(Arquivo) Em visita à Seção 60 do Cemitério Nacional de Arlington, em 14 abr. 2021, Biden homenageia os veteranos de guerra do país. Na mesma data, anuncia sua decisão de uma retirada total das tropas militares dos EUA ainda estacionadas no Afeganistão (Crédito: Yuri Gripas—Abaca/Bloomberg/Getty Images)

Por Equipe Opeu*

Oriente Médio

Em 7 de julho de 2021, a secretário de Imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, divulgou uma declaração oficial, revelando que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e a primeira-dama, Jill Biden, receberão o rei Abdullah II da Jordânia, a rainha Rania e o príncipe herdeiro Hussein em Washington, em 19 de julho de 2021. A visita se dará com o intuito de manter a Jordânia como parceira estratégica dos EUA no Oriente Médio. Na pauta do encontro, estão previstas discussões sobre o apoio político e estratégico deste país aos EUA na região, destacando-se o papel de liderança da Jordânia na promoção da paz e da estabilidade, fatores importantes para a influência estadunidense no território; além do fortalecimento da cooperação bilateral entre os países nos setores econômico, político e de segurança.

Em 8 de julho de 2021, em discurso oficial na Casa Branca, o presidente Joe Biden anunciou a retirada total das tropas do Afeganistão até 31 de agosto deste ano. Segundo Biden, neste caso, rapidez significa a segurança necessária para que as Forças Armadas dos EUA se retirem sem que haja perda de seu pessoal. Ele afirmou ainda que o futuro do Afeganistão é direito e responsabilidade do povo afegão e que o intuito da ocupação americana neste território foi se defender do terrorismo. Assegurou, no entanto, que se comprometeu com o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, a manter a assistência civil e humanitária, assim como a defesa dos direitos humanos na região. A despeito das declarações de Joe Biden, o ex-ministro do Quirguistão Djoomart Otorbaev alerta para o cenário de desestabilização do Afeganistão, com avanços territoriais dos talibãs, em um quadro que gera preocupação para governos na Ásia Central. Após ter dado apoio clandestino aos talibãs como forma de atingir o esforço de guerra estadunidense, a Rússia agora teme a instabilidade. Na mesma direção, a China prevê obstáculos em seus esforços para fazer avançar a Nova Rota da Seda e possível ameaça extremista islâmica na província de Xinjiang.

Relações Transatlânticas

Após Biden convocar a União Europeia (EU) como aliada em suas disputas comerciais com a China, Xi Jinping se reúne com Macron e Merkel, pedindo mais autonomia e cooperação. Na segunda-feira, 5 de julho de 2021, o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, fizeram uma videoconferência com o presidente da China, Xi Jinping. Na reunião, Jinping declarou esperar da UE independência estratégica e um “papel mais ativo nos assuntos internacionais”, além de um ambiente imparcial para as empresas de seu país. Essa declaração do presidente chinês se contrapõe aos esforços de Joe Biden na semana anterior, em meio à Cúpula do G20 (29 de junho de 2021). Nela, o presidente dos EUA teve encontros bilaterais com autoridades de países europeus, como Merkel, propondo fazer frente ao Estado chinês. Cabe lembrar que, ainda em junho, Biden obteve uma vitória diplomática no duro comunicado do G7 direcionado à China.

Presidente chinês, Xi Jinping, em cúpula virtual com presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, de Pequim, em 5 jul. 2021 (Crédito: Xinhua)

Os movimentos de Biden apontam para a continuidade da rivalidade com a China como elemento central da agenda estadunidense, mas em termos distintos daqueles dos anos de Donald Trump, uma vez que busca recompor os laços transatlânticos como parte desses esforços.

Sociedade

As divisões na sociedade estadunidense permanecem profundas. O governador do Texas, Greg Abbott, incluiu pautas conservadoras na agenda da sessão legislativa especial que teve início na última quinta-feira (8 de julho) com previsão de durar 30 dias. Dentre elas, uma restrição sobre o que os professores de ensino básico podem dizer em sala de aula a respeito de raça e racismo, assim como a proibição de estudantes trans de participarem de equipes esportivas de acordo com suas identidades de gênero. Abbott já havia sancionado um projeto de lei que restringe o ensino sobre racismo na história americana e eventos atuais, além de proibir o uso do material do 1619 Project, promovido pela The New York Times Magazine, o qual busca abordar a escravidão e seus legados na sociedade americana.

Economia e Finanças

Em um momento em que os restaurantes estão voltando a abrir, a taxa de pedidos de demissão no setor de serviços alimentícios cresce para 5,7%, em comparação com 2,5% do resultado para o total de setores, em maio. É possível que esteja ocorrendo um feedback em loop, quando as dificuldades em se obter emprego fazem com que menos trabalhadores entrem nesse mercado, agravando o problema inicial.

