O New York Times revelou que os Emirados Árabes Unidos contrataram a Reflex Responses por US$ 529 milhões para formar uma força mercenária treinada por ex-militares dos EUA e de outros países ocidentais. A companhia tem sede em Abu Dhabi e pertence a Erik Prince, antigo proprietário da empresa de segurança privada Blackwater. O contingente é composto por colombianos e sul-africanos, entre outros não-muçulmanos, e tem como principais atribuições controlar revoltas internas e defender pontos estratégicos como oleodutos. A ligação de Prince com a Casa Branca e com o Congresso, locais onde trabalhou no passado, traz mais um elemento controverso para a política externa dos EUA na região. A Blackwater fora contratada para proteger diplomatas dos EUA na guerra do Iraque e ganhou notoriedade pelo envolvimento de seus funcionários no assassinato de civis iraquianos. Em meio às contestações legais nos EUA, que levaram a multas de US$ 42 milhões, Prince se desfez da antiga empresa, apesar de manter alguns contratos com Washington. Embora os Emirados Árabes sejam um país aliado, oficiais da administração declararam que a negociação pode representar uma violação à lei dos EUA, que proíbe seus cidadãos de treinarem soldados estrangeiros sem uma licença específica. O Departamento de Estado investiga se a empresa, além de não possuir a permissão, também estaria descumprindo regras referentes à exportação de tecnologia e de conhecimentos militares. A opção pela sede no Oriente Médio teria sido um artifício de Prince para tentar evitar questionamentos legais dessa natureza.