Ascensão e queda de Steve Bannon
(Arquivo) Steve Bannon no AmericaFest 2022, no Centro de Convenções Phoenix, em Phoenix, Arizona, em 20 dez. (Crédito: Gage Skidmore/Flickr)
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Por Andressa Mendes e Augusto Scapini* [Panorama EUA] [Política Doméstica] [Eleições 2024]
Outrora um dos aliados mais próximos do ex-presidente republicano Donald Trump, o ativista ultraconservador Stephen Kevin Bannon, ou somente Steve Bannon, hoje serve pena em cárcere por desacato ao Congresso dos Estados Unidos. Construindo sua carreira como diretor-executivo do site de notícias Breitbart News, voltado para o público da ultradireita, Bannon detinha, até então, grande poder de influência nessa camada política que constitui a maioria do eleitorado de Trump. Assim, em 2017, foi convocado para servir como seu chefe estrategista e conselheiro político, cargo inédito que ocupou pelos oito primeiros meses de mandato antes de sua saída do governo.
Com investimentos em diversos setores de negócios, incluindo na indústria cinematográfica e em pesquisas científicas, Bannon construiu uma carreira de notoriedade e tinha o potencial de ser uma das figuras políticas mais importantes da ultradireita no país. No entanto, suas críticas ao Partido Republicano, intrigas com Trump e diversas acusações criminais (que enfrenta até hoje) produziram manchas irreversíveis em sua reputação e contribuíram para sua recente decadência política. Há, ainda, aqueles que permanecem fiéis ao ativista e seus ideais tradicionalistas, o que nos leva a questionar se, e como, Bannon poderá continuar sendo uma personalidade de destaque na política americana, especialmente no atual ano de eleição presidencial.
Primeiros anos de carreira
Nascido em 27 de novembro de 1953, Bannon foi criado por uma família de classe média na cidade de Norfolk, Virgínia, conhecida por sua importância estratégica no comércio marítimo. Seus pais, como relatou em entrevista para a revista Bloomberg, eram democratas sindicalistas e pró-JFK (John F. Kennedy). Bannon estudou em uma escola católica e, depois disso, graduou-se como bacharel em Planejamento Urbano na universidade pública Virginia Tech, onde foi presidente da Associação do Governo Estudantil durante seu primeiro ano. Após a faculdade, serviu à Marinha dos Estados Unidos.
Ele deixou a Marinha e voltou para a Virgínia onde, em 1981, passou a trabalhar em um novo cargo no Pentágono, no escritório do chefe de Operações Navais, enquanto buscava o título de Mestre em Estudos de Segurança Nacional na Georgetown University. Terminou o mestrado em 1983 e logo entrou na Harvard Business School, após se desiludir com a burocracia militar. Em Harvard, estudou finanças, análise de dados, ou o que fosse preciso para trabalhar em Wall Street, o que veio a acontecer em 1985, quando ele se graduou e passou a trabalhar na megaempresa de banco de investimentos Goldman Sachs.
Em 1987, Goldman transferiu-o para Los Angeles para trabalhar na avaliação e aquisição de filmes de Hollywood. Em 1990, ele se demitiu e fundou o Bannon & Co., um banco de investimento em Beverly Hills similar ao Goldman Sachs. Antes do final da década, ele começou a produzir e fazer filmes próprios e até adquiriu os direitos autorais de alguns programas televisivos da época, como a série de comédia Seinfeld. Bannon foi produtor e diretor de documentários como “In the face of Evil”, de 2004, e “Generation Zero”, de 2010, ambos convergentes com sua visão de mundo. No caso do último, atribuiu-se a crise financeira global de 2008 ao distanciamento do mundo ocidental aos valores tradicionais. Em 2011, produziu um filme intitulado “The Undefeated”, sobre a trajetória da ex-governadora republicana do Alasca Sarah Palin.
Trailer oficial do “documentário” “Generation Zero”
A produção cultural de Bannon envolveria ainda material dedicado a antagonizar Hillary Clinton, como o livro, financiado por meio de sua organização Government Accountability Institute, intitulado Clinton Cash: The Untold Story of How and Why Foreign Governments and Businesses Helped Make Bill and Hillary Rich, e o filme derivado do livro, “Clinton Cash”, produzido e dirigido por Bannon em 2016. O longa foi lançado no Festival de Cannes logo após a nomeação da democrata como candidata à Casa Branca. Ambas as obras trouxeram reverberações negativas à imagem de Hillary ao longo das eleições de 2016.
Breitbart News e Cambridge Analytica
Bannon foi um ator fundamental para a campanha eleitoral de Donald Trump em 2016, ao atuar como diretor-executivo (CEO) da campanha republicana e, depois, chefe estrategista na Casa Branca. Ele foi o responsável por desenvolver o corpo ideológico do Populismo de Direita Radical de Trump, a partir de uma perspectiva que explorou ressentimentos econômicos e culturais da população estadunidense.
