Discurso de Karzai aumenta tensão entre Afeganistão e EUA
O presidente afegão Hamid Karzai afirmou, no dia 10, que o Talibã mata civis no Afeganistão para beneficiar os EUA. Na véspera, um ataque suicida em frente ao Ministério da Defesa causou a morte de nove pessoas. Horas antes de se encontrar com o secretário de Defesa Chuck Hagel, em Cabul, o presidente disse que os EUA e os talibãs cooperam secretamente para desestabilizar o governo afegão. A estratégia dos EUA seria criar um cenário instável para justificar a pretensão de manter soldados da OTAN após 2014, prazo final para a retirada. O governo afegão está disposto a permitir que um número reduzido de soldados ocidentais permaneça no país, desde que sem imunidade legal. Karzai não aceita negociar a situação dos soldados com a aliança, exigindo um acordo individual com cada país integrante da coalizão. O discurso do presidente ocorreu dois dias após o Pentágono cancelar a cerimônia de transferência do controle da prisão de Bagram às forças afegãs. Marcado para o dia 9, o evento encerraria uma questão sensível nas relações entre os dois países. A decisão de suspender a transferência teria sido uma resposta à recusa de Karzai, no dia 7, em permitir que os EUA mantenham o poder de decidir sobre a libertação de prisioneiros. Aproximadamente 4 mil detentos afegãos estão sob custódia dos EUA, situação vista pelos afegãos como um desrespeito à sua soberania. Hagel negou as acusações feitas por Karzai, mas evitou criticar o presidente abertamente. O cuidado teria como objetivo evitar acirrar as tensões na fase crucial em que os EUA aceleram a retirada das tropas.