Resumo da Semana

EUA e o Resumo do Mês (de 1º a 31 jul. 2022)

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Por Equipe Opeu*

Cada seção está em ordem cronológica

 

África, por Rafael Seabra

A U.S Naval Forces Africa (NAVAF) e a Guarda Costeira dos Estados Unidos chegaram a Argel, capital da Argélia, entre os dias 6 e 7. A Argélia é parceira de segurança marítima dos EUA, e a presença da NAVAF e da Guarda Costeira reforçam a relevância da relação bilateral.

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, caminhou na direção do afastamento de seu país da dependência energética do carvão, o que irá viabilizar aproximadamente US$ 8,5 bilhões em oportunidades de investimento. Ramaphosa deu sinal verde ao Arcabouço de Transição Justa, que estipulará medidas para minimizar os impactos econômicos e sociais do movimento de longo prazo de afastamento do uso do carvão.

2022 Youth Day | President Cyril Ramaphosa at St John's Coll… | FlickrPresidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em 16 jun. 2022 (Crédito: GCIS)

Na quinta-feira (14), Estados Unidos e Quênia lançaram uma parceria estratégica nas áreas comercial e de investimentos. A iniciativa tem foco no crescimento econômico, apoio à integração econômica regional e aprofundamento da cooperação comercial, mas não houve menção à redução de tarifas, ou à ampliação do acesso a mercados. Ainda assim, os EUA não descartam negociações comerciais mais abrangentes que poderiam servir de modelo para outros países africanos.

Na sexta-feira (15), os Estados Unidos anunciaram em Campala, capital de Uganda, mais de US$ 592 milhões em assistência humanitária para a África, por meio do Departamento de Estado e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês). Em nota à imprensa, o Departamento de Estado afirmou que a quantia permitirá aos parceiros humanitários ajudar mais de sete milhões de refugiados pela África, assim como mais de 25 milhões de refugiados internos, sendo Uganda o maior receptor de refugiados do continente.

Leia também: É hora de novo engajamento dos Estados Unidos na África, por Tony Elumelu

Na segunda-feira (18), um ataque aéreo estadunidense matou dois membros de um grupo afiliado à Al-Qaeda na Somália. Trata-se da primeira ação maior dos Estados Unidos desde que o presidente Joe Biden enviou forças especiais de volta ao país em maio, anulando a medida de Trump que havia retirado as tropas ao fim de seu mandato.

O Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional afirmou na segunda-feira (18) que foi aprovado o montante de US$ 1,04 bilhão para a Tanzânia, em empréstimo destinado a “financiar a recuperação econômica, lidar com efeitos da invasão russa na Ucrânia, preservar a estabilidade macroeconômica e apoiar reformas estruturais”.

Diante de um período de seca sem precedentes na região conhecida como Chifre da África, em especial Etiópia, Quênia e Somália, a Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) anunciou no dia 18 que irá fornecer cerca de US$ 1,3 bilhão em ajuda humanitária para ajudar a estancar a fome e a morte em massa que assolam a região.

Em um comunicado na quarta-feira (20), o presidente Joe Biden manifestou sua expectativa em receber os líderes do continente africano em Washington, D.C., em dezembro, na Cúpula de Líderes EUA-África.

Na quinta-feira (27), os EUA convocaram a República Democrática do Congo a proteger as forças de paz da ONU. Protestos contra a presença da missão da ONU conhecida como MONUSCO resultaram na morte de ao menos 19 pessoas, entre as quais estavam três peacekeepers. Os Estados Unidos manifestaram apreço pela movimentação do governo de Kinshasa no sentido de reforçar a segurança na região.

Também na quinta-feira, os Estados Unidos anunciaram um adicional de US$ 488 milhões em assistência humanitária para a Etiópia, “conforme uma seca sem precedentes históricos ameaça a sobrevivência de mais de 8,1 milhões de pessoas”.

América Latina, por Vitória de Oliveira Callé

Na sexta-feira (8), autoridades dos EUA, do Canadá e do México se encontraram em Vancouver (Canadá) para celebrar o segundo ano de vigência do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês). Trata-se do acordo comercial regional que substituiu o Acordo Norte-Americano de Livre-Comércio (NAFTA, na sigla em inglês) em 2018. A pauta principal da reunião abordou as políticas mexicanas, sobretudo questões energéticas, trabalhistas e ambientais. A representante comercial dos EUA, Katherine Tai, reiterou as preocupações de seu governo com os planos do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, de aumentar o controle estatal sobre o setor de energia. Segundo ela, esse “tratamento arbitrário” está colocando em risco os investimentos de empresas estadunidenses no México. Tai afirma que está investigando as possibilidades para lidar com a questão: “Deixei muito claro que todas as alternativas estão na mesa e continuaremos a explorar essas opções”. Ademais, após encontro com a ministra da Economia do México, a representante dos EUA alertou que a política climática mexicana pode afastar investimentos dos EUA e são necessárias “práticas regulatórias sólidas e transparentes”.

Também na sexta-feira (8), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, encontrou-se com o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Santiago Cafiero, durante a reunião do G20 em Bali (Indonésia). No encontro bilateral, foram discutidas possibilidades de fortalecimento da colaboração EUA-Argentina em áreas como investimentos em tecnologia, acesso e comércio de minerais críticos e medidas positivas no campo da segurança alimentar. Blinken reafirmou o apoio dos EUA ao desenvolvimento da indústria nacional de energia nuclear civil da Argentina e incentivou a adoção do Protocolo Adicional da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que amplia a capacidade da agência de inspecionar os programas do país. No âmbito do G20, Blinken discursou e pontuou que: “Nenhum desses desafios que nosso povo está enfrentando pode realmente ser respondido efetivamente por qualquer um de nós agindo sozinho; e tanto a Argentina quanto os Estados Unidos estão realmente comprometidos com um multilateralismo energizado, e essa é uma das coisas em que nos concentramos hoje”.

Secretary Blinken Meets with Argentine Foreign Minister Sa… | FlickrSecretário de Estado americano, Antony Blinken, reúne-se com o chanceler argentino, Santiago Cafiero, em Bali, Indonésia, em 8 jul. 2022 (Crédito: Departamento de Estado/Ron Przysucha)

No sábado (9), o Departamento de Estado dos EUA anunciou a imposição de restrições de visto a 28 oficiais cubanos. Fazem parte da lista políticos que estiveram envolvidos na repressão aos protestos de 11 de julho de 2012 em Cuba e funcionários que trabalham nos setores de comunicação e mídia do Estado cubano. Segundo Blinken, essas pessoas “implementam políticas que restringem a capacidade dos cubanos de acessar e compartilhar livremente informações e que se envolvem na disseminação de desinformação”. Em resposta, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, manifestou em suas redes sociais que as tentativas de boicote dos EUA ao governo cubano fracassaram em 2021. Em repúdio, afirmou que “os Estados Unidos e seu secretário de Estado procuram agora desacreditar o triunfo popular diante da agressão imperialista. Suas repetidas medidas coercitivas são atos que violam o Direito Internacional e a Carta da ONU”.