Apesar da preocupação com a variante Delta do coronavírus, a Bolsa encerrou o pregão com valores recordes na sexta-feira de 9 de julho. Os títulos do Tesouro de 10 anos fecharam com alta de 1,36%, enquanto a S&P 500, a Nasdaq Composite e a Dow fecharam com +0,3%, +0,98% e +0,3%, respectivamente. É interessante pontuar, entretanto, que investidores ainda estão em clima de incerteza em relação à economia global.

Em nota, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) se comprometeu com o suporte econômico à economia doméstica dos EUA. Com a manutenção de baixas taxas de juros, o FED planeja manter o suporte à economia, que ainda se recupera da recessão do ano passado. As taxas, que seguem quase zeradas, são acompanhadas pela compra de US$ 120 bilhões em títulos e contratos garantidos por hipoteca (mortgage-backed securities), de forma a pressionar para baixo as taxas de juros de longo prazo.

Ministros do G20 se reencontram para planejar como combater a evasão fiscal de grandes corporações. Embora Biden tenha proposto uma taxa global corporativa mínima de 15%, republicanos no Congresso já se movimentam para barrar a taxação. Embora o imposto seja um importante passo à frente, Joseph Stiglitz alerta que o diabo está nos detalhes: uma vez que esse valor é menor do que o imposto oficial médio atual, é “até provável que o mínimo global se torne o imposto máximo”. Para que a medida dê certo, é preciso evitar essa convergência descendente global, mas também definir de forma ampla e abrangente os lucros corporativos para conter possíveis novas técnicas de evasão fiscal.

Biden assina ordem executiva que barra atitudes “anticompetitivas” em diversas partes da economia. O presidente dos Estados Unidos enfatizou que o capitalismo verdadeiro depende da livre-concorrência e que as empresas devem agir de modo a proteger trabalhadores e consumidores, e não se engajar em acordos de não-competição. O sistema financeiro também é objeto de medidas de estímulo à competição por parte da administração Biden.

América Latina

EUA pretendem acabar com a imigração irregular advinda da Guatemala. Em visita à Guatemala nesta semana, o secretário do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Alejandro Mayorka, declarou que o governo Biden está trabalhando para pôr um fim à imigração em condição irregular da Guatemala para os EUA. Ainda em sua visita, o secretário participou da inauguração de um centro de recebimento de deportados guatemaltecos, onde o governo estadunidense investiu US$ 1,2 milhão. O secretário se reuniu com o presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, para discutir e reforçar a parceria bilateral entre os dois Estados. Mayorka também se encontrou com o chanceler guatemalteco, Pedro Brolo, entre outros membros do governo.

Secretário estadunidense de Segurança Interna (DHS), Alejandro Mayorkas, discursa no Centro de Recepção de Migrantes, na Guatemala, em 7 jul. 2021 (Crédito: Embaixada dos EUA na Guatemala)

Na visita, o governo da Guatemala solicitou a Mayorka que os migrantes guatemaltecos possam ter acesso ao Status de Proteção Temporária (TPS – Temporary Protected Status). Criado na década de 1990, o TPS concede proteção de deportação e permite o trabalho legal a estrangeiros que, devido a desastres naturais, ou a instabilidades políticas, não possam retornar com segurança para seus países de origem. De acordo com o presidente guatemalteco, a concessão do TPS a seus migrantes aliviaria a pressão na economia da Guatemala, gerada pela pandemia da covid-19, que sofre com o alto número de desemprego.

Após o assassinato do presidente haitiano, Jovenel Moïse, o governo interino do Haiti pediu ajuda militar dos EUA e da ONU para estabilizar o país e ajudá-lo a se preparar para novas eleições. O primeiro-ministro interino haitiano, Claude Joseph, enviou uma carta à ONU, na qual pede que a organização disponibilize tropas militares para ajudar na recuperação do país. Qualquer decisão nesse sentido deve, no entanto, ser autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU. Não é a primeira vez que um presidente é assassinado no país caribenho. Em 1915, o presidente Vilbrun Guillaume Sam foi morto por uma facção que o espancou até a morte. Na época, o então presidente estadunidense, Woodrow Wilson, enviou a Marinha para o Haiti, que ocupou o país militarmente por quase duas décadas. Até o momento, Joe Biden não indicou que oferecerá ajuda militar ao país, informando apenas que enviará oficiais do FBI (a Polícia Federal dos EUA) para colaborar na investigação, já iniciada, do crime contra o mandatário haitiano assassinado.

Primeira revisão: Rafael Seabra. Edição e revisão final: Tatiana Teixeira.

Assessora de Imprensa do OPEU e do INCT-INEU, editora das Newsletters OPEU e Diálogos INEU e editora de conteúdo audiovisual: Tatiana Carlotti. Contato: tcarlotti@gmail.com.

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