China e Rússia

RAND Corporation e sua influência na política externa estadunidense

Prédio da RAND Corporation, em Santa Monica, Califórnia (Crédito: Thomas Leffler)

Por Ana Thees* [Informe OPEU]

RAND Corporation - WikipediaRAND Corporation é um think tank fundado em 1948 a partir da cisão entre a antiga empresa aeroespacial Douglas Aircraft Company e o Projeto RAND. A companhia desempenhou um importante papel no fornecimento bélico às Forças Armadas estadunidenses durante a Segunda Guerra Mundial. Com o fim do conflito, indivíduos ilustres no Departamento de Guerra, no Escritório de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e na indústria criaram, em parceria com a referida empresa, o Projeto RAND, com vistas a articular o planejamento militar com as decisões de pesquisa e desenvolvimento. A organização conquistou um significativo reconhecimento que permitiu sua expansão rápida e expressiva.

Diante desse cenário, a Força Aérea estadunidense requisitou a separação do Projeto RAND à Douglas Aircraft Company que aprovou sua evolução em uma corporação independente e sem fins lucrativos. A instituição é financiada pelo Governo, pela Força Aérea e pelo Exército dos Estados Unidos, agências governamentais e locais, universidades, empresas e outros setores privados do país. Sua sede está localizada na cidade de Santa Monica, na Califórnia.

A ameaça russa

Assim como foi fundamental na elaboração do plano estratégico adotado pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria, a RAND Corporation mantém seu papel de influenciadora do curso de ação seguido pelos estadunidenses durante a Guerra da Ucrânia. No plano econômico, a instituição defende a determinação de sanções comerciais e financeiras. No campo da política e da informação, o think tank visa a depreciar, a todo custo, a imagem da Rússia, de modo a descredibilizar fontes e informações procedentes do país. Dessa forma, pretende-se incutir, principalmente na opinião pública, a ideia de que a Rússia é uma verdadeira ameaça para o Ocidente e, por isso, esforços não devem ser poupados para combatê-la. No domínio militar, o think tank defende que os EUA devem conceder assistência bélica à Ucrânia, além pressionar a OTAN para que amplos investimentos sejam concedidos ao país.

Ademais, a RAND Corporation oferece análises de nível tático que contêm considerações cruciais para que o Departamento de Defesa dos EUA decida sobre qual melhor movimento estratégico tomar diante da escalada do confronto, de modo a possibilitar a maximização da garantia dos interesses estadunidenses. Por fim, vale mencionar que a instituição apresenta uma posição clara e incisiva quanto à resolução da guerra: a possibilidade de uma paz negociada não é uma opção viável. Acredita-se que ambos os lados beligerantes não pisam em terra firme ao se tratar de confiança mútua. Logo, instaurou-se um temor de que o outro não se comprometa a cumprir qualquer tipo de acordo firmado ou se aproveite de uma pausa para descansar e se recuperar para o próximo combate.

A concorrência chinesa

Ao se tratar da China, a RAND Corporation explora majoritariamente questões relativas à concorrência, a fim de conceder aos EUA uma visão mais ampla dos meandros da competição com o país asiático e que possibilite a delimitação de medidas também capazes de proteger os interesses estadunidenses. Apesar de seus analistas apostarem na improbabilidade de uma guerra EUA-China, reconhecem a existência de tensões decisivas para o destino da disputa em questão, tais como Taiwan e o Mar da China Meridional.

210409-N-HI500-1502 | SOUTH CHINA SEA (April 9, 2021) The Ti… | Flickr(Arquivo) O cruzador de mísseis guiados da classe Ticonderoga “USS Bunker Hill” (CG 52), na frente, transita pelo Mar da China Meridional com o navio de transporte anfíbio da classe San Antonio “USS San Diego” (LPD 22), em 9 abr. 2021 (Crédito: Marinha dos EUA/especialista em comunicação de massa de 2ª classe Brandie Nuzzi)

Nesse contexto, o think tank aconselha a expansão da influência estadunidense na região do estreito de Taiwan, no Mar do Sul e do Leste da China, assim como na península coreana, por meio de acordos e tratados, com destaque para aqueles voltados para a segurança e a defesa marítimas. Somado a isso, defende-se a adoção de estratégias não-bélicas e propostas para além dessas temáticas. Assim sendo, de acordo com a instituição, o domínio militar não se apresenta como fator único e preponderante para o triunfo dos EUA, mas sim deve ser acompanhado de investimentos no campo da economia, tecnologia e diplomacia.

Os demais países integrantes do grupo BRICS aparecem com menos frequência, recebendo atenção, sobretudo, quando há relação com os dois principais adversários dos EUA: Rússia e China.

 

No OPEU, a autora também publicou:

Documento “Relatório da diplomacia dos EUA acusa China de buscar remodelar ambiente global da informação”, em 21 mar. 2024

 

* Ana Thees é graduanda em Relações Internacionais pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e bolsista de IC do INCT-INEU, sob supervisão e orientação do prof. Dr. Williams Gonçalves (Uerj/INCT-INEU). Contato: anathees241@gmail.com.

* Revisão e edição finais: Tatiana Teixeira. Primeira versão recebida em 13 mar. 2024. Este Documento não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

*** Sobre o OPEU, ou para contribuir com artigos, entrar em contato com a editora do OPEU, Tatiana Teixeira, no e-mailtatianat19@hotmail.com. Sobre as nossas newsletters, para atendimento à imprensa, ou outros assuntos, entrar em contato com Tatiana Carlotti, no e-mailtcarlotti@gmail.com.

 

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