Na segunda-feira (11), o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), viajou a Washington para encontro com Joe Biden. A reunião bilateral tratou de temas como a situação migratória, oportunidades de emprego e possibilidades de investimentos e comércio. Ao regressar ao México, AMLO demonstrou contentamento em relação à conversa que teve com o líder estadunidense: “A reunião que tivemos na Casa Branca foi muito favorável para ambas as nações”.

Notoriamente, como temática recorrente das últimas semanas, a questão migratória sobressaiu no diálogo. De antemão, AMLO declarou que a segurança dos migrantes seria sua prioridade durante a visita aos EUA. Já Biden ressaltou que “abordar a migração é um desafio hemisférico” e acrescentou que seu governo estava criando vias legais para migrantes. Nesse sentido, houve entendimento de ambas as partes de seguir com as medidas migratórias acordadas no encontro. O governo mexicano se comprometerá a investir US$ 1,5 bilhão em reforços de sua infraestrutura de fronteira entre os anos de 2022 e 2024, recurso que complementará os US$ 3,4 bilhões já destinados pela administração de Biden. Ademais, os EUA concordaram em aumentar o número de vistos de trabalho para mexicanos e centro-americanos e os países se propuseram a formar um grupo de trabalho sobre as vias de migração laboral.

No tocante ao comércio bilateral, em declaração conjunta, os líderes anunciaram que o México planeja comprar até 20k de toneladas de leite em pó e um milhão de toneladas de fertilizante de sulfato de amônio dos EUA.

Para mais, Obrador também se encontrou com empresários estadunidenses. Empresas estadunidenses planejam investir cerca de US$ 40 bilhões no México até 2024, sobretudo no setor energético.

Na segunda-feira (11), o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) anunciou que irá renovar, mas não expandir, a proteção humanitária para venezuelanos no país. O uso do Status de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês) foi ampliado pela gestão Biden, que, ao mesmo tempo, tem enfrentado desafios políticos e operacionais com o elevado número de imigrantes que chegam aos EUA pela fronteira com o México, incluindo os venezuelanos.

Na terça-feira (19), a embaixada dos Estados Unidos em Brasília descreveu as eleições brasileiras como um “modelo para o mundo”. A declaração se dá um dia após o presidente Jair Bolsonaro afirmar a embaixadores estrangeiros que o sistema de votação eletrônica do país é vulnerável a fraudes.

Na quarta-feira (20), os EUA solicitaram negociações de solução de controvérsias com o México para tratar das políticas energéticas mexicanas sob o acordo EUA-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês). As reclamações dos EUA sobre o tema se referem ao aumento do controle estatal sobre as empresas de energia no México, medida que os EUA criticam veementemente por ser discriminatória e por “minar” empresas estadunidenses e suprimentos transfronteiriços.

O anúncio do escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) alertou que, caso as conversas fracassem, tarifas punitivas sobre o México poderão ser aplicadas. Além disso, as pressões escalaram quando o Canadá declarou apoio aos EUA nessa disputa: “Nós concordamos com os Estados Unidos que essas políticas são inconsistentes com as obrigações do USMCA do México”, disse a porta-voz da ministra do Comércio Internacional do Canadá.

Em resposta, o presidente mexicano negou as acusações de que as políticas energéticas de sua administração infringem os termos do USMCA. AMLO disse que a questão energética não foi trazida à tona em seu recente encontro com Biden, ocorrido na semana anterior em Washington. O mexicano criticou as contestações estadunidenses: “Nós estamos agindo de acordo com o interesse público, defendendo o povo mexicano contra empresas gananciosas acostumadas a roubar”, afirmou. E continuou: “Eles [ultraconservadores] achavam que eram donos do país […] O argumento de usar energia limpa para fazer negócios sujos não funciona mais”.

Na sexta-feira (22), AMLO afirmou em sua coletiva de imprensa diária que “não cederemos”. Em entrevista à Reuters, porém, a subsecretária de Comércio Exterior do México, Luz María de la Mora, revelou que espera que as conversas com os EUA avancem: “Queremos aproveitar esta fase de consultas […] para ver como podemos chegar a uma solução mutuamente satisfatória por meio de um diálogo aberto, franco e construtivo, que nos permita superar essas diferenças”.

As normas do USMCA estabelecem que as consultas entre as partes devem acontecer 30 dias após o pedido do requerente, salvo decisão contrária do México, ou dos EUA. Caso eles não resolvam o assunto por meio de consultas dentro de 75 dias após o requerimento estadunidense, os EUA podem solicitar o estabelecimento de um painel de controvérsias.

Na sexta-feira (22), o recém-eleito presidente da Colômbia, Gustavo Petro, encontrou-se com a delegação dos EUA enviada a Bogotá. Na conversa, foram abordados temas como mudanças climáticas, desenvolvimento econômico, combate a narcóticos e relações com a vizinha Venezuela. Reiterou-se que quaisquer conversas relacionadas ao acordo de promoção comercial EUA-Colômbia serão conduzidas pelo representante comercial dos EUA. Após a reunião, Petro compartilhou com a imprensa seu contentamento: “Este é um encontro positivo, porque mostra o interesse que existe do governo dos Estados Unidos na América Latina e na Colômbia”.

Na sexta-feira (22), em declaração do Departamento de Estado, os EUA acusaram o ex-presidente do Paraguai Horacio Manuel Cartes de envolvimento em corrupção e obstrução de investigação criminal transfronteiriça. A designação pública é feita sob a Seção 7031(c) do Departamento de Estado, Operações Estrangeiras e Lei de Dotações de Programas Relacionados de 2022. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que “essas ações permitiram e perpetuaram o envolvimento recentemente documentado de Cartes com organizações terroristas estrangeiras e outras entidades designadas pelos EUA”. Em suas redes, o ex-presidente paraguaio negou as denúncias feitas pelos EUA: “nego e rejeito o conteúdo das acusações, considero-as infundadas e injustas”.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, esteve na XV Conferência de Ministros de Defesa das Américas, em Brasília. Na terça-feira (26), Austin discursou em defesa do Estado de Direito e da Carta Democrática Interamericana e afirmou que as Forças Armadas das Américas devem estar sob “firme controle civil”.