Bannon foi guiado pela metapolítica empregada com o intuito de estabelecer e vencer a denominada “guerra cultural”. A metapolítica é uma estratégia que busca mudanças sociais por meio do foco prioritário em mudanças culturais como condições antecedentes a mudanças políticas. Ela envolve fazer campanha por meio das artes, do entretenimento, da intelectualidade, da religião e da educação. É por meio desses elementos que os valores da sociedade são formados. Já a “guerra cultural” deriva de uma concepção da suposta dominação cultural da esquerda marxista, sendo necessária uma contrarrevolução reacionária que priorizasse aspectos culturais amplos.
O meio pelo qual Bannon empregou a metapolítica foi tanto via trabalhos produzidos enquanto produtor e diretor de conteúdo audiovisual, quanto pelas companhias Cambridge Analytica e Breitbart News Network (breitbart.com), do qual foi diretor-executivo entre 2012 e 2017. Fundada em 2007 por Andrew Breitbart e Larry Solov, a Breitbart ficou conhecida por ser uma plataforma jornalística da ultradireita, em que notícias conspiracionistas, falsas, nativistas e até ligadas à ideologia supremacista branca eram difundidas. O site foi uma fonte de notícias bastante popular entre membros da alt-right, a direita alternativa dos Estados Unidos, movimento da extrema direita que tem no supremacista branco Richard Spencer um de seus membros mais expoentes.
(Arquivo) Andrew Breitbart, na CPAC 2012, em Washington, D.C., em 10 fev. (Crédito: Gage Skidmore/Flickr)
Em uma articulação para a campanha eleitoral de Trump, ainda em 2012, Bannon foi responsável por conseguir o investimento de US$ 10 milhões para o relançamento da Breitbart, advindos do bilionário Robert Mercer. Neste mesmo ano, Bannon assumiu o comando da empresa após a morte de Andrew Breitbart e continuou até 2017, quando passou a trabalhar na campanha de Trump e nunca mais voltou ao cargo.
Robert Mercer também atuou, entre 2012 e 2016, em conjunto com Bannon, ao financiar seus projetos anti-Clinton, como o Government Accountability Institute, e a produtora Glittering Steel, além da Strategic Communication Laboratories, que se tornaria a Cambridge Analytica, empresa da qual ele foi vice-presidente. Essa corporação foi a responsável pelo desenvolvimento de técnicas de coleta de uma abundância de dados sobre centenas de milhares de pessoas privadas por meio do Facebook e de dados do censo, os quais foram utilizados para aprender sobre a situação financeira, tendências políticas e gostos culturais de eleitores. Com essas informações, eles puderam classificar os perfis dos eleitores e testar métodos para motivar – e desmotivar – as pessoas a participarem das eleições.
A princípio, a Cambridge Analytica foi contratada para as eleições legislativas de 2014 no Arkansas, Carolina do Norte e New Hampshire. Posteriormente, Ted Cruz e Ben Carson usariam os dados da empresa durante as primárias de 2016. Após a derrota dos republicanos, a empresa passou a servir Trump durante o restante da campanha, com a contratação formalizada por seu genro Jared Kushner. O tipo de ativismo apoiado pela Cambridge Analytica foi uma forma inovadora de metapolítica.
Como Benjamin Teitelbaum apresenta, no livro War for Eternity (HarperCollins, 2020), a metapolítica pode ser usada de duas formas: primeiro, pela inserção da mensagem a ser transmitida, de forma integrada, nos canais culturais existentes, com o intuito de semear simpatia política entre a população em geral; segundo, pela criação de canais alternativos para competir com os do mainstream, visando a formar uma sociedade paralela em uma sociedade grande e radical o suficiente para confrontar outras em uma luta pelo poder. Por exemplo: editar artigos da Wikipédia, ou criar uma enciclopédia on-line alternativa, ou ainda, alterar os currículos da educação pública, em vez de fundar uma escola privada dedicada à sua causa.
Bannon desenvolveu ambas.
A Cambridge Analytica serviu como fonte de infiltração nas esferas midiáticas em geral, como o Facebook, no lugar de criar um canal de comunicação separado. Ao mesmo tempo, ela incentivou os usuários dessas redes a consumirem conteúdos e mensagem cada vez mais personalizadas e radicalizadas, de modo a deslegitimar as fontes padrão de informação e a facilitar a inserção em uma nova fonte, como o Breitbart. A plataforma funciona, portanto, como um canal alternativo de competição com a chamada mídia mainstream.
