Política Doméstica

O que está por trás dos elefantes vermelhos e dos jumentos azuis na política estadunidense?

Símbolos: o elefante republicano e o burro democrata (Crédito: DonkeyHotey/Flickr)

Por Kayla Arnoni Vertematti Baptista* [Informe OPEU]

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Thomas Nast (Fonte: Library of Congress)

Com as eleições norte-americanas se aproximando, os símbolos de cada partido se tornam elementos visuais marcantes do dia a dia de quem acompanha, caracterizados por uma curiosa tradição, já muito forte no imaginário popular: a associação dos partidos políticos com animais. De um lado, os republicanos, representados pelo elefante e pela cor vermelha e, do outro, os democratas, simbolizados pelo jumento e pela cor azul. Embora essa comparação possa parecer estranha à primeira vista, ela tem uma longa história na cultura política dos Estados Unidos, há mais de um século.

Para entender melhor essa história, precisamos conhecer quem foi o principal difusor dessa alegoria e o meio pelo qual ele a propagou. Thomas Nast foi um ilustrador e cartunista político americano, conhecido por seu trabalho na Harper’s Weekly, uma revista semanal americana publicada entre 1857 e 1916 que ganhou destaque durante a Guerra Civil como uma das principais fontes de notícias e opiniões da época. A revista abordava uma variedade de temas, incluindo política, cultura, arte e sociedade, e desempenhou um papel muito significativo na formação da opinião pública americana.

Como e por que surgiram esses símbolos?

Thomas Nast tinha visões políticas progressistas e fortes valores antiescravagistas, sendo um republicano declarado. Mesmo muitas de suas charges políticas sendo favoráveis a seu partido, ele era conhecido por criticar membros corruptos e por defender causas que não necessariamente se alinhavam com os ideais do partido em todos os aspectos.

Nast surge com o elefante republicano pela primeira vez em 1874, em uma charge. Ele o escolheu por ser um animal grande, forte, e estável, simbolizando o que acreditava representar os republicanos. O jumento, símbolo do Partido Democrata, tem sua origem associada a Andrew Jackson, o sétimo presidente dos Estados Unidos e líder da então legenda. No século XIX, Jackson era frequentemente retratado como um “jumento teimoso” por seus oponentes políticos. Em vez de se ofenderem com a alcunha, os democratas se apropriaram do animal como um símbolo de teimosia e determinação.

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Fonte: Our White House

A primeira vez que o jumento apareceu em imagem foi em 1870, em uma ilustração também na Harper’s Weekly. Nessa charge, foi retratado um jumento segurando uma carga desequilibrada, representando a incerteza e a divisão dentro do Partido Democrata na época. Nast continuou a utilizar o jumento em suas ilustrações, o que ajudou a solidificar a imagem do jumento com os democratas. Mesmo não tendo sido adotado oficialmente como símbolo pelo partido, tornou-se uma forte representação, usada principalmente por eleitores.

Sempre foi vermelho e azul?

Antes do estabelecimento da convenção de cores, associando-se o vermelho ao Partido Republicano, e o azul, ao Partido Democrata, a representação visual dos partidos políticos durante as eleições era bastante variada e não havia uma padronização clara. Diferentes fontes de mídia e analistas políticos escolhiam cores diferentes para apresentar os partidos em seus mapas eleitorais e divulgar os dados, o que criava uma falta de consistência e tornava difícil para os telespectadores entenderem o processo eleitoral.

Tudo isso mudou após a eleição presidencial de 2000, na qual a cobertura da imprensa consolidou um acordo de cores, associando o vermelho ao Partido Republicano, e o azul, ao Democrata. Essa mudança foi estabelecida durante a cobertura das eleições, quando a emissora de televisão NBC utilizou a cor vermelha para indicar os estados que votaram no então candidato republicano à Presidência dos EUA, George W. Bush, e a cor azul, os estados que votaram no candidato democrata, Al Gore.

Desde então, esse uso de cores virou padrão de representação e é amplamente utilizado pela mídia e pelos analistas políticos nos Estados Unidos. Além de facilitar a compreensão do processo eleitoral, por parte da população habilitada a ir às urnas, proporciona uma identidade visual mais sólida aos partidos políticos, trazendo maior clareza e consistência à representação visual durante as eleições.

 

* Kayla Arnoni Vertematti Baptista é graduanda em Relações Internacionais pela Universidade Anhembi Morumbi e aluna participante da UC Dual em parceria com o OPEU. Contato: kaylavertematti@gmail.com.

** Revisão e edição finais: Tatiana Teixeira. Recebido em 26 abr. 2024. Este Informe não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

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