220727-D-TT977-0012 | Secretary of Defense Lloyd. J. Austin … | FlickrSecretário americano da Defesa, Lloyd. J. Austin III, em encontro com seu homólogo brasileiro, general Paulo Sérgio, na 15ª Conferência de Defesa de Ministros das Américas (CDMA), em Brasília, em 27 jul. 2022 (Crédito: DoD/Chad J. McNeeley)

Na quarta-feira (27), encontrou-se com o ministro da Defesa do Brasil, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, para uma reunião bilateral, na qual reafirmaram o compromisso mútuo com a relação de defesa EUA-Brasil e com um possível aprofundamento da cooperação regional. Discutiram, ainda, os esforços para fortalecer os laços bilaterais de defesa por meio de exercícios militares dos EUA e do Brasil, inclusive no Atlântico Sul. Para além da agenda militar, Austin usou o encontro para dar continuidade aos esforços de Biden de reiterar a confiança de Washington na Justiça Eleitoral brasileira e defender as instituições democráticas do país diante das afirmações do presidente Jair Bolsonaro quanto às eleições que ocorrerão em outubro.

Uma delegação dos EUA foi enviada por Biden para a Colômbia. Na quarta-feira (27), a Embaixada dos EUA em Bogotá assinou junto ao vice-presidente e à ministra das Relações Exteriores da Colômbia um protocolo de emenda ao Acordo de Transporte Aéreo EUA-Colômbia de 2011 (o ATA). Essa emenda adiciona ao ATA direitos de tráfego da 7ª Liberdade do Ar – dos direitos de aviação comercial – para serviços aéreos de carga dos EUA e da Colômbia, e está prevista para entrar em vigor após uma troca de notas diplomáticas. Segundo a nota emitida pelo Departamento de Estado dos EUA, essa medida bilateral permitirá que “as transportadoras aéreas dos EUA fretem serviços de carga entre a Colômbia e um terceiro país sem a necessidade de realizar uma escala comercial nos Estados Unidos”.

China e Rússia, por Carla Morena e João Bernardo Quintanilha

“Não vemos sinais de que a Rússia esteja preparada para engajar em vias diplomáticas significativas”. Essas foram as palavras do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, depois que o chanceler russo, Sergei Lavrov, retirou-se no meio da reunião do G20, em Bali, Indonésia, na sexta-feira. Com planos de dar continuidade às negociações já propostas pelo G7, a reunião em Bali foi completamente dominada pela temática da guerra na Ucrânia, aprofundando o isolamento da diplomacia russa, com repercussões políticas e econômicas para o país. O rublo tem sofrido intensas flutuações em relação ao dólar, tendo se desvalorizado em até 17% em curto período de tempo e suscitando preocupação dos analistas com a saúde da economia russa. No sábado (9), Blinken anunciou um pacote de apoio militar à Ucrânia de cerca de US$ 400 milhões.

A medalhista olímpica estadunidense Brittney Griner foi considerada culpada por acusações relacionadas a drogas em uma corte próxima de Moscou. O Departamento de Estado dos EUA classificou sua detenção como errada. Torcedores do Phoenix Mercury pediram que seja solta, temerosos de que esteja sendo usada politicamente, tendo em vista as disputas que envolvem a guerra da Ucrânia.

De acordo com declarações de Blinken, o presidente Joe Biden e o presidente chinês, Xi Jinping, devem conversar novamente nas próximas semanas. Essa afirmação veio no sábado (9), após um telefonema de cinco horas entre Blinken e o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi. As discussões se deram em torno das problemáticas envolvendo a guerra da Ucrânia e as relações abaladas entre os Estados Unidos e a China, principalmente após a era Trump. Ambas as partes qualificaram a conversa como produtiva, servindo de base para a futura ligação entre os chefes de Estado dos dois países.

Na segunda-feira (14), a Casa Branca revelou planos de Teerã para envio de centenas de drones para a Rússia na guerra da Ucrânia, incluindo modelos capazes de efetuar disparos de misseis. O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, afirmou que esse apoio poderia alavancar as capacidades de Moscou para localizar e destruir armamento ocidental na Ucrânia.

Na quarta-feira (16), a Marinha norte-americana navegou um destróier perto das Ilhas Paracel, no Mar do Sul da China, alegando ser uma patrulha visando à liberdade de navegação. O “USS Benfold” manteve “os direitos, liberdades e usos legais do mar”, declarou a Sétima Frota dos Estados Unidos. Essas operações, que visam à contenção da presença chinesa no Indo-Pacífico, são tomadas pelo governo chinês como desestabilizadoras. Para o coronel da Força Aérea do PLA e porta-voz do Comando de Teatro do Sul, Tian Junli, “as ações militares dos Estados Unidos infringem seriamente a soberania de segurança chinesa, prejudicaram seriamente a paz e a estabilidade no Mar do Sul da China, e violaram seriamente o direito internacional e as normas de relações internacionais”.

“Nas últimas semanas, mais de 30 das instalações logísticas do inimigo foram destruídas e, por causa disso, o potencial ofensivo das forças russas tem sido significativamente reduzido.” Essa declaração foi feita pelo porta-voz do Exército ucraniano, general Oleksandr Motuzianyk, ao descrever as vantagens adquiridas pelo Exército ucraniano com as armas obtidas do Ocidente, principalmente os mísseis de longo alcance. As armas em questão são o sistema de mísseis de artilharia High Mobility Artillery Rocket Systems (HIMARS, na sigla em inglês), que tem alterado a balança da guerra. O ex-comandante das tropas separatistas ucranianas Igor Girkin declarou que “os sistemas aéreos de defesa demonstraram ser ineficazes contra os maciços ataques dos mísseis HIMARS”. Ainda será visto se a utilização desses novos armamentos alterará o curso da guerra.

Na terça-feira (19), a China alertou que tomaria medidas fortes, se a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a democrata Nancy Pelosi (D-CA), visitasse Taiwan, no que seria a delegação de mais alto nível a visitar a ilha em 25 anos. Segundo o jornal Financial Times, Pelosi teria feito planos de levar a delegação a Taipei em agosto. O ministro chinês das Relações Exteriores afirmou que a viagem “teria forte impacto negativo na fundação política das relações entre China e EUA” e acrescentou que “se os EUA insistirem em seguir o caminho errado, a China definitivamente tomará medidas resolutas e enérgicas para defender firmemente sua soberania nacional e integridade territorial”. Taiwan recebeu inúmeras visitas de delegações estadunidenses recentemente, sobretudo após o Taiwan Travel Act, sancionado por Donald Trump em março de 2018. A China, por sua vez, enviou número recorde de aviões de guerra para as proximidades de Taiwan, conforme as tensões se elevaram ao patamar mais alto nas décadas recentes.

Na quarta-feira (20), o presidente Joe Biden praticamente desaconselhou a possível viagem da presidente da Câmara a Taiwan. Biden afirmou que os militares estadunidenses acreditam que essa “não é uma boa ideia” no momento. Entretanto, as tensões entre os países seguiram elevadas, pois na quinta-feira (21) um destróier da Marinha dos EUA navegou pelo estreito de Taiwan pela terceira vez em uma semana, em águas reivindicadas pela China.

