Acordo entre Rússia e China pode afetar planos dos EUA
O acordo de fornecimento de gás entre Rússia e China, assinado no dia 21, deve prejudicar as metas de exportação de gás natural dos EUA e de outros países. A parceria de US$ 400 bilhões, firmada durante visita do presidente russo Vladimir Putin a Xangai, assegura à China um fluxo anual de 38 bilhões de metros cúbicos de gás por 30 anos. O abastecimento só começa em 2018, após a construção dos gasodutos, mas seus efeitos já são debatidos. Com a garantia de oferta russa, a China vai comprar menos gás natural liquefeito (GNL) no mercado global. O fato deve fazer com que os preços caiam no mercado asiático, visto pelos EUA como potencial comprador de seu excedente doméstico. O preço do gás vem atingindo recordes na Ásia, impulsionado pelo consumo de países como China, Japão e Coreia do Sul, responsáveis por mais da metade das importações mundiais de GNL. Para atender a essa demanda, países exportadores de gás aceleram a construção de terminais de liquefação para venda do gás em forma líquida. É o caso dos EUA, que tentam flexibilizar suas restrições legais à exportação do recurso. Sete projetos de terminais de liquefação e exportação já tiveram sua construção aprovada recentemente e outros 20 aguardam permissão do Departamento de Energia. Alguns analistas acreditam que o preço não cairá porque a procura na Ásia continuará robusta. O Japão, que é grande consumidor de energia, enfrenta um revés em seu parque nuclear. Outra aposta é na própria China, que deve usar mais gás para substituir o carvão, principal causador dos níveis alarmantes de poluição no país.