Resumo da Semana

EUA e o Resumo da Semana (de 18 a 24 jul. 2021)

A agora secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, em Wilmington, Delaware, em 1º dez. 2020 (Crédito: Andrew Harnik/AP)

Por Equipe Opeu*

América Latina

Contrariando uma de suas promessas de campanha, Joe Biden anunciou, no dia 22, a imposição de novas sanções contra Cuba. Essa é a primeira medida concreta da administração Biden em relação ao governo cubano. A sanção é direcionada aos oficiais do governo que reprimiram os protestos que aconteceram na ilha na semana passada. Durante sua campanha eleitoral, em 2020, Joe Biden prometeu reverter a política de distanciamento e de repressão da ilha cubana, restaurando a aproximação que Barack Obama buscou construir durante sua gestão. Essas sanções demonstram, no entanto, a opção no sentido contrário. Biden também advertiu que estas medidas são “apenas o começo”.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, deixou o Haiti no dia 23. Linda e a delegação estadunidense encurtaram sua visita ao país caribenho após tiros serem ouvidos durante o funeral do presidente haitiano assassinado, Jovenel Moïse. Apesar da breve visita, a embaixadora se encontrou com alguns líderes haitianos na cerimônia, incluindo o novo primeiro-ministro haitiano Ariel Henry e Claude Joseph, que renunciou ao cargo previamente.

Economia e Finanças

Embora as vendas imobiliárias tenham aumentado levemente no mês de junho, os preços permanecem altos e quebram recorde. O preço das casas nos Estados Unidos alcançou 123% dos valores do ano anterior, o que representa 112 meses de alta year-over-year. Importante enfatizar, entretanto, que esse aumento de vendas é referente a casas mais caras. Imóveis avaliados entre US$ 100.000 e US$ 250.000 tiveram uma diminuição de 16% nas vendas, mas aqueles na faixa entre US$ 750.000 e US$ 1 milhão aumentaram suas vendas em 119%. Imóveis avaliados em mais de US$ 1 milhão tiveram um aumento ainda maior, de 147%, em relação ao ano passado.

No dia 23, a secretária do Tesouro Americano, Janet Yellen, solicitou a suspensão do limite de gastos da União “o mais rápido possível”. Caso a medida não seja adotada até 2 de agosto, o Tesouro terá de tomar ações “extraordinárias” para evitar a falência. O pagamento das despesas do próximo ano fiscal, que começa em 1º de outubro, está em risco, de acordo com a carta de Yellen para a presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi (D-CA). A disputa sobre manter, ou não, o teto de gastos dos Estados Unidos é partidária e esteve em alta esta semana. Os republicanos acreditam que os democratas estão tentando passar projetos de lei que aumentam a inflação e os gastos públicos. Até o momento, o limite de gastos está juridicamente definido em US$ 28,5 trilhões.

Também esta semana, o fundador e ex-CEO da Amazon, Jeff Bezos, fez uma viagem suborbital por sua empresa Blue Origin. A fortuna de Bezos aumentou US$ 86 bilhões durante a pandemia, chegando a ultrapassar os US$ 200 bilhões, fazendo dele a primeira pessoa na história moderna com tamanha fortuna. Seus shares de participação em empresas altamente valorizadas durante a pandemia, como Amazon e Zoom, garantiram que cada compra se transformasse em investimento para o passeio espacial. Enquanto isso, empregados da Amazon trabalham em condições desumanas, com metas inalcançáveis, pouca segurança no ambiente de trabalho e poucos intervalos para ir ao banheiro, chegando a fazer suas necessidades em garrafas e sacos plásticos, para garantir a entrega dos produtos dentro do prazo.

Amazon facility workers hold a sign during a protest in Shakopee, Minnesota, July 15, 2019.
(Arquivo) ‘Somos humanos, NÃO robôs’, diz faixa de funcionário da Amazon em protesto em Shakopee, Minnesota, em 15 jul. 2019 (Crédito: Katie Schoolov/CNBC)

Oriente Médio

No dia 23, o presidente Joe Biden conversou com o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani. No telefonema, os presidentes discutiram a situação no Afeganistão e compartilharam a preocupação com as investidas dos talibãs no país. Biden afirmou que os EUA pretendem continuar a ofertar “desenvolvimento e ajuda humanitária”, principalmente para meninas, mulheres e minorias afegãs. Eles também trataram do pedido de US$ 3,3 bilhões para o ano fiscal de 2022, feito pelo presidente americano ao Congresso dos EUA, para atender ao Fundo das Forças de Segurança do Afeganistão. Além disso, Biden reforçou seu envolvimento diplomático na região, em apoio a “um acordo político duradouro e justo” que seja capaz de promover paz, segurança e estabilidade.