Apesar de a metapolítica produzir raramente resultados quantificáveis, os esforços de Bannon e da Cambridge Analytica contribuíram (não necessariamente foram determinantes) para o desfecho do Brexit e para a eleição de Donald Trump. No primeiro caso, a organização chamada Leave.EU, uma das duas principais forças que fizeram campanha para que o Reino Unido deixasse a União Europeia, contratou a empresa para influenciar a votação do Brexit. No caso das eleições dos Estados Unidos de 2016, a empresa auxiliou na coleta de dados para a campanha de Trump baseada em estratégias de micro-targeting, ou seja, a segmentação do eleitorado e a propagação de desinformação, especialmente nas redes sociais, ocasionando na sua vitória.
O Tradicionalismo
Outro elemento de suma importância para entender Steve Bannon e seu projeto de apoiar e aconselhar Donald Trump antes, durante e depois da eleição à Presidência, é o Tradicionalismo. Essa ideologia é o que norteia as intenções e as ações de Bannon, como demonstra Teitelbaum. O autor apresenta o conceito de Tradicionalismo e as articulações mundiais e internas aos Estados Unidos de aquisição de influência e poder dessa ultradireita Tradicionalista, com base em entrevistas feitas não apenas com Bannon, mas também com outros ideólogos e influentes políticos da ultradireita, como o brasileiro Olavo de Carvalho e o russo Aleksandr Dugin.
O Tradicionalismo (com letra maiúscula, não tradicionalismo, enquanto aquele que preza por um estilo à moda antiga) é uma escola filosófica e espiritual underground com poucos seguidores. Quando combinada com um nacionalismo anti-imigrante, é, no entanto, sinal de um radicalismo ideológico raro e profundo. Como Teitelbaum (2020, p. 16) pontua, “Traditionalism. It is anything but.”, ou seja, tudo o que eles rejeitam: a modernidade, que significa, para eles, um método de organização da vida social, a partir dos anos 1800, em que esse método passou a predominar na Europa e no mundo europeizado.
A modernidade envolve a abdicação da religião pública em detrimento da razão, o enfraquecimento do simbólico em favor do literal e o declínio do interesse pelo não material, como espírito, as emoções e até o supernatural, em favor daquilo que seja material, quantificável. Ela envolve a organização das grandes massas na busca por mobilizações políticas poderosas, como o colonialismo, a produção industrial e o consumismo. A modernidade tem como centro a crença de que a inovação e o desenvolvimento da humanidade resultam em um mundo melhor do que o existente.
Em resumo, os Tradicionalistas aspiram a tudo o que a modernidade não é. Eles acreditam no “não tempo”, na transcendência de verdades e estilos de vida, em vez de apenas buscarem o “progresso”. Suas ideias podem ser enquadradas em um certo entendimento do tempo e da sociedade.
No caso do tempo, eles seguem o hinduísmo e acreditam que a história humana é cíclica, ocorrendo em quatro tempos diferentes: a idade de ouro, de prata, de bronze e escura. Segue um ciclo eterno que, repetidamente, parte da primeira para a última. O ouro se refere à virtude; o escuro, à depravação. Conforme o tempo passa, a condição humana e do universo é piorada até um momento cataclísmico, no qual a escuridão explode em ouro, e a decadência começa novamente. O passado não deve ser superado, ou algo do qual possamos escapar, tampouco o futuro. O ciclo é inevitável e é, justamente, essa ideia de ciclicidade que difere os Tradicionalistas dos conservadores ou céticos, em geral.
No que tange à sociedade, a maioria dos Tradicionalistas acredita em que cada tempo pertence a um tipo de casta diferente. As castas têm um ordenamento hierárquico também dividido em quatro: a casta sacerdotal, a casta de guerreiros, a casta de comerciantes e a casta de escravos. As duas primeiras são as castas mais espirituais, que vivem em busca de ideais imateriais e superiores, enquanto as outras duas são materialistas, valorizando dinheiro, bens e, no caso dos escravos, quando há o tráfico de seus bens materiais mais preciosos: seus corpos.
Assim, a era de ouro é a era sacerdotal; a de prata pertence aos guerreiros; a de bronze, aos comerciantes; e a escura, aos escravos. Além disso, em cada era, há a predominância de visões de cultura e políticas da casta predominante, consequentemente, governos teocráticos, estados militares e plutocracias. No caso da era da escuridão, há o reinado da maioria, do poder das massas na forma de democracia ou comunismo.
O tempo em que cada ciclo é completado varia para os Tradicionalistas, assim como algumas especificidades inerentes a pensadores diferentes. Por exemplo, Julius Evola propunha que os seres humanos fossem diferenciados por raça, com brancos arianos estando acima de outras. Ele também defendia uma hierarquia baseada em gênero e em geografia. Não obstante, todos os Tradicionalistas entendem que o que vivemos hoje é a idade das trevas — o Kali Yuga. Eles condenam, portanto, o presente. Steve Bannon incluso.