Em entrevista na quarta-feira (20) para a mídia estatal russa, o chanceler Sergei Lavrov afirmou que a estratégia de Moscou havia mudado após o Ocidente fornecer armas de longo alcance aos ucranianos: “Não podemos permitir que parte da Ucrânia controlada por Zelensky […] possua armas que ameaçariam diretamente nosso território”.

No sábado (23), o Departamento de Estado emitiu um comunicado, no qual condenou o ataque russo ao porto ucraniano de Odessa. A nota enfatiza que o ataque ocorreu 24 horas após finalizado o acordo que permitiria a retomada das exportações agrícolas ucranianas e que a Rússia “violou seus compromissos ao atacar o porto histórico pelo qual grãos e exportação agrícola seriam novamente transportados sob o acordo”.

Os presidentes Joe Biden e Xi Jinping conversaram por telefone na quinta-feira (28). De acordo com o comunicado oficial, a conversa retomou pontos importantes do último telefonema entre ambos, em 18 de março. Um tema relevante discutido foi o atual impasse entre China e EUA, no que diz respeito a Taiwan. Sobre isso, o comunicado afirma que “(…) o presidente Biden ressaltou que a política dos Estados Unidos não mudou e que os Estados Unidos se opõem fortemente aos esforços unilaterais para mudar o status quo ou minar a paz e a estabilidade em todo o Estreito de Taiwan”. A possível visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, tem elevado a tensão entre os países. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da China, “Pequim retaliará com medidas contundentes se a presidente da Câmara dos EUA prosseguir com sua viagem a Taiwan”. Até o momento, está incerto se Pelosi visitará ou não o país insular, mas, cientes dos riscos envolvidos, fontes militares afirmaram que o Pentágono está elaborando planos que envolvem movimentação de forças e recursos na região do Indo-Pacifico, tendo em vista a proteção da presidente da Câmara.

Em meio às complicações na guerra da Ucrânia, o secretário Antony Blinken e o ministro Lavrov se encontraram na sexta-feira (29) em Estocolmo, Suécia. Essa reunião foi pautada pela liberação de nacionais americanos e pela manutenção do comércio de grãos russo-ucranianos para o Ocidente. Outra temática importante foram as anexações russas, sobre as quais Blinken declarou expressamente que não reconhecerá a legitimidade. Posteriormente, o secretário americano expôs: “Era muito importante que os russos ouvissem diretamente de nós que isso não será aceito – e que não somente não será aceito como resultará na adição significativa dos custos que estão sendo impostos sobre a Rússia”.

Defesa e Segurança, por Yasmim A. M. Reis e Rafael Seabra

O secretário Antony Blinken irá para Bali, no encontro do G20, uma viagem que incluirá Indonésia e Bangcoc (6-11). Blinken pretende reforçar as alianças internacionais dos Estados Unidos e enfrentar questões globais, como insegurança alimentar e energética, além do “desafio russo à ordem internacional” representado pela guerra da Ucrânia. Em paralelo ao G20, Blinken se encontrará com o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin III, e o ministro da Defesa da Austrália, Richard Marles, encontraram-se no Pentágono na quarta-feira (13). Além de reafirmarem a solidez dos laços entre seus países, Austin destacou o compromisso mútuo na “forte resistência para conter a injustificável e não provocada invasão da Ucrânia”. Ambos manifestaram tristeza pelo assassinato do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, a quem Lloyd atribuiu uma visão para a região que se encontra ameaçada pelas “ações disruptivas e desestabilizadoras da China, que ameaçam afetar nossos valores, interesses e convicção conjunta de que todos os Estados devem ser livres para escolher seus caminhos sem coerção ou intimidação”.

Leia também: Letter to the Speaker of the House and President pro tempore of the Senate regarding the War Powers Report

De acordo com informação publicada no West Australian sexta-feira (15), a Austrália escolherá o tipo de submarino nuclear que irá adquirir no ano que vem. A Marinha Real Australiana poderia estar interessada no modelo Astute-Class britânico, ou no USS Viriginia Class, dos Estados Unidos. A aquisição decorre da assinatura do pacto de segurança trilateral Aukus (na sigla em inglês) com Estados Unidos e Grã-Bretanha, que levou a Austrália a sair de seu contrato para produção de submarinos com a França em setembro de 2021.

O Departamento de Defesa anunciou na sexta-feira (22) que o secretário de Defesa Lloyd Austin III iria ao Brasil para participar da 15ª Conferência de Defesa das Américas (CDMA, na sigla em inglês). As delegações discutirão desafios regionais compartilhados e oportunidades em “atmosfera de diálogo aberto e confiança mútua”. Austin defendeu, ainda, o controle civil sobre as forças de segurança, afirmando “… o papel dos militares em uma sociedade democrática, incluindo o respeito pelas autoridades civis, processos democráticos, e direitos humanos”.

Também na sexta, o Departamento de Defesa anunciou US$ 270 milhões em assistência de segurança adicional para a Ucrânia. O pacote inclui quantidades extras de sistemas de armamentos e equipamentos que os ucranianos têm utilizado no campo de batalha.

Durante a semana, o secretário Austin e os ministros de 21 países das Américas se reuniram em Brasília para a 15ª Conferência dos Ministros da Defesa das Américas (CDMA), com o objetivo de discutir questões de defesa e segurança que são de alta prioridade para os parceiros e aliados na região. De acordo com Austin, os poderes autocráticos estão minando a ordem internacional estável no continente. Ele também reafirmou a importância de se estreitar a discussão acerca da dissuasão integrada e informou que o Departamento de Defesa aplicará mais de US$ 115 milhões de investimento nesse setor no ano fiscal de 2023.

O Pentágono permitirá que soldados ucranianos feridos sejam tratados em instalações militares dos Estados Unidos. O secretário de Defesa Lloyd Austin havia aprovado verbalmente a diretriz em maio, formalizando-a em memorando de 29 de junho. O tratamento será permitido, caso não haja outra instalação disponível na Ucrânia, ou nas proximidades.

Os chefes de Defesa de Estados Unidos e Coreia do Sul concordaram em intensificar os exercícios militares e reiniciar o diálogo para dissuasão ampliada. O ministro da Defesa da Coreia, Lee Jong-sup, e o secretário Lloyd Austin se encontraram na sexta-feira (29) em Washington, onde se comprometeram a “responder severamente e em conjunto às ações provocadoras da Coreia do Norte”.

