústria naval. Outro é o esvaziamento de mão de obra especializada, já que, nos últimos anos, os Estados Unidos destinaram pessoal para guerras na região da Ásia, a exemplo da interceptação de mísseis dos rebeldes huthis no Mar Vermelho.

Durante séculos, o recurso marítimo foi a principal ferramenta geopolítica para potências que aspiravam à hegemonia, como o caso da Inglaterra. Nesse sentido, Alfred Thayer Mahan (1840-1914), um oficial da Marinha norte-americana no século XIX, destacou-se pela influência da teoria do poder marítimo que ainda é muito presente nos Estudos Marítimos. Apesar da referência que ele se tornou séculos adiante para o poder naval, não foi considerado um “oficial exemplar” na visão militar, quando esteve nas fileiras da Marinha, por ter-se referido aos marinheiros a bordo como “grupo de homens inteligentes reduzidos à total imbecilidade”. De forma concisa, Mahan defendia que a potência hegemônica do século seria a nação que dominasse os mares, o que impulsionou os Estados Unidos, em certa medida, a avançar ao mar.

Avanço chinês

A China tem crescido em diferentes setores com avanços tecnológicos, o que tem pavimentado o caminho para transformar o gigante asiático em uma grande potência no século XXI. Em janeiro de 2024, a temática sobre a indústria naval norte-americana e o retorno da geopolítica dos oceanos como instrumento hegemônico retomou o centro do debate após a publicação do artigo “Welcome to The New Era of Global Sea Power”, no semanário britânico The Economist. Nesse cenário, o debate sobre a ameaça à hegemonia dos Estados Unidos e o crescente poder marítimo chinês lançaram um alerta para a Marinha norte-americana.

Diante dos novos desafios e cenários mais tecnológicos e interdependentes, a Marinha dos Estados Unidos tem lançado algumas medidas reativas, a fim de realizar sua revitalização em meio à ascensão chinesa. Assim, em 2023, o Corpo de Fuzileiros Navais (em inglês, Marines) lançou o plano estratégico denominado Force Design 2030, que tem como objetivo modernizar os Estados Unidos frente a mudança no ambiente geopolítico e militar. Em julho de 2024, o Corpo de Fuzileiros Navais também publicou um novo documento, concentrado na inserção da Inteligência Artificial nas funções militares. É nesse contexto que a Marinha norte-americana publica a recente estratégia. De forma concisa, os Estados Unidos não querem, daqui 25 anos, ser assombrados pelo mesmo fantasma que utilizou como instrumento para assegurar sua hegemonia.

 

* Yasmim Abril M. Reis é doutoranda em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas (UNESP/UNICAMP/PUC-SP), mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Segurança Internacional e Defesa da Escola Superior de Guerra (PPGSID/ESG), pesquisadora colaboradora no OPEU e vice-líder e assistente de pesquisa voluntária no Laboratório de Simulações e Cenários na linha de pesquisa de Biodefesa e Segurança Alimentar (LSC/EGN). Contato: reisabril@gmail.com.

** Revisão e edição final: Tatiana Teixeira. Primeira versão recebida em 15 out. 2024. Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

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