Apesar de não ser um teórico do Tradicionalismo, Teitelbaum mostra, em seu livro, como Bannon é familiarizado e versado na ideologia, a ponto de desenvolver sua própria versão do Tradicionalismo, uma espécie de pós-Tradicionalismo, que se funde com o populismo e o nacionalismo americano. Segundo Bannon: “Os conceitos essenciais do Tradicionalismo eram a rejeição da modernidade, a rejeição do Iluminismo, a rejeição do materialismo,” em conjunto com o entendimento de que a cultura verdadeira é baseada na imanência e transcendência.
Para Bannon, a ideia de hierarquia de castas, como um papel do qual não se escapa, é dispensável ao Tradicionalismo. Ele duvidava da capacidade da sociedade moderna de compor castas Tradicionais com representantes autênticos, mediante sua crítica da modernidade, de que os valores e as instituições em que vivemos hoje em dia são falsas e sem significado.
Na entrevista a Teitelbaum, Bannon afirma que “A mídia não reporta, cientistas não fazem ciência, universidades não ensinam mais e são uma ‘porra de perda de tempo’, e think tanks políticos não entendem políticas. A inautenticidade e a falta de sentido de títulos, cargos e instituições — esse é o ponto em comum. O nosso é um mundo de simulações. Então por que pensar que a sociedade poderia criar e manter um sistema de castas significativo?”.
Bannon classifica seu sistema como uma “hierarquia de valores”. Para ele, há um ordenamento de ideais precedentes ao corpo, dinheiro, crenças e espiritualidades terrenas. Sua sociedade — assim como, mas diferentemente, da sociedade de castas — resulta na degradação da espiritualidade e de princípios imateriais advindos da modernidade e da propagação do caos e do niilismo. Seu ideal de sociedade envolve a vida política e ser guiada pela essência cultural e espiritual.
Em vez dessa ordem hierárquica ser fixa, ela permite mobilidade espiritual. “Toda pessoa deveria ser padre”, afirma ele. Qualquer indivíduo pode seguir o caminho da depravação para a transcendência da virtude. No entanto, ele acredita que algumas pessoas são mais adequadas a alcançar esses valores que outras. Ele chama esse grupo de “massas da sociedade”, fixadas no fundo da cadeia hierárquica da economia e das instituições: a classe operária ou os camponeses.
(Arquivo) Trabalhadores da Amazon em greve, Alabama, em 15 jan. 2022 (Crédito: Joe Piette/Flickr)
Essa classe é a fonte de autenticidade em uma sociedade moderna não autêntica. Ela é embaixadora do espírito da nação e a fonte de encarnações das quatro castas da hierarquia Tradicionalista. Isso se aplicaria à sociedade dos Estados Unidos, por exemplo. Nela, guerreiros ou sacerdotes quase sempre viriam da classe trabalhadora, pois eles têm um entendimento real da vida e sabem lutar. Essa classe é fora do tempo, isolada das influências corruptas da modernidade, portadora de um espírito que une uma sociedade internamente e a separa de outras.
É a partir desse entendimento que Bannon se envolve na política, com o intuito de proteger e promover o espírito e bem-estar da classe operária americana, partindo da economia, pois o desenvolvimento espiritual dessa classe ocorreria somente quando ela alcançasse o desenvolvimento econômico. Ele enxergou os Estados Unidos como um sistema para manter a classe trabalhadora e a classe média em um estado de tensão e insegurança. Isso significa, por exemplo, criminalizar a imigração, com a promessa de reduzi-la, e assumir uma postura “anti-China”.
É considerando tudo isso que Bannon e outros influentes políticos desenvolvem um projeto de caos e destruição, uma vez que estes elementos são vistos como algo necessário para alcançar o momento de renascimento inerente ao ciclo do tempo. Como Teitelbaum pontua, em mais de uma ocasião, destruição é a agenda. Ela é apenas parte do ciclo.
Bannon age com esse propósito de diversas formas. Ao aplicar a metapolítica nas mídias por meio de suas empresas, das produções cinematográficas, de livros, do Breitbart ou da Cambridge Analytica. Ao se articular com ideólogos, políticos ou simpatizantes do Tradicionalismo, a partir de uma rede transnacional da ultradireita denominada de “O Movimento”. Ao tentar instalar uma escola gladiadores no mosteiro de Trisulti, em Roma, para solidificar uma presença lá, em parte devido a um projeto paralelo para atacar o Vaticano e, em parte, para se opor à China e a sua Iniciativa One Belt One Road de criação de ferrovias e rotas marítimas para o comércio global.
