Eleição democrática no Egito é fonte de alívio e dúvida
O presidente Barack Obama parabenizou, no dia 24, Mohamed Morsi pela vitória na eleição presidencial do Egito. O islamita foi o primeiro presidente eleito democraticamente no país, após derrotar o militar secular Ahmed Shafiq. Além de ter apoio do governo provisório, Shafiq foi o último primeiro-ministro no governo do ex-ditador Hosni Mubarak. A Casa Branca receava que a comissão eleitoral não confirmasse o resultado e declarasse o militar como vitorioso. O temor se devia às recentes atitudes da junta militar. Na última semana, a Justiça egípcia dissolveu o Parlamento de maioria islâmica e o governo estabeleceu uma Constituição provisória limitando o poder presidencial. O Exército assumiu responsabilidades do Executivo, como a decisão sobre orçamentos e o poder de declarar guerra. A eleição não garante a posse do presidente eleito, embora o governo afirme que transferirá o poder em julho. Mesmo defendendo a transição democrática, a administração Obama se preocupa com o fato de Morsi ser membro da Irmandade Muçulmana. O grupo tem sua origem na luta contra o colonialismo e na defesa dos valores islâmicos. Uma das principais críticas da Irmandade é sobre a política israelense no Oriente Médio. Washington teme que um regime islâmico rompa o tratado de paz de 1979 entre Egito e Israel, cuja mediação foi feita pelos EUA. Enquanto era líder da Irmandade Muçulmana, cargo ao qual teve que renunciar para se candidatar a presidência, Morsi disse que rever o tratado não era uma de suas prioridades.