Tomada de cidade pelo Talibã complica saída dos EUA
A menos de um ano da retirada das tropas de combate da OTAN do Afeganistão, o Talibã tomou uma grande cidade no norte do país. A captura de Kunduz, no dia 28, é considerada a maior vitória estratégica do grupo desde o início da guerra em 2001. Além disso, a tomada da cidade é vista como ótima propaganda, demonstrando a força do Talibã frente aos EUA. Segundo especialistas, o Talibã dominou Kunduz menos por méritos próprios e mais pela ineficiência das forças afegãs em proteger a cidade. Os números parecem confirmar essa opinião: havia apenas 500 talibãs contra 7 mil soldados oficiais. A investida ocorreu uma semana antes do testemunho do comandante dos EUA no Afeganistão, general John Campbell, em Washington. O depoimento tem como objetivo atualizar os congressistas sobre a situação da guerra e o nível de envolvimento militar ainda necessário para estabilizar o país. Dez mil soldados dos EUA atuam no Afeganistão, sendo 3 mil em operações especiais de contraterrorismo e os demais em treinamento de tropas afegãs. Recentemente, o presidente Barack Obama precisou congelar o plano de retirada de seus soldados e manter o contingente até pelo menos o fim de 2015. Apesar de ceder à pressão do Pentágono, principalmente do secretário de Defesa Ashton Carter, Obama segue afirmando que o último soldado dos EUA deixará o Afeganistão até o final de seu governo. O ataque a Kunduz levou à mobilização da OTAN na área, incluindo parte das forças especiais dos EUA. Mesmo que a OTAN recupere a cidade, a desmoralização das forças afegãs frente à população e aos próprios talibãs é irreversível, o que pode levar à intensificação da guerra.