De Sochi, na Rússia, presidente Vladimir Putin conversa com seu homólogo americano, Joe Biden, em 7 dez. 2021, sobre a crise na Ucrânia (Crédito: Mikhail Metzel/Sputnik/AFP)

Resumo da Semana OPEU n 12 Dez 2021 (versão sem imagens)

Por Equipe Opeu

 China e Rússia, por Carla Morena e João Bernardo Quintanilha

Novos testes com um protótipo de capacidade hipersônica foram feitos na China, na sexta-feira, dia 9. O conceito do protótipo idealizado pelo engenheiro chinês Ming Han Tang foi baseado em um projeto, também liderado por Tang, rejeitado pelo governo americano há mais de 20 anos. Essa rejeição do governo americano se deu em um contexto mais amplo de afastamento de pesquisadores chineses dos Estados Unidos, chamado, por alguns destes cientistas, de “limpeza dos chineses”. Muitos analistas consideram que o sucesso do projeto chinês de propulsão hipersônica provém dessa limpeza étnica de acadêmicos chineses do setor aeroespacial americano.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, conversaram por duas horas em videoconferência, em uma tentativa de conter a crise militar que se vem desenhando com a movimentação de tropas russas na fronteira da Ucrânia. De acordo com o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, Biden ofereceu a Putin a escolha entre uma saída diplomática e a imposição de severas sanções econômicas, caso Moscou siga com o suposto plano de invadir a Ucrânia. Quanto às demandas de Putin em relação à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Sullivan comentou que Biden “se mantém com o posicionamento de que os países devem ser livres para se associarem com quem quiserem”. Sobre as sanções que, em 2014, não impediram a anexação da Crimeia por parte da Rússia, Sullivan alertou que “As coisas que não fizemos em 2014 estamos preparados para fazer agora”.

Cúpula pela Democracia, por Eduardo Mangueira

Em 9 e 10 de dezembro, o presidente Joe Biden sediou a Cúpula pela Democracia, na qual buscou cumprir sua promessa eleitoral de fomentar o papel estadunidense enquanto disseminador da democracia, que, segundo ele, foi solapado por seu predecessor Donald Trump. A Cúpula contou com a presença de autoridades de mais de 100 Estados, incluindo ativistas, jornalistas e membros do setor privado. Na reunião, o governo estadunidense prometeu que a quantia de US$ 424,4 milhões seria empregada em um esforço internacional de combate à corrupção, fortalecimento da mídia independente, entre outras ações. Diversas críticas foram feitas ao evento, principalmente por China e Rússia. Esses países questionaram a legitimidade da escolha sobre o que pode ser considerado uma democracia e se os EUA, com seus desafios internos, estão em condições de se preocupar e se intrometer nas demais democracias.

Presidente Joe Biden na abertura da Cúpula da Democracia, no Auditório South Court, no complexo da Casa Branca, em Washington, D.C., em 9 dez. 2021 (Crédito: Susan Walsh/AP)

Economia e Finanças, por Ingrid Marra e Marcus Tavares

Na terça-feira (7), o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou um relatório, segundo o qual a produtividade do trabalho registrou a queda mais acentuada em mais de 60 anos. De acordo com estes dados, a produtividade do setor empresarial não agrícola caiu 5,2% em relação ao trimestre anterior, pior do que a queda de 5% estimada pelo índice. Trata-se da maior queda desde o segundo trimestre de 1960. O resultado aconteceu, porque a produção subiu 1,8%, enquanto as horas trabalhadas aumentaram 7,4%. Os valores pagos aos trabalhadores por unidade produtiva aumentaram 9,6% em relação ao segundo trimestre. Isso refletiu um aumento de 3,9% nas remunerações – decorrente da busca dos trabalhadores por salários mais justos –, combinado com a queda na produtividade. A estimativa do Dow Jones era de 8,4%.

Funcionários do Federal Reserve (o Banco Central dos EUA) observam os dados de produtividade de perto para verificar seu impacto sobre a inflação. Os baixos níveis de produtividade tendem a impulsionar a inflação. Isso acontece porque, à medida que sobem os custos unitários do trabalho, as empresas procuram aumentar os preços para manterem as margens de lucro. A economia americana enfrenta a mais forte tendência inflacionária em mais de 30 anos.

Conforme relatório divulgado na sexta-feira (10), os preços de uma ampla cesta de bens e serviços subiram, o que levou a uma inflação de 0,8% em relação ao mês de outubro, e de 6,8%, em relação ao mês de novembro de 2020. Trata-se do maior nível desde 1982, de modo que as autoridades do Fed devem começar a apertar a política monetária para combater o aumento dos preços.

