Gates teme por eleições prematuras no Egito

Em visita ao Cairo na semana passada, o secretário de Defesa Robert Gates reafirmou apoio à transição egípcia, mas alertou que eleições prematuras beneficiam a Irmandade Muçulmana. Mesmo banido, o grupo manteve-se estruturado durante décadas de onipresença do Partido Democrático Nacional, partido político do ex-presidente Hosni Mubarak. A realização rápida de eleições favoreceria essas duas organizações em detrimento de outros elementos da sociedade civil egípcia. Segundo Elijah Zarwan, analista do Crisis International Group, existe um acordo tácito entre os militares e o grupo islâmico para manter a estabilidade e evitar novas manifestações. Após intensa campanha da Irmandade sobre os riscos de o país tornar-se um Estado secular, 77,2% da população confirmaram o referendo para a realização de eleições legislativas em junho e presidenciais em setembro. Fontes em Washington creem que o grupo obterá até 30% dos votos; oficiais israelenses acreditam que este percentual seja de 40% a 50%. A Casa Branca teme que as inclinações islamistas da Irmandade tornem-se um problema para a sua política externa na região. Gates aproveitou para dizer que o conflito na Líbia não ultrapassará as fronteiras, apesar de rumores de que o próprio governo egípcio forneça apoio logístico aos rebeldes no leste líbio. Dias depois da visita do secretário – que defendeu a manutenção da ajuda militar de US$ 1,5 bilhões anuais ao aliado, os militares egípcios anunciaram o adiamento das eleições parlamentares para setembro.

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