Terminou sem acordo o encontro entre o secretário de Estado John Kerry e o ministro das Relações Exteriores Sergey Lavrov. Os representantes dos EUA e da Rússia se encontraram em Londres, no dia 14, para discutir o referendo que decidirá a independência da Criméia em relação à Ucrânia. Kerry pediu que sua contraparte interferisse para cancelar ou pelo menos adiar a votação. Lavrov disse que a Rússia pode apenas respeitar a decisão da população na Criméia. O parlamento regional já votou a favor da divisão e a população tende a adotar a mesma posição. Quando questionado se a Rússia anexaria a região caso o referendo optasse pela independência, Lavrov respondeu que em política não se age com base em hipóteses. Segundo o ministro, o presidente Vladimir Putin só tomará uma decisão após o resultado da votação. EUA e Rússia divergem totalmente sobre a questão, no que já pode ser considerado o maior atrito entre os dois países desde o fim da Guerra Fria. Para Moscou, o referendo é compatível com as leis internacionais. Já os EUA o consideram uma tentativa ilegítima da Rússia de anexar a Criméia, antigo território russo onde o país opera uma base militar. No dia anterior ao encontro, o Kremlin intensificou a presença militar na fronteira com a Ucrânia após choques entre manifestantes pró e anti-Rússia no país vizinho. O movimento foi chamado de arbitrário pelos EUA, que ameaçam retaliar com sanções. Os EUA ainda não admitiram a possibilidade de reagir com o uso da força, mas a reunião foi considerada em Washington como a última oportunidade de solução diplomática antes do referendo.