220729-D-BN624-0233 | Secretary of Defense Lloyd J. Austin I… | FlickrMinistro da Defesa da Coreia do Sul, Lee Jong-sup, e o secretário Lloyd Austin se encontraram na sexta-feira (29), no Pentágono, em Washington, D.C. (Crédito: DoD/Lisa Ferdinando)

Em nota, a Casa Branca informou que os membros do Aukus, grupo formado por Austrália, Reino Unido e Estados Unidos, reuniram-se recentemente no Pentágono e na Casa Branca, onde as delegações encontraram-se com o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan. A nota enfatiza que está em progresso o programa destinado a fornecer submarinos de propulsão nuclear para a Austrália, mas que estes terão apenas armamentos convencionais. Nesse sentido, o projeto estaria avançando em “consulta próxima” com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Economia e Finanças, por Ingrid Marra e Marcus Tavares

Os chamados hedge funds fecharam o semestre com perda acumulada de quase 6% em 2022. No mês de junho, o índice teve perdas em todas as suas quatro categorias (equity, event-driven, macro e relative value), ainda que algumas tenham experimentado ganhos relativos acumulados para o semestre. Especialistas acreditam que a volatilidade do mercado, altos níveis de inflação, aumento das taxas de juros, o conflito entre Rússia e Ucrânia, aumento dos preços dos combustíveis e uma possível recessão econômica são os principais fatores para justificar esse comportamento.

E houve aumento dos lucros dos bancos para o segundo trimestre. Analistas preveem crescimento dos lucros bancários em até 17% anuais, principalmente por conta dos preços de commodities e de moedas de preço fixo. Ao mesmo tempo, esses números refletem o baixo desempenho do mercado de hipotecas, com expectativa de cortes no número de trabalhadores no setor. Após o aumento em 0,75% das taxas de juros por parte do Fed (Banco Central dos EUA) em junho, as taxas de empréstimo mais comuns (fixas de 30 anos) chegaram a 5,3%, um aumento significativo frente às taxas de 2,9% no mesmo período de 2021. Economistas antecipam que o mercado imobiliário deve passar por uma queda de 13,5% durante o ano de 2022, com uma baixa de 42% na criação de novas hipotecas, o equivalente a US$ 2,6 trilhões.

Os títulos públicos dos Estados Unidos atraíram US$ 2,72 bilhões em julho, na contramão do mês anterior. Para títulos do Tesouro com taxas fixas, a entrada de capital foi de US$ 5,68 bilhões, a maior desde 2018. Já os fundos do tipo global equity tiveram uma saída de capitais equivalente a US$ 7,74 bilhões, que se somaram aos US$ 8,92 bilhões da semana anterior. Os fundos do setor da saúde tiveram a maior entrada de capitais, com o equivalente a US$ 1,07 bilhão, enquanto fundos de setores mais seguros acumularam US$ 64,78 bilhões – o que reflete o clima de incerteza e medo da performance dos mercados para as próximas semanas.

A China acusou os EUA de “terrorismo tecnológico” pela pressão do governo dos Estados Unidos para impedir que a ASML Holding NV e a Nikon Corp. vendam tecnologias-chave para fabricação de chips para a China.

Na quarta-feira (13), o Bureau of Labor Statistics (agência responsável por coletar dados da economia e do trabalho nos EUA) publicou os dados referentes à inflação norte-americana. O índice de preços ao consumidor registrou inflação de 9,1%, sendo que a estimativa dos economistas era de que a inflação fosse de 8,8% para o período. A inflação registrada é a maior desde novembro de 1981. Os preços subiram 1,3% de maio para o mês de junho, após um aumento de 1% de abril para maio. Retirando-se os itens voláteis que apresentam preços mais suscetíveis a variações, tais como alimentos e energia, a inflação “núcleo” aumentou 0,7% em junho, superando o aumento de 0,6% registrado para o mês de maio. Para o período de 12 meses, o aumento do núcleo foi de 5,9%, próximo dos 6% relatados no mês de maio. A nova alta de preços tende a fazer com que o Fed aumente as taxas de juros em um ponto percentual. Além disso, os dados divulgados devem ser amplamente usados por republicanos contra o presidente Biden e o Partido Democrata – incluindo culpar os democratas por aprovar um pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão no ano passado e esforços para impulsionar gastos adicionais em um amplo pacote climático e econômico conhecido como Build Back Better (“Reconstruir Melhor”, em tradução literal).

O programa Trade Adjustment Assistance for Workers (TAA, na sigla em inglês), destinado a ajudar aqueles trabalhadores que perderam seus empregos por causa da globalização e do comércio, expirou em 1º de julho, e o Congresso dos EUA tem divergido sobre sua renovação. Democratas alegam que os republicanos estão bloqueando os esforços para autorizá-lo novamente. O Departamento do Trabalho estimou que milhares de trabalhadores já perderam o acesso à assistência de reciclagem e outros recursos federais que eram ofertados pelo programa há décadas.

O Departamento do Trabalho estimou que cerca de 4.500 trabalhadores perderam os benefícios dos programas desde que o TAA expirou, e a expectativa é que esse número cresça rapidamente. “Posso dizer que esse número é apenas um começo”, disse o secretário assistente interino da Administração de Emprego e Treinamento do Trabalho, Brent Parton. “Poderemos ver quais serão os números e o impacto geral do programa nas próximas semanas e trimestres”. Segundo Parton, os participantes do programa normalmente estão em seus empregos há vários anos, tendendo a ser mais velhos e com nível educacional mais baixo do que o comum na força de trabalho civil atual, o que significa que “eles precisam de serviços e benefícios robustos para recuperá-los”.

O programa atendia cerca de 100 mil pessoas anualmente e, segundo o Departamento do Trabalho, foi usado por mais de cinco milhões desde sua criação, em 1974. Mais de 75% daqueles que participam do TAA saem do programa e encontram um novo emprego em seis meses, de acordo com Parton.

O mercado de trabalho dos Estados Unidos dá sinais de que está desaquecendo. O crescimento do emprego está diminuindo, os pedidos de seguro-desemprego estão aumentando, e várias grandes empresas estão suspendendo os planos de contratação. Há indicativos de que mais empresas estão cortando empregos em vários setores. A rede de lojas de conveniência 7-Eleven demitiu 880 funcionários corporativos no Texas e em Ohio. Segundo a Bloomberg News, a Ford estaria planejando oito mil demissões nas próximas semanas. A fabricante de carros elétricos Rivian está demitindo 700 empregados; a startup de entregas Gopuff, 1.500; e o credor hipotecário LoanDepot está cortando 4.800 este ano.

Os EUA registraram diminuição no número de vagas de emprego ativas em várias plataformas on-line. Os pedidos iniciais de seguro-desemprego aumentaram em sete mil na semana passada, e 51%, em relação a meados de março, embora ainda estejam perto de baixas históricas, segundo os dados do Departamento do Trabalho.

