Situação no Iraque desafia interesses de energia dos EUA
O avanço de extremistas sunitas no Iraque afeta interesses de energia e de segurança dos EUA. Além do risco de aumento no preço do petróleo, o impacto imediato é o ganho de influência da minoria curda. No dia 12, o Governo Regional do Curdistão anunciou o controle total de Kirkuk após forças centrais abandonarem a cidade, que é rica em petróleo. Em maio, os curdos exportaram os primeiros volumes para Turquia via oleoduto. Três navios com petróleo curdo deixaram a Turquia em junho sem destino definido, embora a mídia turca aposte em refinarias italianas e alemãs. Os petroleiros, no entanto, permanecem sem autorização para descarregar em qualquer porto. O motivo seria a oposição da Casa Branca. Embora aumentar o fluxo global de petróleo seja importante, os EUA querem evitar atritos com o governo xiita em Badgá, que nega aos curdos o direito de negociar o petróleo e critica a interferência turca. A crise no Iraque ressurge em momento crítico para a energia na Europa, principalmente na Ucrânia. No dia 16, a russa Gazprom anunciou a suspensão do fornecimento de gás para Kiev por falta de pagamento. A alternativa de curto prazo defendida pelos EUA é a compra de gás liquefeito no mercado mundial pela Ucrânia. Essa solução depende de se vencer a resistência turca a aumentar o fluxo de navegação no Estreito de Bósforo, uma das passagens mais congestionadas do mundo. Para tentar obter uma barganha com Ankara, os EUA podem vir a apoiar a venda do petróleo curdo via Turquia. A iniciativa, porém, representaria um teste difícil para a aliança com Bagdá no momento em que o regime corre risco de desmoronar.