No caso da articulação do Movimento, isso ocorreu entre 2017 e 2018, quando Bannon se voltou para a política europeia e buscou colaborar com políticos como Mischael Modrikamen, na Bélgica; Marine Le Pen, na França; Viktor Orbán, na Hungria; Geert Wilders, nos Países Baixos. Para além da Europa, foi parte do grupo Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, ex-presidente do Brasil. Sediada em Bruxelas, a organização foi projetada para auxiliar os partidos nacionalistas europeus com conhecimento de tecnologia e design de políticas, produzir e compartilhar dados de pesquisas e direcionar a publicidade de suas campanhas.
Enfim, ao trabalhar como aliado e conselheiro de Donald Trump, Bannon ajudou no projeto do ex-presidente de fazer a América ser grande de novo. A expressão Make America Great Again (MAGA) demonstra o desejo de renascimento nacional, não no sentido de que a grandeza da América pertença ao passado, mas a algo a se fazer para viver no aqui e no agora. O tempo cíclico do Tradicionalismo aparece aqui no entendimento de que a vida não é linear. MAGA não se refere, portanto, a um chamado para reganhar o passado ou a uma promessa de algo novo no futuro: é uma tentativa de reganhar a eternidade. Para fazer a América se tornar grande de novo, é preciso romper antes de reconstruir.
Donald Trump é, aos olhos do Bannon, “O Disruptivo”, apesar de o próprio Trump não enxergar seu papel como tal, mas sim, como o de um construtor. A Teitelbaum, Steve diz sobre Trump: “ele é um homem de ação. O poder dos homens de ação é que muitos homens de ação não são […] você sabe, você não precisa ler livros e pensar em ciclos de tempo. Você simplesmente faz as coisas” (p. 95). Ou seja, segundo Steve, Trump não é um pensador, alguém que dedica tempo e recursos à atividade intelectual, ou à busca da teoria das coisas. Ele é alguém que age, que faz – um doer, não um thinker.
Em suma, Steve Bannon desempenhou um papel crucial. Instrumentalizou a personalidade de Trump para construí-lo como ator político da ultradireita, ao enxergá-lo como alguém capaz de se conectar com o público e suas angústias e de ser um porta-voz de suas queixas e desejos. Como Alexander (2020, p. 10) escreve: “A luva de veludo de Bannon encaixa confortavelmente no punho de ferro de Trump. Vemos Trump atuando e se pronunciando, mas, muito frequentemente, são as palavras de Bannon que escutamos”.
Nos Estados Unidos, Bannon adaptou os ideais do Tradicionalismo ao nativismo, ao populismo e ao autoritarismo do projeto de Trump, enfatizando a oposição ao globalismo, à imigração e à China. A visão Tradicionalista de Bannon, anti-moderna, demonstra preocupação com os outsiders e foi fundamental na composição da plataforma eleitoral de Trump, sendo um ponto de conexão tanto com a direita religiosa, como membro do CNP, quanto com a Alt-Right, como CEO do Breitbart News.
Cargo na Casa Branca e relação com Trump
Bannon se juntou à campanha de Trump em agosto de 2016, mobilizando seu grande poder de influência sobre a camada popular ultradireitista para apoiar o candidato republicano. As semelhanças entre os dois líderes eram notáveis e admiradas por seus apoiadores: ambos vinham de um próspero cenário empresarial e criticavam frequentemente o Partido Republicano por não ser “extremo o suficiente”. Desde antes de 2016, Bannon já aconselhava Trump, incentivando-o a deslegitimar Barack Obama, no que ficou conhecido como Movimento Birther.
(Arquivo) “Onde está a certidão de nascimento?”, questiona outdoor em South Gate, Califórnia, nesta foto tirada em 12 nov. 2010 (Crédito: Victor Victoria (talk)/Wikipedia)
Como já mencionado, Bannon desempenhou o papel de instrumentalizar a personalidade de Trump para construí-lo como ator político da ultradireita. Em contrapartida, após a vitória de Trump em novembro, garantida pelo colégio eleitoral, o então presidente eleito criou um novo cargo para Bannon em seu novo governo: o de chefe estrategista e conselheiro político. Ele ocupou o cargo entre janeiro e agosto de 2017, uma semana após a manifestação “Unite the Right” em Charlottesville, na Virgínia, quando supremacistas brancos e neonazistas marcharam e entraram em confronto, resultando em mortos e feridos.