O desaquecimento do mercado de trabalho se relaciona com as políticas que tentam combater a inflação vivenciada nos EUA. É esperado que o Fed continue a aumentar as taxas de juros para desacelerar a economia o suficiente para controlar a inflação. O grande desafio é não conduzir a economia do país a um quadro de recessão e a perdas generalizadas de empregos, uma vez que as sucessivas elevações da taxa de juros exercem influência não apenas na economia do presente, mas também influenciam os investimentos de médio e longo prazo. O Fed espera que a taxa de desemprego aumente gradualmente de 3,6% para 4,1% até 2024, e tenta fazer com que a maior parte da desaceleração resulte em menos vagas de empregos e contratações, em vez de cortes de empregos e demissões. Os dados indicam que os trabalhadores estão buscando empregos extras para pagar pelo gás e por comida.

Na terça-feira (25), um projeto de lei bipartidário para reforçar a fabricação doméstica de semicondutores e aumentar a competitividade dos EUA frente à China foi aprovado em importante votação no Senado. O projeto inclui cerca de US$ 52 bilhões em financiamento para empresas estadunidenses produtoras de chips para computadores. O presidente Joe Biden pediu que o Congresso aprove a lei “o mais rápido possível”.

Na quarta-feira (27), o Fed aumentou a taxa de juros em 0,75 ponto percentual pela segunda vez consecutiva, como medida para conter a inflação, ao mesmo tempo em que procura evitar uma recessão. A medida vem a confirmar as expectativas sobre novo aumento da taxa de juros.

The Fed 1 | Federal Reserve System Headquarters, Washington,… | Flickr(Arquivo) Sede do Fed, em Washington, D.C., em 30 mar. 2008 (Crédito: Adam Fagen)

A taxa de empréstimo overnight de referência foi elevada para um intervalo de 2,25% a 2,5%. Essa taxa mensura os custos de financiamento bancário sem garantia e é calculada usando transações de fundos federais, certas transações de Eurodólar e de depósitos domésticos. Os aumentos em junho e julho representam a ação consecutiva mais rigorosa desde que o Fed começou a usar a taxa de fundos overnight como principal ferramenta de política monetária no início dos anos 1990. Embora a taxa de fundos federais afete de modo mais direto o que os bancos cobram uns dos outros por empréstimos de curto prazo, ela influencia os custos de hipotecas ajustáveis, empréstimos para automóveis e cartões de crédito. O aumento leva a taxa de fundos ao seu nível mais alto desde dezembro de 2018.

Na quinta-feira (28), o presidente Joe Biden reiterou que os EUA não estão em recessão, dando sua interpretação sobre os dados de um relatório do governo, segundo o qual a economia dos EUA encolheu novamente no segundo trimestre.

O presidente argumentou que há “sinais de progresso econômico”, inclusive no mercado de trabalho e nos gastos do consumidor. Biden disse que era esperado um crescimento mais lento em comparação a 2021, em meio à recuperação econômica do país da pandemia da covid-19. Nesse sentido, seria “consistente com a transição para um crescimento estável e inflação mais baixa”. Para Biden, ao se “olhar para o nosso mercado de trabalho, gastos do consumidor, investimento empresarial, também vemos sinais de progresso econômico no segundo trimestre”.

Embora muitos entendam que dois trimestres seguidos com diminuição do Produto Interno Bruto (PIB) configuram um quadro de recessão, apenas o National Bureau of Economic Research, um grupo privado e apartidário, tem a autoridade para declarar oficialmente que os EUA estão em recessão.

Meio Ambiente e Energia, por Lucas Amorim e Rafael Seabra

A energia nuclear foi, por anos, alvo de resistência de setores ambientalistas e se tornou um passivo político para os líderes que a defendiam. Segundo matéria do jornal The New York Times, a dificuldade em atingir metas de geração de energia limpa e, ao mesmo tempo, substituir modais de produção baseados em combustíveis fósseis fez o modal atômico passar a receber apoio bipartidário. Em estados como a Califórnia, onde a única usina nuclear remanescente tem data para fechar (2025), cresce a demanda para que este prazo seja estendido. Em outras jurisdições, além da extensão do prazo de funcionamento, há demanda para construção de novas usinas. Se, por um lado, a energia nuclear não gera gases de efeito estufa, permanece a preocupação ambiental com a produção de lixo nuclear, um problema para o qual ainda não se chegou a uma solução definitiva.

O site de política estadunidense Real Clear Politics publicou na quarta-feira (6), em seu setor de energia, uma análise sobre a política energética dos Estados Unidos. Segundo o artigo de Angelique Talmor e Thomas J. Duesterberg, caso o país opte pela manutenção da atual política energética, a resistência europeia à agressão russa e a relação transatlântica serão colocadas em xeque. A conclusão controversa da análise é que a política energética do governo Biden é ambígua e tenta, ao mesmo tempo, conciliar a eliminação da produção de combustíveis fósseis no médio prazo e ampliar a produção desses mesmos combustíveis para ampliar sua oferta aos aliados europeus. Os autores entendem que o governo deve abandonar a ambição de fazer a transição da economia dos EUA em direção à neutralidade de emissão de carbono.

A perspectiva de uma recessão global generalizada levou os preços futuros do petróleo a caírem abaixo de US$ 100 pela primeira vez desde maio. Caso a tendência continue, consumidores dos Estados Unidos podem ver os preços da gasolina caírem até 65 centavos de dólar por galão. O preço da gasolina, que chegou a ser negociado em certos estados a até US$ 7 por galão, agora passa a ser negociado a valores abaixo de US$ 5. A queda do preço também reduz a pressão sobre o governo Biden e o Partido Democrata, especialmente tendo em vista as eleições legislativas (midterms) em novembro.

A política energética do governo Biden vem sendo questionada, ainda, em relação às sanções impostas à Rússia. Em vez de isolar a economia russa, as sanções têm colocado países não aliados da OTAN, como China, Índia e até mesmo o Brasil, como principais clientes dos recursos energéticos russos, financiando o esforço de guerra de Moscou. Ao mesmo tempo, a medida tem prejudicado a economia dos países europeus, que não veem a produção dos Estados Unidos como substituta perfeita das importações de gás russo. Em artigo publicado na quinta-feira (7) no think tank Carnegie Endowment for International Peace, Yukon Huang afirma que, diferentemente do que o senso comum pode indicar, a situação dos mercados de energia estaria ainda mais caótica, caso países asiáticos como China e Índia aderissem ao embargo.

Artigo publicado na revista de divulgação científica Scientific American alerta que são escassas as chances de se atingir as pouco ambiciosas metas climáticas dos Estados Unidos para 2030, tendo em vista a decisão da Suprema Corte no caso West Virginia vs EPA e pela paralisia legislativa que o país enfrenta. Apesar do pessimismo, há analistas que ainda acreditam na possibilidade de que os objetivos sejam alcançados por meio de alternativas legislativas e regulatórias.

