Sociedade

Morre James Lawson, ícone da luta por direitos civis nos EUA e companheiro de Martin Luther King

(Arquivo) Reverendo James Lawson no Fletcher Summer Institute, em 19 jun. 2013 (Crédito: Laura Garcia/Flickr)

Por Gabriel Antônio Barboza Ferreira* [Informe OPEU]

“E quero saudar os pregadores da fé, sob a liderança deste nobre homem: James Lawson, alguém que está há muitos anos nesta luta; esteve na cadeia pela luta; mas ele persiste, lutando pelo direito do seu povo”.

Foram essas as palavras de Martin Luther King Jr. em seu último discurso em vida, em abril de 1968, sobre o reverendo James Lawson, intelectual e militante negro, ícone da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. O mundo se despediu de Lawson na última segunda-feira (10 de junho), mas sua história e seu legado sobre a luta por igualdade racial permanecerão influentes por muito tempo, em especial para a população negra dos Estados Unidos.

Dessa maneira, tomaremos como tarefa um breve resumo sobre a vida e a militância de James Lawson, como prova de seu incansável esforço pela libertação do povo negro e exemplo de um arquiteto de um mundo melhor do que aquele que o recebeu.

Nascido em Uniontown, Pensilvânia, em 1928, Lawson passou a juventude lidando com a segregação racial, sendo instruído principalmente por sua mãe, Philane May Cover, sobre como lidar com a constante violência racial usando de meios não-violentos.

Lawson se aproxima da Igreja Metodista ao final de seu ensino médio, adquirindo uma licença para exercer o cargo de pastor em seu último ano de estudos escolares, 1947.

Em 1951, foi preso pela primeira vez em sua vida ao recursar a se alistar nas Forças Armadas durante o período da Guerra da Coreia. Uma vez em liberdade condicional no ano seguinte, viajou para a Índia em um trabalho religioso como missionário, onde tomou contato pela primeira vez com o ativismo de Mahatma Gandhi e seu uso político da não-violência.

Após voltar aos Estados Unidos e iniciar seus estudos em teologia na Oberlin College e na Universidade de Vanderbilt, Lawson conhece Martin Luther King Jr. em 1957, que o convida para ministrar aulas para jovens negros sobre a prática da não-violência como protesto político.

Suas atividades levaram-no à expulsão de Vanderbilt em 1960, mas também o destacaram como “o principal teórico e estrategista do uso da não-violência no mundo”, segundo as palavras de seu companheiro Martin Luther King Jr.

(Arquivo) Rev. James Lawson, Martin Luther King Jr. e rev. Ralph Jackson, em entrevista coletiva em 28 mar. 1968, em Memphis (Crédito: The University of Memphis)

A morte do principal nome da luta por direitos civis nos Estados Unidos e amigo pessoal de Lawson, Martin Luther King Jr., não o desanimou. Ele continuou seus trabalhos de educação e militância em diversas frentes e grupos, como na Conferência da Liderança Cristã do Sul (Southern Christian Leadership Conference), onde manteve as atividades de militância; no departamento de Estudos Sociais da Universidade da Califórnia, onde foi professor; e principalmente na igreja Holman United Methodist Church, em Los Angeles, onde ministrou aulas, palestras e sermões sobre o uso da não-violência no combate ao racismo até o fim de sua vida.

Vários dos seus alunos seguiram seus passos na construção de um mundo melhor por meio do diálogo e do pacifismo, como John Lewis, membro da Câmara dos Representantes nos Estados Unidos e um dos principais nomes na defesa dos direitos da população negra, e Diane Nash, professora, líder estudantil e militante.

James Lawson deixa um mundo significativamente mais tolerante quando comparado ao que o recebeu em 1928, mas não o suficiente para que sua luta seja abandonada. Do homem que ajudou Martin Luther King a sonhar e que ensinou tantos outros o caminho para esse sonho deve ser tomada sua incessante vontade de mudar o mundo sem deixar que o mundo mude você, por meio da educação, do pacifismo e da não-violência.

 

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Gabriel Antônio Barboza Ferreira é graduando em Relações Internacionais pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e bolsista de IC do INCT-INEU, orientado pelo prof. Williams Gonçalves (Uerj/INCT-INEU). Contato: gbuerjri@gmail.com.

** Revisão e edição finais: Tatiana Teixeira. Primeira versão recebida em 17 jun. 2024. Este Informe não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

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