Já nos primeiros dias de governo, Trump demonstrou, por meio de uma série de ordens executivas, a base ideológica presente no pensamento de Bannon: causar caos e destruição de forma “ordenada e com propósito”. Em 20 de janeiro, Trump assinou a Ordem Executiva 13765, intitulada Minimizing the Economic Burden of the Patient Protection and Affordable Care Act Pending Repeal, com o objetivo de incitar as agências federais a pararem de aplicar aspectos-chave da legislação de reforma da saúde do presidente Obama. Em 23 de janeiro, ele assinou uma série de memorandos presidenciais, que removeu os Estados Unidos de um acordo comercial de 12 nações na região do Pacífico (a Parceria TransPacífico, ou TPP) e proibiu quaisquer verbas federais — por meio de ajuda estrangeira ou outros meios — de irem para organizações que fornecem serviços de aborto para mulheres.
Já em 24 de janeiro, ele assinou a Ordem 13766, denominada Expediting Environmental Reviews and Approvals for High Priority Infrastructure Projects. Ele também emitiu uma enxurrada de memorandos, promovendo a construção e a facilitação de regulamentação para a fabricação de uma série de oleodutos. No dia seguinte, ele emitiu a Ordem Executiva 13767, “Border Security and Immigration Enforcement Improvements”, pedindo a construção imediata de um muro físico ao longo da fronteira sul dos EUA com o México e a aceleração do processamento e da deportação de imigrantes ilegais. Na mesma data, Trump lançou uma segunda Ordem, de nº 13768, “Enhancing Public Safety in the Interior of the United States”.
Em 27 de janeiro, instituiu o memorando “Rebuilding the U.S. Armed Forces” e emitiu outra Ordem Executiva, de n.º 13769, “Protecting the Nation from Foreign Terrorist Entry into the United States”, que reduzia o número de refugiados admitidos e bloqueava a entrada de refugiados sírios indefinidamente. Essa Ordem também suspendia vistos para cidadãos de países do Oriente Médio e da África.
Essa questão migratória foi fundamental para Trump desde a sua campanha, e continuou sendo uma pauta central durante o seu mandato. Bannon compactuava com a visão nacionalista e anti-imigrante de Trump e foi, inclusive, fonte de declarações contra imigrantes proferidas pela mídia. Ele também investiu em uma ampla estratégica de emitir declarações sucessivamente rápidas, com o intuito de desorientar os “inimigos do presidente” em temas que lhes importam, como assistência médica, meio ambiente, aborto e imigração.
Um evento de grande repercussão foi a separação das crianças de seus pais na fronteira dos Estados Unidos com o México. Como Teitelbaum apresenta, desde pelo menos março de 2016, membros da Casa Branca de Trump estavam contemplando separar crianças de seus pais na fronteira, infligindo um trauma às crianças — o que era, justamente, o objetivo. A estratégia era “dissuadir” travessias ilegais de fronteira. A nova “política de tolerância zero” do governo agora fornecia um pretexto legal para fazer isso em uma escala maior. O governo dos EUA consideraria os adultos envolvidos como réus criminais em vez de requerentes de asilo e, como tais, eles não poderiam ser alojados com seus filhos. À medida que houve uma repercussão negativa nacional e internacional, Trump encerrou abruptamente as separações em 20 de junho de 2018, por meio de uma Ordem Executiva.
Imigração e segurança de fronteira são as questões fundamentais de Bannon, aquelas que ele identifica como detentoras de potencial político inexplorado e que ele vê como abrangendo uma série de outras preocupações. É por isso que ele fala, recorrentemente, sobre fronteiras e o faz de várias maneiras, inclusive no que tange à China. Aqui, as fronteiras também aparecem como centrais para a visão de mundo de Bannon sobre a China, que tem tentado dominar o mundo por meio de um efeito em rede, considerado anti-Westfaliano por Bannon. A China estaria buscando se conectar com outros países por meio de iniciativas como a One Belt Road Iniciative, por exemplo. O fortalecimento das fronteiras, neste caso, é menos uma questão de política interna e mais de resistência a um novo imperialismo globalista que, segundo ele, emana da China. A soberania é o prêmio a ser conquistado em tudo isso.
Enfim, em 2020 Bannon foi acusado de fraude para doadores da campanha de arrecadação de fundos chamada We Build The Wall (”nós construímos o muro”), que conseguiu angariar mais de US$ 25 milhões para construir o muro na fronteira com o México — uma promessa feita por Donald Trump durante sua campanha. Bannon e outros, conforme a promotora interina de Manhattan, Audrey Strauss, “aproveitaram o interesse [de doadores] em financiar o muro da fronteira para obter milhões de dólares, sob o falso pretexto de que seriam gastos na construção”. Ele chegou a ser detido, mas pagou US$ 5 milhões de fiança e foi liberado.