A secretária americana da Energia, Jennifer Granholm, e seu homólogo australiano, Chris Bowen, afirmaram em uma coletiva de imprensa em Sidney que é necessário que os países desenvolvam independência na produção de tecnologia de aplicação ambiental. Segundo ambos, a dependência em relação à China para a produção de insumos que vão desde baterias a células fotovoltaicas coloca tanto os Estados Unidos quanto a Austrália em posição delicada. Os países anunciaram um acordo que promete acelerar o desenvolvimento de soluções climáticas, o que também ajudaria a reduzir a dependência em relação aos combustíveis fósseis fornecidos por países como a Rússia. O encontro também deve ser interpretado como uma virada na política externa ambiental da Austrália, no contexto de troca de um governo formado pelo Partido Liberal, negacionista da mudança climática, por um dominado pelo Partido Trabalhista, mais amigável ao tema.

Um estudo da Faculdade de Dartmouth publicado quarta-feira (13) revela os custos, em termos de destruição global, causados pela emissão de gases de efeito estufa pelos Estados Unidos. Segundo os pesquisadores, atribuem-se perdas na ordem de US$ 1,9 trilhão em PIB global em virtude da poluição estadunidense. O conjunto dos cinco maiores emissores globais – além de Estados Unidos, China, Rússia, Índia e Brasil – é responsável por prejuízos na ordem de US$ 9 trilhões.

A multinacional japonesa Panasonic anunciou investimentos de US$ 4 bilhões para a construção de uma fábrica de baterias para carros no Kansas. A governadora democrata Laura Kelly confirmou os boatos sobre o projeto em coletiva de imprensa na capital do estado, Topeka, cercada de empresários e de outras figuras políticas. Kelly afirma que “o projeto será transformador para a economia do estado, proporcionando um total de oito mil empregos de alta qualidade, que ajudarão mais habitantes de Kansas a criar uma vida melhor para si e para seus filhos”. A fábrica irá produzir baterias automotivas para a Tesla, que aposta, como solução para a crise climática, na substituição dos veículos movidos a combustão por veículos elétricos.

Na quinta-feira (14), o senador Joe Manchin (D-WV) criticou o pacote legislativo ambiental proposto pelo presidente Joe Biden e afirmou não estar pronto para votar em sua aprovação. Se, anteriormente, o posicionamento de um único senador não seria digno de nota, a divisão 50-50 entre democratas e republicanos no Senado torna crucial o voto unânime do partido da situação para a aprovação de medidas do governo. O pacote legislativo é uma versão reduzida do projeto Build Back Better, proposto pelo governo Biden-Harris, que previa originalmente investimentos no valor de US$ 3,5 trilhões em diversos setores, incluindo infraestrutura, meio ambiente e políticas sociais. A recusa do senador democrata complica a meta do governo de reduzir em 50% as emissões estadunidenses até 2030.

Na quarta-feira (20), a Casa Branca divulgou um comunicado, anunciando as ações executivas que o presidente Biden irá tomar para lidar com as questões climáticas. O presidente reitera que a mudança do clima é um perigo claro e presente para os EUA e que, na ausência de ação efetiva do Congresso, ele anunciará nas próximas semanas ações executivas adicionais, por meio das quais pretende criar bons empregos e reduzir o custo de vida, além de proteger comunidades dos impactos climáticos. As ações são voltadas para proteção de comunidades do calor extremo e de perigosos impactos climáticos, redução dos custos de refrigeração para comunidades atingidas por calor extremo e expansão das oportunidades em eólicas offshore. Em discurso em Massachusetts, Biden esteve próximo de declarar formalmente uma emergência climática, o que lhe ampliaria poderes, e afirmou que “a mudança climática é literalmente uma ameaça existencial para nossa nação e para o mundo”.

Leia também: Biden anuncia novas ações climáticas mas mantém declaração de emergência como reserva

Os Estados Unidos deverão plantar um bilhão de árvores para fazer frente à devastação de florestas em virtude da mudança climática. O governo Biden anunciou na segunda-feira (25) que as árvores serão plantadas em milhões de hectares de territórios queimados, enquanto agentes lutam para conter a devastação provocada por incêndios, insetos e outras consequências da mudança climática.

Na quinta-feira (28), o senador Joe Manchin (D-VA) anunciou, de forma inesperada, apoio às principais reformas propostas pelo presidente Joe Biden, incluindo elevação de tributos sobre empresas, luta contra a mudança climática e redução dos custos médicos. Até então o senador rejeitava as propostas, alegando temor de que os gastos poderiam piorar a inflação. Ainda não estão claros os motivos que levaram à mudança na posição de Joe Manchin.

Oriente Médio, por Rafael Seabra

Na segunda-feira (4), o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, afirmou que tiros procedentes das forças militares israelenses “provavelmente” causaram a morte de Shireen Abu Akleh, correspondente da Al Jazeera, em maio. O coordenador de Segurança dos EUA, que lidera uma equipe de coordenação junto a israelenses e palestinos, afirmou, no entanto, que “não há razão para crer que tenha sido intencional, mas sim o resultado de circunstâncias trágicas durante uma operação militar liderada pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) contra facções da Jihad Islâmica palestina”.

No sábado (9), o presidente Joe Biden defendeu sua decisão de visitar a Arábia Saudita. Em artigo no jornal The Washington Post, Biden alegou que seu trabalho é manter o país forte e seguro, conter a “agressão russa” e se posicionar para superar a competição com a China. A viagem suscitou críticas, pois a Inteligência estadunidense apontou o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, como responsável por ordenar o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Cabe notar que, durante a campanha presidencial, Biden defendeu que faria da Arábia Saudita “um pária”.

O Comando Central dos EUA afirmou ter levado adiante um ataque por drones que assassinou Maher al-Agal, o líder do Estado Islâmico na Síria. O coronel Joe Buccino, um porta-voz do Comando Central, afirmou que “a remoção desses líderes do Estado Islâmico irá afetar a capacidade da organização terrorista de planejar e efetuar futuros ataques”.

Na quarta-feira (13), o presidente Joe Biden abriu sua primeira visita ao Oriente Médio desde que tomou posse, reassegurando as lideranças de Israel sobre sua determinação de impedir o crescimento do programa nuclear do Irã. Biden afirmou estar disposto a usar a força como “último recurso”.

Na quinta-feira (14), Estados Unidos e Israel emitiram declaração conjunta, na qual reafirmaram os laços “inquebráveis” entre os países. Os Estados Unidos reiteraram seu compromisso em manter e fortalecer a capacidade de Israel em deter seus inimigos e se defender de qualquer ameaça, ou combinação de ameaças. Em especial, foi ressaltado o compromisso dos EUA em não permitir que o Irã obtenha uma arma nuclear, bem como deter sua ação por meio de proxies como o Hezbollah, Hamas e a Jihad Islâmica Palestina.

