América Latina

Seminário INCT-INEU 2020: ‘Governo Trump: discursos e práticas. E agora?’

Por Marcos Cordeiro Pires*

Dentre as atividades do seminário “O Governo Trump, as eleições de 2020 e a crise na política norte-americana” realizadas pelo INCT-INEU, nos dias 7 e 8 de dezembro, debateu-se, na Mesa 3, o discurso e as práticas do governo do republicano Donald Trump.

O evento reuniu especialistas em política externa dos Estados Unidos, como a professora doutora Solange Reis Ferreira, que atualmente faz estágio pós-doutoral no INCT-INEU, o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Marco Cepik, o professor Reginaldo Mattar Nasser, do Departamento de Política da PUC (SP), do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas e pesquisador do INEU, e Roberto Moll Neto, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Campos dos Goytacazes e também pesquisador do INEU. O debate foi mediado pelo professor Marcos Cordeiro Pires, da Unesp, do IEEI-Unesp e também membro do INEU.

A discussão girou em torno das políticas dos Estados Unidos para as diversas partes do mundo. No que tange ao eixo Transatlântico, a professora Solange Reis chamou atenção para a crise na cooperação entre Estados Unidos e União Europeia durante a administração Trump. Já Marcos Cepik abordou os desafios à hegemonia dos EUA representados pela ascensão da China no contexto da Ásia-Pacífico. As mudanças de abordagem frente ao conflito israelo-palestino, o novo relacionamento de Washington com as monarquias do Golfo Pérsico e contenção da influência do Irã na região foram tratadas por Reginaldo Nasser; e, por fim, Roberto Moll buscou analisar as políticas dos Estados Unidos para a América Latina, momento em que ressaltou uma maior assertividade na área de defesa e o aumento das pressões sobre  os inimigos ideológicos da direita norte-americana na região, como Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Apesar de abordarem diversos aspectos da política externa estadunidense, os debatedores concordaram em que não se pode esperar transformações bruscas na política externa dos EUA, sob a administração de Joseph Biden, com relação às prioridades de Donald Trump. Em última instância — alegaram os pesquisadores —, essas políticas refletem os interesses da elite do país e formam um consenso bipartidário, ou seja, entre democratas e republicanos. Há poucos temas em que se pode esperar alguma mudança, como na pauta ambiental e nos assuntos relacionados aos direitos humanos. E, se a expectativa é que não haverá grandes mudanças no foco, especula-se, ao menos, câmbios na forma de abordagem dos problemas, visto que se espera uma maior institucionalização nas negociações, com espaço para o multilateralismo e “retorno” a organizações e acordos internacionais, assim como uma maior previsibilidade para as ações da diplomacia dos EUA.

 

* Marcos Cordeiro Pires é doutor em História Econômica (USP). Livre-Docente em Economia Política Internacional (Unesp). Professor do curso de Relações Internacionais (Unesp-Marília). Coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Unesp (IEEI). Membro do INCT-INEU. Docente dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Marília) e de Relações Internacionais “San Tiago Dantas” (Unesp-PUC-SP-Unicamp). Contato: marcos.cordeiro@unesp.br.

** Recebido em 11 dez. 2020. Este Informe não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

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