Legado político e as eleições de 2024
Arnsdorf afirma que a ideia de Bannon, de construir um movimento de massa, derivou do livro de Eric Hoffer, intitulado “Fanatismo e Movimento das Massas”, de 1951. Essa inspiração teria resultado no movimento MAGA – Make America Great Again. Em seu livro, Hoffer argumenta que todos os movimentos de massa compartilharam características comuns e seguiram um caminho discernível. O líder não conjura o movimento do vazio, havendo a necessidade de seguir uma vontade e de obedecer.
A proposta de Hoffer dizia respeito aos seguidores: pessoas comuns se tornaram fanáticas, ao contrário de pessoas bem-sucedidas e bem-ajustadas, que não se deixam contagiar pelo fanatismo. Os verdadeiros crentes não buscavam autopromoção, mas sim “autorrenunciação”. Os tipos mais suscetíveis a se tornarem verdadeiros crentes seriam pobres, artistas, esforçados, desajustados, extraordinariamente egoístas ou simplesmente pessoas entediadas.
Bannon segue isso ao ter, principalmente, homens jovens e insatisfeitos como alvo para suas proposições e políticas. Ele se voltou para jovens “cronicamente on-line” (gamers, criadores de memes, membros de uma subcultura na Internet). Isso é perceptível pelos números de tráfego do Breitbart, que confirmaram a popularidade de Trump como pré-candidato, ainda em 2015, o que fez Bannon posicionar o site como o parceiro de mídia não oficial da campanha de Trump para derrotar o campo primário republicano.
A mensagem passada era a de que Trump, o “bilionário operário”, estava ali para explodir a ordem política estabelecida, claramente falha em atender às necessidades e interesses do público. Trump seria, assim, um defensor dos americanos esquecidos e deixados para trás. Bannon viu em Trump alguém que poderia se conectar visceralmente com a angústia geral e se tornar um veículo para as queixas e os desejos dos americanos.
Em 2019, Bannon começou um podcast chamado “War Room”. Foi nesse período que ele começou a juntar recursos, a partir de um levantamento de dinheiro coletivo, para o muro da fronteira. Recebeu doações de mais de 250 mil pessoas. No verão de 2020, ele foi preso, acusado de fazer mal-uso desse dinheiro, gastando-o no seu próprio salário, viagens, hotéis e cartões de crédito.
Segundo Arnsdorf, Trump estava concorrendo à reeleição, em 2020, quando eles voltaram a se falar. Ele chamou Bannon para administrar sua campanha, mas Bannon recusou, por acreditar que a campanha era inútil, já vencida por Biden, devido à emergência da pandemia da covid-19. No entanto, minar a Presidência de Biden era algo que Bannon poderia fazer, e ele o fez. Em seu podcast e em discursos para grupos republicanos em todo o país, Bannon se dirigiu a públicos que estavam certos de que Trump venceria. Bannon alertou-os para permanecerem focados, prestarem atenção, pois, caso Trump não vencesse, as eleições teriam sido fraudadas.
Trump dizia, desde o verão de 2020, que os democratas usariam cédulas de correio para roubar a eleição, usando a pandemia como desculpa para mudar as regras. Bannon foi além ao “explicar” como tudo ocorreria: os votos do dia da eleição mostrariam Trump à frente e ele declararia vitória naquela noite. Os democratas e a mídia diriam, porém, que eles deveriam esperar as cédulas de correio. Os resultados do Colégio Eleitoral seriam contestados e caberia ao Congresso decidir o resultado, quando se reunisse para certificar formalmente os resultados em 6 de janeiro de 2021. Nesse ponto, Bannon prometeu que o Congresso devolveria a eleição ao Partido Republicano.
Esse plano controverso não necessariamente daria certo, mas isso não era relevante. O objetivo era usar a ocasião para encenar tal espetáculo, de modo a minar a legitimidade da possível vitória de Biden com milhões de americanos. Tudo o que importava era que os apoiadores de Trump acreditassem em que era possível o Congresso bloquear os resultados das eleições naquele dia. O caos seria instaurado com as contestações, e Bannon continuaria a minar o público do seu podcast, inclusive incitando-os a comparecerem à manifestação em frente ao Capitólio, onde os legisladores federais contabilizavam os votos das eleições, no dia 6 de janeiro de 2021.
(Arquivo) Invasão do Capitólio, em Washington, D.C., em 6 jan. 2021 (Crédito: TapTheForwardAssist/Wikipedia)
O que foi, de início, caracterizado por Trump como um protesto pacífico de patriotas frustrados, tornou-se rapidamente uma insurreição caótica e violenta, quando as massas – compostas, em parte, por grupos radicais neonazistas ou supremacistas raciais como Proud Boys e Oath Keepers – invadiram o Congresso, deixando incontáveis feridos, cinco mortos e uma mácula profunda e bastante simbólica no alicerce da democracia americana.