Na sexta-feira (15), em Belém, na Palestina, Biden apoiou a solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina, a partir das linhas de 1967, com trocas acordadas. Biden observou, no entanto, que não é o momento para a retomada das negociações de paz, embora afirme que seu governo continuará a tentar fazer o processo avançar.

Ainda na sexta, Biden se encontrou com o príncipe da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, em tentativa de reparar os laços entre seus países. Biden havia expressado na campanha presidencial seu intuito de fazer da Arábia Saudita um pária, tendo em vista seu retrospecto de violações dos direitos humanos. As relações entre os países foram fortemente abaladas pelo assassinato, em 2018, de Jamal Khashoggi, jornalista do jornal The Washington Post crítico do governo saudita. A visita de Biden se dá em um momento de alta recorde do preço do petróleo nos EUA, com expectativa de que o presidente pressione os sauditas a aumentarem a produção.

Os Emirados Árabes condenaram Asim Ghafoor, ex-advogado de Jamal Khashoggi – o dissidente saudita assassinado no consulado da Arábia Saudita em Istambul, em 2018 –, a três anos de prisão, sob acusação de lavagem de dinheiro e de evasão de divisas. A sentença proferida no sábado (16) ocorre um dia após a organização de direitos humanos dos EUA Democracia para o Mundo Árabe Agora (Dawn, na sigla em inglês) lançar um alerta sobre a prisão de Ghafoor.

O secretário de Estado Antony Blinken se encontrou na terça-feira (26) com a família da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh. O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse que o encontro seria uma oportunidade para expressar profundas condolências à família e reiterar a necessidade de responsabilização no caso. A jornalista morreu com um tiro, enquanto cobria uma operação militar israelense na Cisjordânia. Organizações jornalísticas e a ONU indicam a alta probabilidade de que o tiro tenha sido da arma de um soldado israelense. A família acusa o governo Biden de prejudicar os esforços por justiça e responsabilização.

Em coletiva de imprensa na quinta-feira (28), o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, condenou a violência de protestos no Iraque, em que simpatizantes do líder xiita Sadr invadiram o Parlamento. Price reafirmou o “compromisso com um Iraque forte, estável e próspero” e a colaboração dos Estados Unidos com um governo que “coloque a soberania do Iraque e os interesses do povo iraquiano no coração de sua agenda”. Na mesma coletiva, Price afirmou que a proposta capitaneada pelo alto comissário da União Europeia em relação ao programa nuclear do Irã se baseia em um acordo que já estava na mesa e que fora duramente negociado no âmbito do P5+1. Para Price, o Irã é o país que resiste a retornar ao Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), abandonado por Donald Trump em 2018.

Política doméstica, por Rafael Seabra

A Justiça do estado da Geórgia, que investiga a interferência eleitoral de Trump, intimou o senador Lindsey Graham (R-SC) e o advogado Rudy Giuliani, que liderou o esforço legal para anular as vitórias do presidente Joe Biden em diversos swing states. Uma cópia da intimação enviada a Giuliani observa que ele compareceu ao Senado do estado da Geórgia em 3 de dezembro de 2020, tendo testemunhado e documentado evidências “no intuito de demonstrar a existência de fraude eleitoral em múltiplos condados da Geórgia”.

Na sexta-feira (8), o presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva para proteção do direito ao aborto e conclamou os estadunidenses a “votarem, votarem, votarem” em senadores que ajudem a codificar o caso Roe vs Wade, um marco da proteção dos direitos ao aborto nos EUA. A Suprema Corte votou para anular o caso, em decisão que, segundo Biden, “não foi orientada pela Constituição. Não é uma decisão orientada pela História”.

Leia também: Os possíveis laços de Trump com milícias de extrema direita examinados pelo comitê de 6 de janeiro

O governo Biden anunciou na segunda-feira (11) que está informando aos hospitais que irá implementar uma lei federal que requer que médicos estabilizem pacientes sob necessidade de tratamento médico, incluindo realização de aborto, se o médico acreditar que isso é necessário para proteger a saúde da paciente. A nova diretriz para hospitais foi incluída como parte de uma ordem executiva assinada pelo presidente na semana anterior.

Na quarta-feira (13), a FDA, órgão que faz controle de alimentos e medicamentos nos EUA, autorizou a vacina Novavax para covid, na esperança de que a disponibilidade de uma vacina mais tradicional ajude a convencer os céticos que se recusaram a tomar vacinas baseadas na nova tecnologia mRNA.

Um júri federal considerou Steve Bannon, ex-assessor de Donald Trump, culpado por desacato ao Congresso por desafiar uma intimação do comitê de investigação dos ataques de 6 de janeiro. Ao requerer sua cooperação, o comitê mencionou os contatos de Bannon com Trump nos eventos que levaram ao assalto ao Capitólio, em particular sua presença no “quarto de guerra” dos aliados de Trump no Willard Hotel, em Washington, D.C., no dia anterior ao ataque. Para o júri: “Em resumo, o sr. Bannon parece ter desempenhado um papel multifacetado nos eventos de 6 de janeiro, e o povo americano tem o direito de ouvir seu testemunho em primeira mão com relação a suas ações”. Ainda sobre o ataque ao Capitólio, testemunhas afirmaram em audiência ao comitê que investiga o 6 de janeiro que Trump ignorou pedido de seus filhos e de assessores para condenar os ataques. Membros do comitê consideram que há evidências suficientes para acusar Trump de obstrução de processo oficial do Congresso, conspiração para fraudar o povo dos Estados Unidos, ou adulteração de testemunhas.

Na segunda-feira (25), o presidente Joe Biden afirmou que Donald Trump não teve coragem de agir para impedir a insurreição de 6 de janeiro: “… por três horas o ex-presidente derrotado assistiu a tudo ocorrer, enquanto permaneceu sentado confortavelmente no salão de jantar privado do Salão Oval. Enquanto ele fazia isso, corajosos agentes da lei foram submetidos ao inferno medieval por três horas, ensanguentados e cercados por carnificina”.

O ex-presidente Donald Trump retornou à Washington, D.C., na quinta-feira (28). Em discurso no America First Policy Institute, Trump abordou a possibilidade de concorrer novamente à Presidência: “eu concorri à Presidência. Eu ganhei (…) ganhei uma segunda vez e fui muito melhor”. Na semana anterior, em declaração no estado do Arizona, o ex-presidente já havia indicado que poderá anunciar após as midterms, se irá concorrer novamente a presidente em 2024.

 

* Equipe responsável pelos Clippings e Resumos: Rafael Seabra e Yasmin Reis. Contato: rafaelhseabra@gmail.com e reisabril@gmail.com.

Primeira revisão: Simone Gondim. Contato: simone.gondim.jornalista@gmail.com.

Edição e revisão final: Tatiana Teixeira.

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