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Relatório da diplomacia dos EUA acusa China de buscar remodelar ambiente global da informação

Crédito: Dreamstime

Por Ana Thees* [Documento]

HOW THE PEOPLE'S REPUBLIC OF CHINA SEEKS TO RESHAPE THE GLOBAL INFORMATION ENVIRONMENT 508 - United States Department of StateO Departamento de Estado americano divulgou, em 28 de setembro de 2023, o Relatório Especial “Como a República Popular da China procura remodelar o ambiente global de informação” (no original: “How the People’s Republic of China Seeks to Reshape the Global Information Environment”), elaborado por seu Centro de Engajamento Global.

Segundo informações disponíveis no site institucional, o Centro de Engajamento Global tem como missão “dirigir, liderar, sincronizar, integrar e coordenar os esforços do Governo Federal dos EUA para reconhecer, compreender, expor e combater a propaganda estrangeira estatal e não estatal e os esforços de desinformação destinados a minar ou influenciar as políticas, a segurança ou a estabilidade dos Estados Unidos , seus aliados e nações parceiras”.

O referido relatório acusa a República Popular da China de buscar influenciar o ambiente de informação internacional, por meio de artifícios “desonestos e coercitivos”, de modo que o público, o qual é composto por “governos estrangeiros, elites, jornalistas e a sociedade civil”, assimile sua narrativa e evite criticar seu comportamento. Dentre os métodos de manipulação que estariam sendo empregados pelo país, o texto menciona “censura, autoritarismo digital, aproveitamento de organizações internacionais e de parcerias bilaterais e controle dos meios de comunicação de língua chinesa”. Segundo o relatório, tais diretrizes permitem à China reformular, sob a luz de seus interesses, os pilares do cenário global de informação. A começar pela “influência total e secreta sobre o conteúdo e as plataformas”, tendo em vista seu intuito de “ampliar a dimensão de narrativas manipuladas que promovam visões positivas sobre o país”. Para isso, acrescenta o documento, sua atuação dedica-se à participação nos veículos de mídia estrangeira.

Ademais, o relatório acusa a China de se empenhar para restringir a “liberdade de expressão global”. Ao tratar de tópicos que considera controversos, “a RPC empregou intimidação on-line e do mundo real para silenciar a dissidência e incentivar a autocensura”. Além disso, indica-se que o país também procurou censurar corporações que direcionassem críticas à sua atuação. Por último, o texto responsabiliza a RPC por estabelecer uma comunidade de autoritários digitais, por meio da propagação de tecnologias para vigilância e censura. Isso teria permitido, de acordo com a análise, a exportação global de alguns “aspectos de seu ambiente de informação doméstico”. Destaca-se que Pequim promoveu estratégias de manipulação de informação com enfoque especial na África, na Ásia e na América Latina.

Por fim, o relatório chama a atenção para as consequências globais do êxito dos esforços de Pequim: os países em desenvolvimento estariam submetidos às propagandas emitidas pela China, de modo a “contaminar sua opinião”. Dessa forma, os interesses chineses seriam favorecidos em fóruns multilaterais e em relações bilaterais. Além disso, o texto alerta que o ambiente de informação internacional estaria tomado por “lacunas e preconceitos insuflados por Pequim”. Portanto, a solução para esse cenário se inicia na percepção global dos “atos desleais” de disseminação da informação empregados pela China.

O documento não tem indicação de autoria.

Acesse aqui, um resumo do relatório em português.

 

* Ana Thees é graduanda em Relações Internacionais pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e bolsista de IC do INCT-INEU, sob supervisão e orientação do prof. Williams Gonçalves (Uerj/INCT-INEU). Contato: anathees241@gmail.com.

** Revisão e edição finais: Tatiana Teixeira. Primeira versão recebida em 13 mar. 2024. Este Documento não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

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