O número de pessoas que pediram demissão desacelerou em outubro, enquanto as vagas de emprego aumentaram. Segundo relatório divulgado na quarta-feira (8) pelo Departamento do Trabalho, a quantidade de pessoas que deixaram seus empregos caiu 4,7%. Em outubro, 4,16 milhões de trabalhadores pediram demissão, enquanto em setembro foram registrados 4,36 milhões de pedidos. Já a oferta de vagas de emprego se acelerou, ficando um pouco abaixo de seu máximo histórico. Foram ofertadas 11,03 milhões de vagas, sendo que 3,6 milhões delas excedem a procura por empregos. Durante a pandemia do coronavírus, o abandono de postos de trabalho atingiu níveis recordes. Mesmo com a queda de outubro, o nível ainda está 24% acima do registrado no mesmo período há um ano.

Oriente Médio, por Luísa Azevedo

Em entrevista coletiva do Departamento de Estado americano, o porta-voz Ned Price afirmou, na quarta (8/12), que o retorno mútuo a um entendimento entre Estados Unidos e Irã é possível e que a diplomacia continua a ser a “melhor opção”. Para esta “sétima rodada e meia”, nas palavras de Price, as negociações do Plano de Ação Conjunto Abrangente (JCPOA, na sigla em inglês) serão retomadas ainda nesta semana em meio a tensões entre os países.

(Arquivo) O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, em briefing com a imprensa no DoS, em Washington, D.C., em 31 mar. 2021 (Crédito: Carolyn Kaster/Pool via Reuters)

Na quinta (16/12), mesmo com a retomada das negociações indiretas entre os países, o Departamento do Tesouro americano impôs novas sanções a entidades policiais e oficiais iranianos sob alegação de violação de Direitos Humanos. A ação foi criticada pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Saeed Khatibzadeh, que afirmou que “Washington continua a falhar ao entender que ‘fracasso máximo’ e avanço diplomático se excluem mutuamente”. Enquanto isso, membros do governo americano também criticam o avanço do programa nuclear iraniano como forma de influenciar as negociações dos termos do acordo.

Política Doméstica, por Augusto Scapini

No dia 10 de dezembro, Mark Meadows, ex-chefe de gabinete de Donald Trump, entregou ao Comitê legislativo responsável pela investigação da invasão ao Capitólio uma apresentação de slides que detalhou planos de contornar a vitória de Biden nas eleições de 2020. O documento, recebido por Meadows por e-mail, sugeria, entre diversas medidas, a declaração de estado de emergência nacional para manter Trump no poder. Meadows e outros aliados do ex-presidente estão sendo induzidos a cooperar com o Comitê sob a ameaça de acusações criminais por desacato. Apesar da pressão, no entanto, a revista Vanity Fair revela como estes estão fazendo uso da Quinta Emenda Constitucional, que assegura os direitos da população contra a concessão de testemunhos autoincriminatórios, para evitar os questionamentos da investigação. Ainda, a Corte de Apelação decidiu, no dia 12, negar o recurso do ex-presidente que buscava bloquear a entrega dos documentos oficiais do Arquivo Nacional referentes ao ataque. É esperado que, na próxima semana, os advogados de Trump entrem com um novo recurso. Se aceito, ele levará o caso à Suprema Corte. Embora seja composta por três juízes nomeados pelo ex-presidente durante seu mandato, é difícil prever para qual lado a Corte se inclinará.

(Arquivo) Mark Meadows, então chefe de gabinete da Casa Branca de Donald Trump, no Salão Oval, em Washington, D.C., em 30 abr. 2020 (Crédito: Doug Mills/Getty Images)

Ainda sobre Trump, o ex-presidente está sendo requisitado a testemunhar em uma investigação de fraude tributária contra a Organização Trump (Trump Organization, em inglês), que agrupa as centenas de empresas e negócios do ex-presidente. A procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, lidera a investigação e anunciou seus planos para reeleição ao cargo, tendo desistido da campanha para governadora. Desde seu início, em 2016, a investigação incluiu testemunhos de Michael Cohen, ex-advogado de Trump, e, em julho de 2021, acusações criminais contra o diretor financeiro da Organização Trump, Allen Weisselberg. Sobre estas alegações, a Organização Trump denunciou, em um comunicado, estar sofrendo uma “caça às bruxas” com objetivos políticos. O depoimento de Trump foi marcado para 7 de janeiro do próximo ano.

* Primeira revisão: Rafael Seabra. Edição e revisão final: Tatiana Teixeira.

** Para mais informações e outras solicitações, favor entrar em contato com a assessora de Imprensa do OPEU e do INCT-INEU, editora das Newsletters OPEU e Diálogos INEU e editora de conteúdo audiovisual: Tatiana Carlotti. Contato: tcarlotti@gmail.com.

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