Na madrugada de 24 de julho, um drone atacou uma base militar no Curdistão Iraquiano que abriga tropas americanas. A ofensiva aconteceu às vésperas do encontro, no dia 26, entre o presidente Biden e o primeiro-ministro iraquiano, Mustafa Al-Khademi, para tratar de assuntos como a retirada total das tropas americanas do Iraque. Desde o início de 2021, as bases da coalizão internacional, que hospedam aproximadamente 2.500 soldados americanos, sofreram cerca de 50 ataques associados a facções pró-iraquianas que reivindicam o fim da influência dos EUA na região. Na declaração feita pela porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, sobre a visita de Al-Khademi, fica evidente a pretensão de Biden de manter a influência estadunidense, ao colocar o combate do grupo Estado Islâmico (EI) como pauta da reunião bilateral.

Relações Transatlânticas

No dia 21, Estados Unidos e Alemanha chegaram a um acordo sobre a construção e o funcionamento do gasoduto Nord Stream 2. Em declaração conjunta, os países se comprometeram a apoiar a Ucrânia e a aplicar sanções à Rússia, caso este país faça “uso indevido de qualquer gasoduto, incluindo o Nord Stream 2, para atingir fins políticos agressivos, usando a energia como arma”. Reafirmaram ainda a preocupação com a segurança energética europeia e seu compromisso com as metas climáticas defendidas por ambos os países.

Em entrevista coletiva com Merkel na Casa Branca, no dia 15, Biden já havia declarado que, “quando me tornei presidente, [Nord Stream 2] já estava 90% concluído e impor sanções não fazia sentido algum”, cabendo ao governo alemão, portanto, confrontar a Rússia em caso de abusos. O debate sobre o gasoduto é, contudo, apenas um ponto em meio a questões estratégicas mais amplas que dizem respeito às relações entre EUA e Alemanha. Para Joschka Fischer, a Alemanha se encontra em uma situação intermediária, em que não pode buscar total autonomia estratégica, e tampouco pode contar com o tradicional apoio estadunidense do Pós-Guerra, uma vez que a sombra do trumpismo permanece no horizonte.

Merkel, Biden Differ on Pipeline, Agree to Limit Russian Clout - Bloomberg

Merkel e Biden em entrevista coletiva na Casa Branca, em Washington, D.C., em 15 jul. 2021 (Crédito: Alex Edelman/CNP)

Sociedade

No dia 21, as cortes federais no Arkansas e na Virgínia Ocidental suspenderam a efetivação de duas leis que atacam direitos LGBTQ+. No Arkansas, foi suspensa a lei que criminaliza tratamentos hormonais e bloqueadores de puberdade para crianças trans. Já na Virgínia Ocidental, a lei suspensa proíbe estudantes trans de participarem de equipes esportivas conforme suas identidades de gênero.

Em uma carta entregue à Casa-Branca no dia 22, cerca de 150 organizações de defesa dos direitos civis reivindicam que Biden tome medidas mais assertivas em relação às leis de restrição do acesso ao voto. Após o discurso do democrata em defesa dos direitos de voto, as organizações pressionam para que o presidente apoie dois projetos de lei federais com o potencial de combater o avanço republicano na imposição de restrições.

Também no dia 22, a juíza Kristine G. Baker bloqueou temporariamente a efetivação da lei recém-aprovada no Arkansas que proíbe o aborto em quase todos os casos. Neste ano, sete estados aprovaram projetos de lei, banindo a realização do procedimento, mas nenhum foi efetivado.

Ainda no tema dos direitos reprodutivos, no dia 23, o estado do Mississippi entregou à Suprema Corte um pedido para que a decisão Roe vs Wade, que legalizou o aborto no país, seja revogada. Esse será o primeiro grande caso envolvendo o tema do aborto na nova Suprema Corte, da qual fazem parte três juízes conservadores nomeados pelo então presidente Donald Trump.

Apesar de sua promessa de campanha de reduzir a população carcerária em instituições federais, Biden ainda não anunciou medidas nessa direção, passados seis meses de seu governo. E este número deve continuar subindo. A administração Biden anunciou, recentemente, que milhares de pessoas liberadas dos presídios para desacelerar a contaminação por covid-19 podem ser forçadas a retornar, após o fim da pandemia. O Congresso poderia promulgar outra lei, que permitiria ao governo federal mantê-los fora da prisão. A equipe de Biden está hesitante, porém, por causa dos riscos políticos envolvidos, caso crimes graves sejam cometidos por detentos recém-libertos. Cabe ressaltar que o sistema prisional estadunidense encarcera desproporcionalmente pessoas pretas, uma questão atravessada pelo racismo estrutural.

 

Primeira revisão: Rafael Seabra. Edição e revisão final: Tatiana Teixeira.

Assessora de Imprensa do OPEU e do INCT-INEU, editora das Newsletters OPEU e Diálogos INEU e editora de conteúdo audiovisual: Tatiana Carlotti. Contato: tcarlotti@gmail.com.

 

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