Governo admite negociações com o Talibã

O secretário de Defesa Robert Gates reconheceu, no domingo, que EUA e aliados estão em contato com membros do Talibã para negociar o fim do conflito no Afeganistão. Esta foi a primeira vez que um funcionário de alto posto hierárquico admitiu o diálogo com o grupo. A declaração foi feita após o presidente afegão Hamid Karzai afirmar, no dia 18, a existência das conversas no discurso em que também criticou a missão da OTAN em seu país. A cautela das autoridades dos EUA em admitir os encontros se justifica pelo fiasco nas rodadas anteriores de negociação, quando impostores se passaram por líderes talibãs. As novas conversas seriam preliminares e ainda não haveria confirmação de que os interlocutores sejam representantes legítimos do líder do Talibã, Mulá Mohammed Omar. Mesmo com o Departamento de Defesa coordenando as reuniões, Gates acredita que os resultados surgirão apenas em alguns meses. Além disso, o secretário afirmou que a nova iniciativa não terá efeito caso o Talibã não se sinta pressionado militarmente. Às vésperas de deixar o cargo, Gates vem defendendo um ritmo mais lento de retirada das tropas. Para o secretário, os EUA ainda precisam de tempo para colher os resultados dos recursos investidos em 2010, assim como para amadurecer a estratégia de retirada formulada no mesmo ano. No último domingo, o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Michael Rogers (R-MI), declarou que o diálogo com o Talibã é um “desastre na campanha dos EUA no Afeganistão”. Segundo Rogers, a tentativa de buscar uma solução política antes de encontrar uma saída militar evidencia a fraqueza do governo.

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