Após o evento, Bannon passou a ser uma voz essencial no universo MAGA. O ecossistema de mídia pró-Trump dividiu-se em plataformas alternativas e sites marginais, como Rumble, Telegram e BitChute, mas Bannon se destacou, alcançando mais ouvintes, recebendo os convidados mais requisitados, produzindo mais conteúdo e definindo a agenda política a ser seguida. Bannon e seus convidados desenvolveram “o mito da Eleição Roubada”, apesar da derrota de Trump ter sido verificada e confirmada por diversas recontagens de votos e auditorias oficiais convocadas por seus aliados políticos.
A fraude foi apenas a primeira parte deste mito, com a segunda delas focada nos bastidores. Todo o tumulto de 2020 tinha, como Hoffer previu, feito o trabalho preliminar de minar instituições e criar uma receptividade a uma nova fé. Agora cabia a Bannon transformar a derrota de 6 de janeiro no momento galvanizador para a próxima fase do movimento MAGA. O movimento havia crescido, e a audiência era agora mais velha (homens nos seus 50, 60 anos ou mais), porém com uma necessidade similar para conexão. Ele falava com pessoas que não pareciam radicais e não pensavam em si mesmas como extremistas, mas sim como patriotas inconformados com a ameaça à democracia americana representada pela suposta vitória ilegítima de Biden.
Os verdadeiros crentes eram propensos à conversão de uma causa para outra, pois eram movidos mais pela necessidade de se identificar com um movimento de massa do que por qualquer ideologia em particular. Bannon não estava, como um estrategista político típico, tentando mexer nas bordas das coalizões partidárias existentes na esperança de ganhar 50% mais um. O Partido Republicano foi radicalizado e resgatado como parte desse movimento.
Em 2022, Bannon foi condenado pelo crime de desacato ao Congresso. Ele se recusou a cooperar com informações sobre a Insurreição do 6 de janeiro, que era investigada por um comitê congressional bipartidário. Com seu último recurso judicial sendo recusado pela Suprema Corte dos EUA, o ativista conservador foi preso em julho deste ano e serve uma sentença de quatro meses em uma prisão federal. Bannon soa, atualmente, como uma versão mais militante de Trump e acusa os oponentes do ex-presidente de tentarem “roubar” a eleição, comprometendo-se a atacar não somente seus adversários políticos, mas qualquer um que considere oposto ao líder conservador.
As prioridades no âmbito do slogan político MAGA são: cessar o financiamento para a Ucrânia; cortar gastos do governo; iniciar um processo de acabar com o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano); fechar a fronteira sul; deportar de 10 milhões a 15 milhões de pessoas; e desmontar o estado administrativo. O think tank conservador The Heritage Foundation, por exemplo, elaborou seu roteiro do Projeto 2025 para refazer o serviço público, demitindo muitos funcionários de carreira e substituindo-os por mais vozes políticas.
Bannon, por fim, alega que o MAGA é maior do que ele e até mesmo do que Trump. Ele seguirá normalmente em sua missão de incitar caos e destruição, de adaptar os ideais do Tradicionalismo ao projeto de Trump e de enfatizar a oposição ao globalismo, à imigração e à China. Mesmo em cárcere, Bannon acredita na vitória de Trump este ano e que a próxima Casa Branca será influenciada pelas ideias que ele promoveu em seu programa, com a imigração sendo a prioridade máxima, seguida de temas econômicos e militares.
(Arquivo) “Projeto 2025 Ditadura para os EUA”, “Parem com a guerra contra os pobres”: protesto em Washington, D.C., em 27 jan. 2024 (Crédito: Elvert Barnes/Flickr)
Ainda contestando os resultados das eleições de 2020, Bannon já se prepara para mobilizar o “exército MAGA” no caso da vitória da candidata democrata Kamala Harris contra Trump, cenário que considera impossível. Se essa mobilização se concretizará em uma réplica da Insurreição de 6 de janeiro é algo que deverá ser observado. Mas o fato que permanece inegável é que a influência político-ideológica de Bannon sobre a camada ultraconservadora da sociedade estadunidense contribuiu para a instauração de uma nova tradição republicana de subverter e atacar as instituições democráticas que regem o país. O legado de Bannon, dessa forma, ainda paira sobre as eleições presidenciais de 2024.
* Andressa Mendes é pesquisadora colaboradora do INCT-INEU/OPEU e doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (UNESP/UNICAMP/PUC-SP). Ela é mestre e graduada em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Contato: glm.andressa@gmail.com.
Augusto Scapini é pesquisador colaborador do INCT-INEU/OPEU e bacharel em Relações Internacionais pelo IRID/UFRJ. Contato: augusto.scapini@ufrj.br.
** Revisão e edição final: Tatiana Teixeira. Primeira versão recebida em 11 out. 2024. Este Panorama EUA não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.
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