Obama nega haver uma Doutrina Obama
Em discurso no dia 28, Barack Obama justificou a ação na Líbia com base em humanitarismo e interesse nacional, embora reconhecendo que a segurança dos EUA não estivesse ameaçada. O objetivo teria sido evitar o massacre de civis e a desestabilização política na região, explicitamente negando planos de mudar o regime. Contra críticas de que teria demorado a agir ou renunciado à liderança global, Obama disse rejeitar medidas unilateralistas como a que levou George W. Bush a invadir o Iraque em 2003. A declaração suscitou questionamentos sobre uma suposta Doutrina Obama: analistas debatem se existe uma grande estratégia em política internacional e qual seria a sua natureza. Segundo Stewart Patrick, do Council on Foreign Relations, ao adotar o humanitarismo armado, o presidente se aproxima do intervencionismo liberal de Bill Clinton. Em contrapartida, a política de dois pesos e duas medidas em relação a governos ditatoriais apontaria um multilateralismo prudente. Neoconservadores e progressistas intervencionistas – ideologicamente opostos – questionam o porquê de intervir na Líbia e não em outros países, onde a violação dos direitos humanos é igualmente notória e os interesses nacionais mais evidentes, com na Arábia Saudita e no Bahrein. Para o analista James Traub, a contradição indica que Obama age menos por princípios morais do que por objetivos realistas. No dia seguinte ao discurso, o presidente negou a existência de uma Doutrina Obama, e reafirmou que democracia e humanitarismo são princípios invioláveis para os EUA, mas cada país é um caso individual.