Política Doméstica

Juíza paralisa investigações do Departamento de Justiça contra Trump

Trump discursa na Conservative Political Action Conference (CPAC), em 15 mar. 2013, em National Harbor, Maryland (Crédito: Gage Skidmore/Flickr)

Por Celly Cook Inatomi*

File:Cannon2021 (004).jpg Wikimedia Commons

Juíza federal Aileen Cannon (Fonte: Wikimedia Commons)

Por mais uma vez, o Judiciário deixado por Donald Trump mostra sua parcialidade. Em 5 de setembro, a juíza federal Aileen M. Cannon, indicada pelo então presidente pouco antes de deixar o cargo, interrompeu as investigações do Departamento de Justiça sobre os documentos ultrassecretos encontrados pelo FBI (Polícia Federal americana) na residência de Trump, Mar-a-Lago, na Flórida.

O argumento que embasa a decisão é que haveria privilégios relacionados ao cargo ocupado pelo republicano e que as investigações poderiam causar grandes danos à sua reputação. Segundo ela, a retenção de alguns documentos por parte do então presidente da República não configuraria necessariamente um crime federal, devendo ser investigado de forma apropriada pelo especialista por ela concedido a Trump para a análise dos documentos.

O Departamento de Justiça poderá recorrer da decisão, mas a análise do caso poderá levar meses, ou até mesmo anos, o que já configura uma grande vitória jurídica para Trump. A demora, ou o atraso, nas investigações se deve não apenas à complexidade da jurisprudência da Suprema Corte sobre a relação entre documentos oficiais e privilégios do presidente da República, mas, principalmente, ao “paredão” construído por Trump no Judiciário federal.

O recurso do Departamento de Justiça irá para a Corte Federal de Apelações do 11º Circuito, que tem seis dos 11 juízes ativos indicados pelo republicano. O caso pode, ainda, subir para a Suprema Corte, também tomada por indicações do GOP. É certo que a Suprema Corte proferiu algumas decisões contrárias ao ex-presidente, mas sua maioria conservadora não tem mostrado muita rapidez para agir, quando uma corte menor erra para favorecer um republicano.

 

Celly Cook Inatomi é colunista do Opeu e pesquisadora colaboradora da Unicamp. Especialista em relações entre política, direito e judiciário, é autora de As análises políticas sobre o Poder Judiciário: Lições da ciência política norte-americana (Editora Unicamp, 2020). Contato: celoca05@yahoo.com.br.

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** Edição e revisão: Tatiana Teixeira. Recebido em 6 set. 2022. Este Informe não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

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